Exploração ilegal de palmito na região causa prejuízos à reprodução da espécie
Parque Nacional da Serra do Itajaí frequentemente recebe denúncias de contrabando no local
O corte ilegal de euterpe edulis, popularmente conhecido como palmito-juçara, já gerou diversos autos de infração emitidos pelo Parque Nacional da Serra do Itajaí. Frequentemente, a direção do local recebe várias denúncias da prática irregular. Classificada como uma espécie vulnerável à extinção, a planta é muito visada pelo seu alto valor de mercado.
Rotineiramente, a chefe do Parque Nacional da Serra do Itajaí, Rosária Sena, conta que são feitos monitoramentos da área e fiscalizações. “Estas dependem da condição climática, pois tem locais de difícil acesso. Mas quando tem uma denúncia não importa se tem sol ou chuva, se vai ao local para fazer o levantamento”.
Rosária explica que, quando uma pessoa é identificada e autuada, a área em que foi mexida é embargada para que o responsável pela degradação a recupere. Além disso, é aplicada multa e a pessoa responde a um processo criminal, que é encaminhado para a Justiça Federal.
“Tem muitas pessoas que, além de extrair o palmito, danificam a área que é utilizada para estudo ateando fogo, por exemplo”.
O biólogo Rodrigo de Souza revela que em Brusque existem diversas terras com plantio do palmito-juçara, desde localidades do interior até áreas centrais. “Ao mesmo tempo, tem muito corte irregular, contrabando do palmito e, geralmente é feito pelas pessoas que moram mais próximas dessas áreas plantadas”.
Caule da bananeira
O biólogo alerta para os cuidados na compra de palmitos contrabandeados que colocam em risco a saúde. “Se não for bem esterilizado, feito de maneira correta, pode trazer malefícios, pois tem a salmonella e outras bactérias que podem causar até a morte”.
Ele ressalta que além dos prejuízos à saúde, existem as imitações da espécie, como o caule da bananeira preparado e vendido como palmito. “Eles cozinham junto ao palmito para pegar o sabor. Eu já vi fazendo. Fica bem semelhante”, conta.
Por isso, Souza orienta que se evite consumir palmito em conserva que não tenha rótulo com a marca, que seja sem procedência e não apresente data de validade, fabricação e tenha problemas na embalagem, como tampa estufada, entre outros. “Os riscos para a saúde são realmente graves”, frisa.
Categoria vulnerável
O palmito-juçara, em Santa Catarina, está na lista dos produtos em extinção. Entretanto, a planta pertence à categoria vulnerável, ou seja, está no primeiro estágio do processo de extinção.
“Para se tornar extinto é preciso mais passos, mas é classificado dessa maneira para que desde já se tenha mais cuidado, pois assim há possibilidade de se conservar por mais tempo na natureza”, diz o biólogo.
Ele complementa que a existência da espécie é muito importante para a manutenção da fauna e flora. “A planta serve como alimento para diversas espécies animais da fauna, especialmente os pássaros. Sem ela, eles ficarão sem comida e deixarão de polinizar outras árvores nativas”. Além disso, o palmito é uma planta que leva anos para crescer.