Família Colombi mantém tradição agrícola no Ribeirão Porto Franco
Produção com forte sotaque italiano tem foco no fumo; legado é transmitido por gerações
Roberto, mais conhecido por Tinho, não se lembra de um dia no qual sua família não sobrevivesse à base da fumicultura. São gerações dos Colombi dedicados àquela que é uma das principais atividades econômicas de Botuverá. Atualmente, em média, as plantações de Tinho e Maria Gorete resultam em 400 arrobas de fumo. Tudo depende do clima.
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Aos 44 anos, Maria Gorete conta que por quase 15 trabalhou em uma fiação. Após o casamento com Tinho, deixou o trabalho da indústria para se dedicar ao trabalho da terra, ao lado de casa.
Na casa ao lado, a dos pais, Tinho passou a infância. Seu pai, Vilmar, hoje é apicultor, sendo um dos produtores do mel Grutas de Botuverá.
A severa estiagem no primeiro semestre de 2020 preocupa. A pouca chuva deve prejudicar a safra que será colhida entre outubro e fevereiro. “Se não chover, nem vale a pena gastar adubo. Esse ano nossa expectativa não está muito boa, não”, comenta Maria Gorete. Ela lembra do ano retrasado, como referência de safra que foi muito além de satisfatória: 470 arrobas.
“Sempre temos que ter uma reserva, nunca podemos ficar sem”, comenta Tinho. O sucesso de algumas safras precisa ser utilizado para suprir os desfalques de uma temporada ruim.
O dia começa entre 6h e 6h30, quando não é época de colheita do fumo. Não há rotinas definidas em um período que não seja o da colheita. Em outubro, novembro e dezembro, os Colombi estão de pé às 5h para colher fumo e fazer depósitos e retiradas das estufas. Aquele momento era o de preparo do plantio do fumo, com os canteiros. As mudas nasceram há cerca de uma semana, e em breve elas já serão plantadas.
Há espaço na terra para mais do que o fumo. Para consumo próprio, os Colombi cultivam diversos legumes e verduras, e destacam, entre todos os produtos, feijão, milho, batata e aipim. Não é incomum sair algo gigante das plantações, como abobrinhas maiores do que o normal e uma batata doce de 6 kg. Galinhas e porcos também são criados.
“Rotina mesmo é outubro, novembro e dezembro. São duas estufadas por semana, é mais rotina. Nessa época, não tem. Um dia é roçar, outro é passar veneno, no outro é mais cuidar do boi, no outro vai pro campo buscar cana pra fazer açúcar vermelho, ou melado”, relata a mãe da família.
“Hoje são poucos agricultores aqui no Ribeirão [Porto Franco], se for olhar com atenção. Menos do que antigamente, que vivem da agricultura, do fumo”, lembra Maria Gorete. Os Colombi são família típica botuveraense. Na infância, Tinho foi praticamente alfabetizado no dialeto bergamasco, aprendendo português na escola. Não é incomum vê-los, assim como outras famílias, falando bergamasco e outros dialetos derivados do italianoentre si. O português é quase cortesia para as visitas.
A tradição da família parece ter futuro certo, nem que seja a contragosto da mãe. O filho, Eric, de 16 anos, também cultiva verduras, cria galinhas e recentemente comprou uma vaquinha leiteira. Aprendeu naturalmente a gostar do que fazem os pais. “Infelizmente”, brinca Maria Gorete, rindo. “A gente queria ter incentivado ele a outros caminhos, mas ele pegou o gosto.”
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