Ex-atleta de seleção volta a Brusque para preparar equipes de ginástica rítmica
Ana Paula Scheffer é medalhista nos Jogos Panamericanos e monta coreografias em diversas partes do Brasil
Ana Paula Scheffer é medalhista nos Jogos Panamericanos e monta coreografias em diversas partes do Brasil
A Associação Brusquense de Ginástica Rítmica (ABGR) se prepara para as competições do ano com o auxílio da ex-atleta Ana Paula Scheffer, medalhista de bronze nos Jogos Panamericanos de 2007 e de ouro nos Jogos Sul-Americanos de 2010 com a seleção brasileira de ginástica. Ela formulou as coreografias que serão performadas nas modalidades solo durante a temporada 2019 e esteve em Brusque de 25 de fevereiro a 1º de março.
Ana Paula começou sua trajetória como treinadora dois anos depois de ter encerrado a carreira de ginasta, em 2011. Ela pretendia parar após Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, mas uma grave lesão abreviou a carreira. Após títulos brasileiro e sul-americano como treinadora da equipe de Cascavel (PR) em 2014, a paranaense passou a ser convidada para montar coreografias em diversas partes do país. Em 2019, além de Brusque, sua agenda inclui Guaratinguetá (SP), Osasco (SP), Natal, São Paulo, Blumenau e Manaus (AM).
Ela une a música pré-definida para cada menina que performa solo com combinações de movimentos, exercícios e aparelhos que se adequem às características da atleta. Desta forma, a coreografia é montada. “Uma hora a gente acha que a criatividade vai acabar, mas não, sempre tem alguma coisa nova para fazer”, relata.
O convite para colaborar com a ABGR partiu do professor da associação, Thiago Coelho, que a conheceu em um campeonato e ficou impressionado com o seu trabalho. Desde 2017 ela monta as coreografias das séries individuais da ABGR.
“No Brasil, existe a cultura de começar na ginástica já a partir dos cinco anos. Eu comecei tarde, só aos nove. Para a ginástica, é uma idade de pré-infantil, de competição, entrar sem saber nada é um pouco mais difícil. É um esporte que exige muito. Equipes não treinam menos de cinco horas por dia, incluindo equipes médias. São muitos detalhes. Um detalhe pode terminar o trabalho de um ano inteiro”, relata Ana Paula.
Estruturas e espaço físico
Os treinos têm sido realizados no pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof, no salão do palco principal da Fenarreco. O projeto de iniciação à ginástica rítmica, que já chegou a ter 100 meninas, está temporariamente desativado por falta de estrutura. A ABGR aguarda ser transferida em breve para o antigo colégio Honório Miranda, na rua Hercílio Luz, Centro. Assim, as crianças poderão conhecer e praticar a ginástica rítmica.
“O pavilhão foi cedido, mas quando chega a época de festa, complica, porque precisamos sair no meio da temporada, buscar outros espaços, há uma quebra. Recentemente, conseguimos o antigo Honório, a prefeitura fez alguns trâmites e conseguiu ceder a quadra para nós”, comenta o professor Thiago Santos Coelho.
A ABGR possui atualmente 45 atletas divididas nas categorias pré-infantil (9 e 10 anos), infantil (11 e 12 anos) e juvenil (13 a 15 anos).
“Chegamos a ter uma atleta na categoria adulto. No entanto, começa a ficar mais difícil conforme a idade avança, por causa da conciliação com o trabalho. Como não há recursos para manter as atletas dedicadas integralmente, elas acabam largando o esporte para sobreviverem. O bolsa-atleta não é pra todas.”
Calendário
A associação disputa uma série de competições, como os campeonatos estadual e brasileiro na categoria infantil, ambos em junho. Outras competições são o estadual juvenil, seguida pelos Joguinhos Abertos de Santa Catarina e pelo campeonato brasileiro individual juvenil, além do brasileiro de conjuntos.
No segundo semestre, a ABGR tentará disputar a seletiva para chegar ao Campeonato Sul-Americano de Ginástica pela segunda vez consecutiva. Neste caso, o convite parte da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).
Próximos passos
No final de 2018, a ABGR teve seu projeto aprovado de acordo com as diretrizes da Lei de Incentivo ao Esporte, que garante isenções fiscais a empresas. O primeiro aporte, de 20% do orçamento, foi concedido pela Havan, e a associação tem até 2020 para buscar mais recursos.
Coelho teme a continuidade dos editais para projetos da Lei de Incentivo ao Esporte. Por isso, prefere segurar a verba investida pela Havan e buscar mais patrocinadores para que a ABGR receba os investimentos de forma certeira.
“Com a extinção do Ministério do Esporte no atual governo, não sabemos o que vai acontecer. Melhor buscar mais empresas e depois poder utilizar a verba concedida, porque pode não abrir edital depois, podemos não ter a oportunidade de contar com este tipo de apoio no futuro”, explica.
Também em 2018, algumas atletas da ABGR chegaram a ir à Bulgária, uma das potências mundiais na ginástica rítmica, para buscar novos aprendizados. Hoje, a ABGR também avalia buscar coreógrafas no país do leste europeu para auxiliar na formação das atletas e compor coreografias.
Conquistas
Em seu quarto ano de atividade, a ABGR coleciona conquistas importantes. O projeto iniciou em 2016, sem grandes expectativas, com um grupo de meninas que vinha de um projeto de iniciação da Caixa Econômica Federal. O 3º lugar nas Olimpíadas Escolares de Santa Catarina (Olesc), no entanto, já mudou as primeiras impressões.
A ABGR acumula títulos estaduais em diversas categorias, já conquistou o campeonato brasileiro de conjuntos, foi duas vezes campeã da Olesc, e em 2018 faturou o Campeonato Sul-Americano de Ginástica Rítmica. A associação também já representou a seleção catarinense nos jogos escolares nacionais.