Falta de manutenção prejudica abastecimento de água

Relatórios da Agir mostram vários pontos deficitários desde a captação até o abastecimento da Casan em Guabiruba e Botuverá

Falta de manutenção prejudica abastecimento de água

Relatórios da Agir mostram vários pontos deficitários desde a captação até o abastecimento da Casan em Guabiruba e Botuverá

A Agência Intermunicipal de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos Municipais do Médio Vale do Itajaí (Agir) entregou aos prefeitos de Botuverá, José Luiz Colombi, o Nene, e Guabiruba, Matias Kohler, os relatórios de fiscalização do sistema de abastecimento de água dos dois municípios.

Os relatórios, iniciados em julho deste ano, averiguaram o trabalho realizado pela Companhia Catarinense de Água e Esgoto (Casan) nas duas cidades, elencando os principais problemas encontrados nos sistemas de captação, tratamento e abastecimento de água.

De acordo com o relatório, 51% dos itens analisados pela Agir em Guabiruba não estão em conformidade com os padrões de saneamento. A maioria dos problemas estão relacionados à estrutura e manutenção dos equipamentos e serviços.

Já em Botuverá, o relatório apontou que 74% dos itens analisados estão fora de conformidade. Novamente, os pontos mais críticos foram com relação à higienização, limpeza e manutenção da estrutura da Casan no município.
Com isso, a agência reguladora estipulou um cronograma com prazos para que as adequações necessárias nos sistemas das duas cidades sejam regularizadas. “Todo mês vamos verificar o que foi feito pela Casan, é uma fiscalização linear, ou seja, a fiscalização já foi feita, geramos um espelho que apresentou esses problemas. Agora, começaremos a avaliar se estão resolvendo, e se não estão, vamos cobrar e saber por quê não foram resolvidos”, destaca o diretor geral da Agir, Heinrich Luiz Pasold.

De acordo com ele, o principal problema encontrado na avaliação dos dois municípios é a falta de controle da qualidade da água. “Hoje, podemos afirmar que Botuverá e Guabiruba são as situações mais graves com relação a água nos municípios que fazem parte da Agir. A Casan está com dificuldade de caixa e com isso, sem agilidade para resolver os problemas”, diz.

Pasold destaca que com o documento, os municípios poderão cobrar efetivamente as melhorias no sistema da empresa. “Já estamos conferindo e dando prazos e depois vamos iniciar a cobrança”.

Ele ressalta que a partir do momento que todos os prazos para as melhorias forem definidos, a Casan poderá receber sanções, caso não os cumpra. “Vamos acompanhar, cobrar, se a Casan não cumprir, terá que nos apresentar justificativas, e se não for convincente, terá multa e também poderá ser penalizada na hora que for pedir o reajuste das tarifas”.

Guabiruba

Entre as principais irregularidades encontradas durante a vistoria técnica em Guabiruba, a maior parte é de execução imediata, e vai desde a pintura das paredes e higienização correta dos espaços, até o conserto de vazamentos e aumento da capacidade dos reservatórios. “Propomos ações de curto, médio e longo prazo. Porém, a Casan já pediu a revisão de alguns prazos, tanto em Guabiruba, como em Botuverá. Vamos levar para a análise dos prefeitos e só então teremos o cronograma correto”, destaca Pasold.

No relatório de Guabiruba, o que mais chamou a atenção foi a grande quantidade de vazamentos de produtos químicos, e também os remendos realizados em alguns desses locais. “A falta de estrutura é o principal problema. No relatório, procuramos apontar todos os pontos fora do padrão para que tudo seja organizado e se mantenha em conformidade”, diz Pasold.

O prefeito Matias Kohler analisou o relatório do município e espera que a Casan execute todas as melhorias solicitadas. “De acordo com o relatório é preciso que a Casan realize várias ações. Algumas mais imediatas e outras de médio e longo prazo. O que observamos é a falta de cuidados e de manutenção em todo o sistema do nosso município”, diz.

O prefeito destaca que a Casan já iniciou algumas melhorias no município. “Foi aprovado melhorias na casa de química do Lageado Baixo, que foram apontados neste relatório da Agir. Já começaram a trabalhar no Lageado Baixo na semana passada”.

O trabalho no local faz parte do anúncio de melhorias anunciadas pelo presidente da Casan, Valter José Gallina, no fim do mês de setembro. No localidade, será realizada a reforma civil e hidráulica da casa de química, instalação de bancada para o laboratório, ampliação para o armazenamento de produtos químicos e instalação de novo sistema de dosagem. Os investimentos no local são de R$ 83.178,87.

De acordo com ele, a Casan também está realizando o plano de saneamento do município que deve ficar pronto em janeiro. “Além dessas melhorias, a Casan nos sinalizou um estudo completo com relação a situação do município, principalmente sobre investimentos futuros”.

No entanto, o problema mais sentido pelos moradores deve demorar mais tempo para ser solucionado. “O problema da água suja deve demorar um pouco mais porque não é em decorrência da falta de tratamento, e sim das redes de distribuição que são mais antigas e acabam acumulando sedimento na tubulação. Espero que dentro desse estudo que eles estão fazendo, que criem uma alternativa para a limpeza periódica dessas redes, que tirem toda a sujeira e deixe a água limpa”, explica.

O prefeito ressalta que o município continua cobrando mais atenção da Casan, e não descarta um rompimento no contrato. “Temos um processo suspenso que a administração passada entrou contra a Casan para que o serviço volte para a municipalidade. Dependemos desse estudo que eles estão fazendo para ver se vai atender as nossas necessidades, inclusive em termos de investimento para garantir a água no futuro. Assim, podemos reconfigurar esse processo que está em andamento e, se não houver atendimento às nossas necessidades, certamente o município vai ter que tomar uma posição para garantir a qualidade da água na cidade”.

 

Investimentos

Em nota, a assessoria de imprensa da Casan destaca que a empresa já iniciou as melhorias nos dois municípios, logo após a assinatura de duas ordens de serviço para início das obras de melhoria operacional no sistema de abastecimento de água das cidades, que aconteceu em setembro.

De acordo com a empresa, em Botuverá serão quatro principais ações: instalação de uma adutora de água bruta nova, que irá desde o poço de captação de água até a casa de química; instalação de uma nova rede de água tratada, que vai da casa de química até o booster localizado próximo a ponte sobre o Rio Itajaí-Mirim no centro da cidade; instalação de uma nova rede de água na Rua Vice-Prefeito Pedro Marojo, próximo ao cemitério, para melhorar o fornecimento de água da região mais alta da cidade e a reforma civil e hidráulica da casa de química. O total de investimentos é de R$ 259.139,07.

Já no município de Guabiruba, será feita a contratação de serviço técnico especializado na elaboração de projeto de engenharia para ampliação da Captação, Adução de Água Bruta, Tratamento e Reservação de todo sistema de abastecimento de água do município, no valor de R$ 194.297,53. Ainda será realizada a reforma civil e hidráulica da casa de química (telhado, piso, pintura, portas e janelas etc), instalação de bancada para laboratório, ampliação para o armazenamento de produtos químicos e instalação de novo sistema de dosagem no valor de R$ R$ 83.178,87. O investimento total no município é de R$ 277.475,94.

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