Família busca auxílio para internação de jovem que foi detido três vezes em 24 horas
Cristiano Innocenti Filho, 19 anos, possui depressão bipolar tipo 1, e está circulando pela cidade
A família do jovem Cristiano Innocenti Filho, 19 anos, busca apoio para a sua internação em uma clínica psiquiátrica. Desde domingo, 28, o rapaz entrou em surto e perambula pelas ruas da cidade, pregando o anticristo e falando que é filho de Lúcifer. A família entrou em contato com a reportagem do Município Dia a Dia e autorizou a divulgação do seu nome e foto para ajudar a localizá-lo.
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A irmã Bianca Innocenti, 22, conta que Cristiano foi diagnosticado com depressão bipolar tipo 1. Porém, há um mês, parou de tomar os remédios por conta própria. Neste período, Cristiano resolveu sair da casa da irmã, com quem morava, em Brusque, e foi morar com alguns amigos, em um local desconhecido pela família. A mãe dos dois mora em Itajaí.
“Já tentamos em outra oportunidade interná-lo, mas quando ele soube, surtou ainda mais. Um dia conseguimos colocá-lo dentro do carro para levar no hospital, e quando ele soube, pulou do carro em movimento”, diz a irmã.
Segundo Bianca, o primeiro surto aconteceu em 2012 e há dois anos, após a morte do pai, piorou. Nesta semana, o jovem chegou a ser detido por três vezes em menos de 24 horas, por ter roubado uma carteira de cigarros, danificar a vidraça de uma loja e por cuspir na água benta na Igreja Matriz São Luis Gonzaga. Na noite de quarta-feira, 31, Bianca e a mãe encontraram o rapaz na praça Sesquicentenário e acionaram o Samu e a Polícia Militar. Assim que o rapaz viu os policiais, ficou mais agressivo.
“Pedimos para os policiais detê-lo a força, mas não quiseram, e falaram que havia muito aglomero de gente ao redor, e podia gerar processo para eles, mesmo a família autorizando”, lamenta Bianca. Com a negação dos militares em deter o rapaz para colocá-lo na maca do Samu, o atendimento não foi possível.
“Agora não sei mais onde ele está. Soube que ele estava indo a pé para Itajaí, mas não faço ideia de onde possa estar e do que está fazendo”, diz a irmã. Ao ir no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) 2, Bianca conseguiu o documento para internação compulsória do irmão, e foi informada do procedimento que deveria fazer. Mas, para isso, Cristiano precisa estar estabilizado.
Como não conseguiram deter o jovem na quarta-feira, os atendentes do Samu orientaram Bianca a tentar levar o irmão para sua casa e acionar o Samu e PM novamente, para que, em um lugar mais afastado de público, consigam induzir a medicação. “Depois disso, eles levariam para o Hospital Azambuja, para o médico dar o diagnóstico para então ser encaminhado para uma clínica psiquiátrica. O problema é eu conseguir fazer ele ir para minha casa, porque ele não quer de jeito nenhum”, explica.
A maior preocupação de Bianca é que o jovem cometa algo mais grave contra a própria vida, ou ainda contra outras pessoas. “Ele está fazendo as coisas e ninguém faz nada. Ele foi preso três vezes e liberado. Dessas três vezes, me ligaram apenas uma vez. A última eu fiquei sabendo ao ler no site do jornal Município”, conta.
Por isso, a irmã solicita que se alguém souber do paradeiro do irmão, ligue para ela no número (47) 9605-9020, para avisar, e tentar, novamente, o encaminhamento. “Eu preciso conseguir isso até amanhã [sexta-feira, 2], porque terá médico de plantão no Caps 2. Depois que chegar o fim de semana, não terá como”, ressalta.
Procedimento da polícia
O comandante do 18º Batalhão da PM, tenente-coronel Moacir Gomes Ribeiro, informa que somente a autorização da família não é válida para usarem a força ou a arma Spark (não-letal) contra a pessoa. Ele ressalta que é necessário um documento oficial, assinado por um médico, para que possam fazer a intervenção.
“Não podemos utilizar a arma Spark em qualquer oportunidade, até porque não sabemos se o cidadão possui problemas cardíacos, que podem prejudicar a saúde. Precisamos ter uma autorização médica”, informa.
Segundo Gomes, apesar de não ter verificado a situação ocorrida na praça Sesquicentenário, ressalta que os policiais também são orientados a não utilizar a Spark em locais com crianças por perto. “Não estava no local na hora, mas a PM só pode intervir em caso de crime, em que está apresentando risco”, pontua.
O comandante reforça que os policiais não tem o poder de acionar os setores da Saúde, sem saber realmente que o cidadão possui uma doença psicológica. “Nosso procedimento padrão é deter, em caso de crime, e encaminhar para a Delegacia de Polícia Civil”.