Exemplo para os jovens
João Ricardo, ou simplesmente JR, dá aulas de História e Filosofia em três escolas de Brusque
“Ser professor é ser sonhador de uma sociedade melhor, de uma sociedade sem corrupção, de uma sociedade ética e com moral”. Com esta frase, João Ricardo, 45 anos, ou simplesmente JR – como é chamado por seus alunos – define a profissão que decidiu seguir ainda na adolescência.
Vindo de uma família de agricultores, ele nunca se contentou em ficar e seguir a profissão dos pais. Sempre buscou algo a mais e, por isso, decidiu investir na educação. “Quando eu era pequeno, lembro que eu vinha da escola com o caderno dentro de um saco de açúcar e imaginava que só estava indo visitar meu pai, já tinha o objetivo de sair da roça”, conta.
Natural do interior do município de Abelardo Luz, no Oeste do estado, JR começou a sonhar em ser professor quando entrou no seminário em Chapecó, onde cursou o Ensino Médio. Ainda adolescente, largou tudo e foi morar longe dos pais com o objetivo de estudar e se tornar professor. Conseguiu. Após muito esforço, passou no vestibular para Filosofia e veio morar e estudar em Brusque. “Me sinto uma pessoa vitoriosa, muito orgulhoso da minha profissão”.
Há 20 anos, ele exerce a importante missão de ensinar. Atualmente, leciona Filosofia e História na Escola de Educação Básica Dom João Becker, no Jardim Maluche, na Escola Augusta Dutra de Souza, no Limeira e também na Educação de Jovens e Adultos (Eja), no Paquetá. São 60 horas de trabalho por semana, dividido entre as três escolas.
Para ele, uma das principais características da profissão é a necessidade de se desafiar o cotidiano. “É preciso estar ciente de que a todo momento têm coisas novas, temos que estar sempre atualizado e mais: ser cativante”, diz. “A cada dia parece que vai afunilando, fazendo com que o professor tenha que se aperfeiçoar mais, está cada vez mais difícil”, completa.
É preciso estar ciente de que a todo momento têm coisas novas, temos que estar sempre atualizado e mais: ser cativante
Em uma época dominada pela instantaneidade da tecnologia e marcada por diversos problemas sociais, o professor precisa estar atento a tudo e encontrar formas de conquistar o aluno. “Hoje, nos deparamos com muitos problemas familiares, a própria sociedade faz com que se tornem alunos angustiados e essa angústia cabe ao professor trazer para o bem”.
JR faz questão de aliar a teoria com a prática. Em suas aulas, os estudantes estão sempre desenvolvendo projetos e, assim, acabam tomando gosto em adquirir conhecimento.
Um dos projetos mais conhecidos do professor é o que ele realiza com as turmas de Ensino Médio da Escola Dom João Becker. Todos os anos, os alunos montam e encenam o espetáculo da Paixão de Cristo.
“Não é exclusivamente pela questão religiosa, a gente trabalha contextualizando a parte histórica e depois fechamos como teatro. Tudo é feito pelos alunos e isso acaba envolvendo eles de uma maneira diferente”.
O professor é extremamente realizado pelo caminho que escolheu, mas lamenta que seja uma profissão tão desvalorizada. “Não é só a questão financeira, é o reconhecimento, o respeito. Vivemos hoje numa sociedade vazia de valores e isso acaba refletindo dentro da escola. Se o professor está na sala de aula, atuando, é porque ele gosta, porque ele quer estar lá. Quem não gosta, não fica”, diz.