Ex-treinador e colegas de Jorginho relembram passagem do jogador por Guabiruba

Revelado em projeto de Guabiruba, Jorginho foi eleito terceiro melhor jogador do mundo em 2021 no prêmio Bola de Ouro

Ex-treinador e colegas de Jorginho relembram passagem do jogador por Guabiruba

Revelado em projeto de Guabiruba, Jorginho foi eleito terceiro melhor jogador do mundo em 2021 no prêmio Bola de Ouro

O volante do Chelsea e da Seleção Italiana, Jorginho, vive momento de auge na carreira. Campeão da Uefa Champions League, Eurocopa e Supercopa da Uefa em 2021, o atleta foi eleito o terceiro melhor jogador do mundo na temporada no prêmio Bola de Ouro, da revista France Football. Ele superou nomes como Cristiano Ronaldo (6° lugar) e Neymar (16°).

Jorginho é natural de Imbituba (SC) e iniciou a carreira no futebol em Guabiruba. Na época, ele precisava ser registrado por alguma equipe profissional, quando o projeto em que ele participava fechou parceria com o Brusque Futebol Clube e Jorginho vestiu a camisa quadricolor.

Guabiruba Calcio

Guabiruba Calcio foi um projeto realizado entre a escolinha de futebol Apaef, atual Afeg, a Prefeitura de Guabiruba e um grupo de italianos. Tratava-se de uma escola de captação de talentos com objetivo de levar jovens destaques para o exterior.

Posteriormente, foi realizada a parceria com o Brusque, em que os atletas do projeto formaram a equipe de base do clube para disputar campeonatos em Santa Catarina, pois o Guabiruba Calcio não tinha vínculos federativos.

Mesmo com a parceria e com os atletas do projeto sendo considerados da base oficial do Brusque, os jovens jogadores e a comissão técnica eram membros do projeto. Tanto é que as despesas, como transporte, por exemplo, também ficavam por conta do Guabiruba Calcio.

“Ele era diferenciado”, diz ex-treinador

Os atletas passavam por uma avaliação e ficavam alojados em Guabiruba, em um local proposto pelo projeto. Era necessário que os jovens tivessem, também, bom desempenho escolar. Sendo assim, participavam dos treinos e estudavam, conforme explica Márcio Cesari, que foi um dos treinadores de Jorginho em Guabiruba.

“Jorginho foi um dos atletas que, depois de uma avaliação, ficou alojado em Guabiruba. Ele teve boa adaptação com o grupo e era esforçado nos trabalhos propostos. Nos trabalhos táticos e técnicos, era possível notar que ele era diferenciado, principalmente na parte técnica. Era habilidoso, determinado a chegar no objetivo”, diz.

Márcio, como treinador do projeto por um período, afirma que fica feliz ao ver o sucesso de Jorginho atualmente, um atleta que foi revelado pela iniciativa em Guabiruba e, posteriormente, partiu para a Itália, se profissionalizando no futebol e conquistando os principais títulos da Europa.

Divulgação

“Foi um período de muito aprendizado para o Jorginho. Ele passou por muitas dificuldades, também. Como treinador, eu tinha que entender o processo de cada atleta, as expectativas, o comportamento, o dia a dia e os problemas pessoais que existiam naquela época. Nada atrapalhou o desejo que ele tinha de ser um jogador profissional. Eu fico feliz por ter feito parte deste processo”, diz Márcio.

Os volantes de Imbituba e Tubarão

Um dos ex-colegas de Jorginho que passou pela mesma experiência em Guabiruba é Diego Búrigo. Eles moraram juntos no alojamento do projeto Guabiruba Calcio. Mas, antes, foram adversários no torneio da Associação Catarinense de Escolinhas de Futebol (Acef), competição realizada até os dias atuais.

Antes de chegar em Guabiruba, Jorginho era da escolinha do Vila Nova de Imbituba. Búrigo fazia parte do time do Figueirense de Tubarão. Eles dividiam a mesma posição dentro das quatro linhas e jogaram um contra o outro por cerca de dois anos. Se tornaram amigos quando chegaram em Guabiruba. Jorginho entrou no projeto no início de janeiro de 2006 e Búrigo cerca de 20 dias depois do companheiro. Ambos despertaram interesse de olheiros.

Divulgação

Eles, entretanto, não jogaram juntos no ano em que iniciaram no Guabiruba Calcio, pois eram de categorias diferentes. Búrigo jogava no Juvenil e Jorginho, por ser mais novo, estava no Infantil. Porém, no ano seguinte, Jorginho subiu de categoria e eles passaram a jogar juntos.

