Família brusquense percorre 63 países em viagem de volta ao mundo
A bordo de uma caminhonete, o casal Jocemar Paza Tomasi e Adriana Tormena Tomasi, e os filhos Júlia e Miguel, realizaram o sonho de conhecer o mundo
Após 20 meses, 63 países e um total de 107.545 quilômetros rodados a bordo de uma caminhonete Peugeot Boxer adaptada, o casal Jocemar Paza Tomasi e Adriana Tormena Tomasi, e os filhos Júlia e Miguel, encerraram na manhã de sábado, 22 de fevereiro, a sua viagem de volta ao mundo.
Jocemar e Adriana poderiam ser mais um casal que se arrisca em uma viagem de volta ao mundo, mas dois pequenos detalhes fizeram com que a aventura dos brusquenses se tornasse única. Os filhos, Júlia, 5 anos, e Miguel, 3 anos, participaram de toda a viagem e tornaram a expedição ainda mais especial.
“Não vou dizer que foi fácil. Ficar tanto tempo fora de casa, viajando, dormindo em um carro, com duas crianças pequenas é um desafio e tanto, mas eles se comportaram muito bem. Claro que tinha alguns momentos de estresse, eles são crianças, querem brincar, às vezes passávamos o dia todo no carro, mas no final deu tudo muito certo”, avalia Adriana.
Galeria
A presença dos pequenos faz com que o casal brusquense seja o primeiro a dar a volta ao mundo acompanhado por crianças de todo o Brasil. “Do Brasil sei que somos os primeiros, e da América do Sul, não temos certeza, mas não encontramos nenhum registro de outra família com os filhos pequenos que fez essa aventura”, destaca Jocemar.
A aventura
A família iniciou a aventura no dia 21 de maio de 2012. Jocemar, Adriana, Júlia e Miguel saíram a bordo da Peugeot Boxer adaptada começando a volta ao mundo pela América do Sul. Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela foram os primeiros destinos dos brusquenses. “Voltamos da Venezuela para a Colômbia onde despachamos o carro para o Panamá porque ali não tem travessia terrestre. Fizemos toda a América Central, entramos nos Estados Unidos e fomos até o Alasca”, conta Adriana.
Do Alasca, a família voltou para os Estados Unidos. “Fizemos 29 estados, praticamente conhecemos todo o país”, diz. Em Nova York, a família embarcou o carro em um navio para a Inglaterra, e a viagem seguiu de avião rumo à Irlanda. “Na Europa conhecemos 31 países. Tudo é pertinho, não tem burocracia e os turistas têm 90 dias lá sem problema nenhum”, destaca.
Os brusquenses conheceram também o Marrocos, o deserto do Saara e a Turquia. “Da Turquia, nos preparamos para pegar um ferry boat para o Egito, mas ficamos 20 dias esperando e, nada, porque o país estava e ainda está em conflito”, lembra.
Com o imprevisto, a família precisou mudar de planos e a viagem seguiu pelo Irã, o país que mais chamou a atenção dos aventureiros. “O Irã nos surpreendeu muito de forma positiva. É totalmente diferente daquela visão que a gente tem de um país terrorista. Não tem nada disso. É um povo receptivo, amigo. Ficamos 20 dias lá, dormindo na casa das pessoas”, destaca.
Após conhecer o Irã, a família foi de ferry boat para os Emirados Árabes, e enfrentou dificuldades para receber o visto. “Ficamos em Dubai 20 dias para tentar o visto para a Arábia Saudita. É muito complicado conseguir o visto lá, eles não dão para turista, só se tiver uma carta convite, o que não era o nosso caso. Tivemos que implorar o visto, aí eles nos deram”, lembra Adriana.
A família ganhou três dias para atravessar dois mil quilômetros na Arábia Saudita, pelo deserto. “Nós fomos. Em três dias estávamos na Jordânia. No meio do caminho pegamos tempestade de areia, o carro ficou bem apagado. Da Jordânia fomos para Israel, mas deixamos o carro e fomos de ônibus porque lá o visto também é complicado”.
