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Ex-padre de Blumenau expulso da Igreja Católica tenta reverter decisão do papa Francisco

Caso de Alcimir Pillotto ganha mais um capítulo

Está marcado para esta quinta-feira, 15, às 14h, o julgamento de uma apelação no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Nela, o ex-padre Alcimir Pillotto, de 71 anos, tenta reverter a sua expulsão da Igreja Católica, decidida pelo papa Francisco.

A Igreja Católica possui o Tribunal Eclesiástico, que se difere e não envolve a Justiça comum. É nele que são tomadas as sanções internas, tendo a decisão final do Papa. Nesses processos, os sacerdotes acusados são defendidos por outros padres. Eles precisam ter pós-graduação em Direito Canônico e a bênção da igreja.

Pillotto foi acusado de ter violado o segredo de confissão e de ter um relacionamento amoroso com uma mulher. Na época, ela era secretária dele na paróquia Cristo Rei, no bairro Velha, em Blumenau. O caso foi parar no Tribunal Eclesiástico e ele foi exonerado da Igreja, perdendo assim o direito ao Côngruas – uma espécie de salário que os padres recebem – e ao plano de saúde.

Após a expulsão, o ex-padre Pillotto foi embora de Blumenau. Na época, agosto de 2020, os fiéis da paróquia Cristo Rei ficaram revoltados com a mudança. A Polícia Militar precisou ser acionada por conta de uma confusão que se formou.

Em reportagem de 2020, membros da igreja apontaram que alguns fiéis estavam deixando de ir por conta das mudanças sem explicações e que queriam apenas “saber a verdade” do caso.

Justiça Comum

Sem possibilidade de recorrer no Tribunal Eclesiástico, o ex-padre Alcimar Pillotto está tentando reverter a situação na Justiça comum. Os advogados do caso são Telemaco Marrace e Karla Cristine Aquino, que atuam em um escritório de Blumenau.

Marrace explica que Pillotto não teve direito ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Segundo ele, o padre que o defendeu não teve tempo para dar os esclarecimentos.

“Ele foi defendido pelo Padre Eduardo, mas antes de apresentar a defesa, saiu a decisão do Papa, unilateralmente (…) No processo canônico a decisão papal é incontestável, não tem como recorrer, então ele perdeu tudo sem ter direito de se defender”, explicou Marrace.

“Não estou dizendo que a Igreja ou o Papa não são competentes para julgar. São, mas mesmo tendo um direito interno, a Igreja se submete às leis do país, eles têm CNPJ, eles se isentam de impostos por conta da constituição. Então minha tese é que como nossa constituição define, ele precisa ter o direito de ampla defesa e contraditório, algo que não teve. Por isso estamos pedindo que isso seja dado a ele, através do Tribunal de Justiça de Santa Catarina”, argumentou o advogado.

Defesa

Ele ainda afirmou que as acusações são infundadas e que com as defesas apresentadas a inocência poderá ser comprovada. Sobre o fato com a secretária, ele alegou que Pillotto trabalhava com ela há muitos anos. Inclusive em outras paróquias e cidades.

As explicações estão apontadas na defesa encaminhada ao TJ-SC, e acessadas com exclusividade pelo jornal O Município.

“Ela era altamente qualificada, graduada em História e Psicologia, mas fazia todo tipo de trabalho, desde manutenção da casa até elaboração de projetos (…) Muitos padres têm secretários, na maioria homens, mas com o Padre Pillotto surgiu esse entrevero e desconfiança, por ela ser mulher, o que é um preconceito absurdo, sendo que nunca foi advertido e aceitavam que morassem na mesma residência”, diz trecho da apelação.

Atualmente a ex-secretária mora em Curitiba, no Paraná, e o ex-padre Pillotto em Erechim, no Rio Grande do Sul, com a família. Segundo o advogado, ele está em tratamento de um câncer agressivo e com dificuldades para pagar as contas – motivação extra para buscar a anulação da expulsão e reconquistar Côngruas, de R$ 3,2 mil.

O que diz a igreja católica em Blumenau

Nossa equipe entrou em contato com a Diocese de Blumenau, mas até a publicação da matéria não houve posicionamento. Em 2020, quando o padre foi expulso, o bispo Dom Rafael Biernaski informou que não podia se posicionar por ordens de Roma.

“Importante neste momento é a oração e o silêncio, até mesmo para preservar a boa fama de todos os envolvidos, especialmente o sacerdote em questão”, declarou em um documento enviado ao padre Marcelo Marthendal, na época.

O jornal O Município  segue disponível para os apontamentos da Diocese de Blumenau.

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