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Estudo sobre primeiras famílias pretas de Brusque é apresentado por historiador

Pesquisa do historiador Celso Deucher começou em 2003

O jornalista e historiador Celso Deucher desenvolveu um estudo sobre as primeiras famílias pretas de Brusque. A pesquisa teve início em 2003, quando começou a levantar dados sobre a origem das famílias. Atualmente, o historiador apresenta o projeto Cores da História em palestras em instituições de ensino.

Celso resume que a família Fortunato é a primeira família preta da história do município, anterior à imigração alemã. Atualmente, conforme o historiador, os descendentes residem no bairro Ponta Russa e na localidade da Nova Itália, em Brusque.

O patriarca Francelino Fortunato era o “garoto de recados” do barão Maximilian von Schneeburg, como define Celso. Angola é o país de origem da família. Em Brusque, eles viviam na região do Moura, que atualmente compreende o município de Canelinha.

Francelino Fortunato, o patriarca dos Fortunato, uma das primeiras famílias pretas de Brusque. Foto: Reprodução

Na verdade, em 1769, ainda antes da chegada dos Fortunato, um casal de escravos, Garcia e Maria, passou dez anos da vida em Brusque. Eles haviam fugido de Florianópolis. Após uma década, como escravos, foram recapturados e levados de volta.

Outro registro de famílias pretas de Brusque é dos Domingos Francisco, conhecidos como Ginócas. Eles chegaram em 1910. De acordo com Celso Deucher, o patriarca da família foi escravo. Uma curiosidade é o casamento entre Lucia Domingos Francisco e Wilson Cipriano, este sobrenome que também é de uma das primeiras famílias pretas da cidade.

Uma das dificuldades durante a elaboração da pesquisa foi encontrar as regiões de origem da família. Celso Deucher identificou não somente o país de origem da família Fortunato, mas também a região. Os Fortunato vieram de Benguela, região no oeste do país, próxima à capital Luanda. A origem dos Cipriano é da Costa da Mina, na Guiné.

Casamento entre Wilson Cipriano e Lucia Domingos Francisco. Foto: Reprodução

“Na semana da Consciência Negra, o mais importante é tomar consciência das histórias dessas pessoas, que também contribuíram e são parte da cidade”, relata.

Celso já realizou um ciclo de palestras sobre o tema em cinco escolas de Ensino Fundamental e cinco escolas de Ensino Médio, contemplado pela lei de incentivo à cultura Paulo Gustavo. Serão realizadas ainda mais duas palestras, para estudantes da escola José Vieira Corte.

Além disso, o historiador preparou um arquivo histórico sobre o tema que servirá de subsídio para estudos dos acadêmicos do Centro Universitário de Brusque (Unifebe), que terão um estudo específico em abrangência local para aprofundar os conhecimentos.

Documentário

A história das primeiras famílias pretas de Brusque se tornou também tema do documentário Vidas Interligadas, dirigido pelo jornalista João Paulo da Silva. O projeto também contará as histórias de comunidades quilombolas de Santa Catarina, fazendo uma relação entre os moradores de Brusque e os quilombolas.

Entre as muitas famílias acolhidas no município, uma delas teve origem ainda no período da escravatura no Brasil e, fugindo da escravização, veio a Brusque para uma nova vida de liberdade. O documentário irá contar a história da primeira família, ainda de escravizados, até as mais recentes.

“É importante pensarmos as cidades sendo constituída pela diversidade cultural que nosso país tem. A realidade é que muitas vezes as pessoas pretas são reconhecidas pela força do trabalho, uma visão utilitarista, mas sem voz para contar as suas histórias”, afirma o diretor.


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