De Israel, a família voltou para a Jordânia e conseguiu pegar um ferry boat para o Egito. “No Egito foi onde tivemos as maiores complicações, tanto com polícia, quanto com pessoas. De lá, fomos para o Sudão, de balsa, uma travessia bem precária que levou 40 horas”, conta.
Do Sudão a família foi para a Etiópia e para o Quênia, onde o carro quebrou e teve que ser despachado. “Devido a lama e as estradas ruins o carro quebrou, não tinha peça lá, e decidimos despachar o carro de contêiner para a Argentina”, detalha Adriana.
A viagem da família continuou mesmo sem o carro. “Continuamos de mochilão e ônibus”, afirma Jocemar. Após resolver o problema com o carro, os brusquenses foram até a Tailândia, Malásia e China. “Descobrimos que brasileiro tem três dias de visto livre na China se desembarcar em Pequim. Nós aproveitamos para conhecer as Muralhas da China”, diz.
Da China, eles seguiram para a Rússia, onde enfrentaram as temperaturas mais baixas. “Pegamos -26ºC. Fizemos toda a Transiberiana, de trem. Foram sete dias, sete fuso-horários e muito frio. Rodamos 9.288 quilômetros de trem pela Rússia”.
De Moscou, os brusquenses embarcaram para Buenos Aires, onde pegaram o carro, e seguiram de volta ao Brasil. “O carro chegou no dia 17 de fevereiro, pagamos o despachante, consertamos o que tinha para consertar e viemos. Quando chegamos no Rio Grande do Sul foi aquela alegria total. É muito bom voltar ao Brasil”, lembra Adriana. A família ficou um dia em Florianópolis, para só então encerrar a aventura.
Agora, a vida deles volta à rotina. Jocemar vai se dedicar a pequena farmácia de propriedade da família, e Adriana será a responsável por compartilhar a experiência nas páginas de um livro. “A nossa meta é fazer o livro e divulgar em todas as capitais. Sempre fazia os diários de bordo, todos os dias anotava o que acontecia, e agora vamos editar esse material. Queremos fazer um livro bem legal que sirva de incentivo para o povo brasileiro”, afirma Adriana.
Para o casal, a aventura ensinou uma lição: é preciso se arriscar para fazer o sonho valer à pena. “Nossa vida passa muito rápido. E quando nos dedicamos para conquistar um objetivo, ele é alcançado. É preciso estipular uma meta, trabalhar forte em cima dela, que ela acontece. Quando desejamos uma coisa de verdade, é possível, sim, acontecer”, declara o chefe da expedição.
Como tudo começou
Casados há 15 anos, Jocemar e Adriana sempre gostaram de viajar. Faziam pequenas viagens pelo Brasil e América do Sul, sempre com as crianças como companhia. Conheceram pessoas que se aventuraram pelo mundo e foram amadurecendo a ideia. Compraram o carro, o transformaram em uma casa sobre rodas e se prepararam para a volta ao mundo em família.
“Muita gente criticou a nossa viagem porque nós não conhecemos todo o Brasil, mas essa era a oportunidade que a gente tinha por causa das crianças na escola. Se não fosse agora, só conseguiríamos depois que eles terminassem as aulas, daqui 10, 15 anos. E para conhecer o Brasil é fácil, vai num final de semana, pega as férias, agora uma viagem dessas não. Essa era a chance”, diz Adriana.
Foram oito meses de preparação até a data escolhida para a viagem. “Não saímos do nada para dar a volta ao mundo. Tem toda uma história por trás disso, uma preparação. Uma viagem dessas não pode ser feita de qualquer jeito. Você tem surpresas pelo caminho, dificuldades, não é uma viagem de férias”, destaca Jocemar,
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Acompanhe mais informações sobre a viagem no site www.familianaestrada.com.br