“Ele já era um menino diferenciado. Tecnicamente era um dos melhores que tínhamos no nosso grupo, tanto é que o que ele se destaca hoje em dia é na questão técnica, porque ele não é um atleta forte. Ele joga uma Premier League, que são pessoas fortes que jogam. O Jorginho era muito ‘franzino’, muito magro”, relembra o amigo.

Búrigo conta ainda que os jovens do projeto foram treinados durante um período, por meados de 2006, por um técnico italiano que veio até Guabiruba para ensiná-los um pouco das características do futebol no exterior. De acordo com ele, o europeu valorizava questões de disciplina, como, até mesmo, chegar cedo para treinar, e toda a parte de treino tático, o que teria auxiliado na formação de Jorginho como jogador.

“Tenho certeza de que 50% do que o Jorginho joga hoje em dia, tanto tecnicamente quanto taticamente, ele aprendeu em Guabiruba. Ele era um jogador muito inteligente, jogava nos atalhos, sabia a hora de dar o bote (atacar) e sabia que não poderia ir para a trombada (colisão entre jogadores) porque ele era magro”, afirma.

Carona para o Sul

O tubaronense lembra ainda que Jorginho tinha bastante amigos no período em que jogou em Guabiruba e era apelidado de “seco”, por ser magro. Búrigo conta, também, que, por morarem em cidades próximas, cerca de 40 quilômetros de distância, chegaram a voltar juntos uma vez por mês para visitar a família na cidade natal.

“Já tiveram vezes em que o pai dele, que era taxista, veio nos buscar [em Guabiruba] e nós dividimos o valor da gasolina para ir embora. Eu ia até Imbituba e de Imbituba pegava o ônibus até Tubarão”, diz.

Garra nos treinos em Guabiruba

Outra pessoa que acompanhou o desenvolvimento de Jorginho foi João Neto, ex-lateral direito do Brusque. Ambos foram formados na base do quadricolor por meio do projeto. Apesar de não serem tão próximos à época, pois eram de categorias distintas, João Neto lembrou do período em que o volante do Chelsea esteve na região.

“O Jorginho já tinha qualidade técnica, mas acredito que o maior diferencial dele quando jovem era a capacidade mental. Ele era muito esforçado e não se importava muito com o que as pessoas falavam”, pontua.

Além disso, João Neto comentou algumas das características do jogador à época, sendo uma delas o esforço que ele tinha nos treinamentos. Segundo o ex-colega de Jorginho, o volante não dispensava treinos em que os demais não gostavam de fazer, envolvendo força física.

“Quando era treinamento físico, Jorginho se sobressaia muito. Tinha uma resistência física muito boa. Quando ele era jovem, os meninos chamavam ele de ‘puxa-saco’, porque o treinador passava o treino físico e a grande maioria dava o famoso ‘migué’, mas ele não, ele treinava mesmo”, brinca.

Um dos treinamentos realizados em Guabiruba era o de corrida. Segundo João Neto, os jovens participavam de uma espécie de maratona. Na ocasião, atletas do Juvenil largavam antes que os do Juniores. Em uma corrida em específico, João Neto pretendia ultrapassar todos os jovens que já haviam largado. Entretanto, relembra que o único que não conseguiu alcançar foi Jorginho, que terminou muito a frente.

De Nápoles a Londres

Quando Jorginho deixou o Napoli e fechou com o Chelsea, o Brusque recebeu uma quantia por ser o clube profissional em que o atleta iniciou. De acordo com o diretor de Futebol, André Rezini, o pagamento foi feito em parcelas. O clube recebeu cerca de 400,2 mil euros (€) referentes à venda do volante, equivalente a R$ 1,9 milhão, aproximadamente.

Segundo dados do setor financeiro do Brusque, a primeira parcela foi paga no dia 26 de agosto de 2018, sendo o maior valor, de 200,1 mil euros. No dia 12 de agosto de 2019, o clube recebeu a segunda parcela, de 100 mil euros. No mesmo dia no ano seguinte, a terceira parcela foi paga no valor de pouco mais de 100 mil euros.

“O Jorginho se trata de um grande atleta em nível mundial, um jogador de Seleção Italiana, e, para o Brusque, foi muito importante, pois além de entrar verbas [com a transferência], também colocou o nome do Brusque para visibilidade de todo o mundo. Ele, além de um baita profissional, é merecedor de todas estas conquistas”, celebra o diretor.


Receba notícias direto no celular entrando nos grupos de O Município. Clique na opção preferida:

WhatsApp | Telegram


• Aproveite e inscreva-se no canal do YouTube

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo