Um padrão frasal muito interessante…

Salve, galera!! Hoje vamos falar sobre estilística da frase, pessoal! A gente sabe que frase é todo enunciado suficiente  por si mesmo pra estabelecer comunicação, e como estamos tratando do universo das dissertações-argumentativas,  a ideia é considerarmos um padrão de oração com duas, três linhas de extensão. Por que esse padrão de extensão da sentença? Porque uma das formas de conferirmos clareza ao nosso texto é justamente este: trabalhar o tamanho – a extensão – dessas frases; pra evitarmos os períodos muito longos, que comprometam, que atrapalhem o entendimento.

É pouco provável que você tenha percebido, mas a maioria das boas redações apresentadas em concursos vestibulares e no ENEM é constituída por uma soma que oscila entre 10 e 20 frases. Se formos pensar em um texto formado por 4 parágrafos, não raro esses parágrafos são formados por 3 ou 4 períodos cada. Em geral, o primeiro parágrafo – a apresentação – e o último parágrafo – a conclusão – são um pouco menores. Os dois parágrafos centrais, no entanto, dedicados ao desenvolvimento da argumentação, são mais densos, trazem mais informação e, por isso mesmo, acabam tendo mais frases em sua formação: frequentemente têm 5 ou 6 frases cada um.

 

Ilustração: Freepik
Ilustração: Freepik

Logo, é importante termos em mente que nossa tarefa é elaborarmos, em média, 14, 15 frases que deem ao corretor uma noção muito clara das razões por que defendemos aquelas ideias. O mais interessante de todo esse processo é constatar que muitos desses períodos têm finalidades muito parecidas. O início de cada um desses parágrafos, por exemplo, frequentemente é marcado por frases que apresentam o tópico – a ideia principal – a ser desenvolvido em cada parágrafo. Assim, a cada início de parágrafo teremos uma frase dedicada a apresentar esse aspecto, também chamado de tópico frasal.

Justamente por isso é interessante conhecermos uma estrutura básica para a formação de frases em nossa língua: trata-se da ORDEM DIRETA DA FRASE, ou da sequência formada por SUJEITO, VERBO e COMPLEMENTO. Analisando centenas de redações selecionadas em concursos da FUVEST, é possível perceber como os candidatos aos vestibulares dessa instituição adotam esse modelo SVC. São centenas de redações iniciadas com uma frase relativamente curta, marcada pela objetividade e por essa capacidade de tornar claro ao leitor, depois da primeira lida, qual o ponto interessante a ser desenvolvido naquele parágrafo do texto.

Vejam alguns exemplos extraídos de redações da FUVEST, mais especificamente do concurso de 2000:

 

  • “A construção de imagens sobre pessoas teve seu início na arte rupestre.”  
  • “A Cultura pode ser considerada como principal meio de proteção ou dominação de um povo.”
  • “A chegada do novo milênio trouxe esperanças de um mundo melhor.”
  • “O fim do século XX foi marcado pelo descrédito tanto de capitalistas como de socialistas.”

 

 

Os quatro exemplos foram extraídos do início das redações da FUVEST e são formados sobre a estrutura em três partes de que falamos, o SVC. Dessa forma, as partes anteriores aos verbos (grifados e sublinhados) apresentam os sujeitos das orações, enquanto as partes posteriores aos verbos são os complementos. Por ora, deixemos em segundo plano uma análise mais detalhada do núcleo do sujeito e de outras partes constituintes; melhor nos atermos ao fato de que essa primeira parte carrega consigo os sujeitos das quatro frases.

Também é importante perceber que esse modelo da ordem direta da frase pode ser trabalhado aos poucos, com a reelaboração das casas um (sujeito) e três (complemento). Assim, a princípio pode-se pensar em aumentar a informatividade dessas casas, enriquecendo o conteúdo da mensagem que se quer passar ao leitor. Uma expressão como “o novo milênio”, por exemplo, poderia ser enriquecida com o acréscimo de “chegada”, resultando em “A chegada do novo milênio(…)”. Uma expressão como “descrédito”, por exemplo, poderia ser enriquecida com o par correlato “tanto de capitalistas como de socialistas”; e assim por diante.

É imperativo que melhoremos nossa forma de elaborar as frases, que tenhamos consciência de que as sentenças não “nascem prontas”; elas vão sendo trabalhadas, vão sendo aperfeiçoadas até que se atinja o ponto almejado. Nunca é demais salientar: você não tem a obrigação de escrever 14 ou 15 frases brilhantes; deixe isso para os profissionais. Seu intuito deve ser buscar a clareza, argumentar com objetividade e, sobretudo, tornar a leitura muito fluida, com seus argumentos bem encadeados. Essa é a melhor forma de garantir uma boa nota nesses concursos de que falamos.

Até mais, pessoas! Recomendo uma olhada 

nos grandes textos encontrados no site da FUVEST.

Professor Deschamps