Família contesta inclusão de Covid-19 como causa da morte de homem que sofreu acidente em Brusque
De acordo com família da vítima, ele morreu por traumatismo cranioencefálico após acidente de trabalho
Por Bruno da Silva e Otávio Timm
A causa da morte de um morador de Brusque de 53 anos está em discussão. De acordo com a Secretaria da Saúde, a vítima teria morrido por complicações da Covid-19. A família do homem, entretanto, alega que a causa do óbito foi por traumatismo cranioencefálico causado por um acidente.
O jornal O Município entrou em contato com o Hospital Azambuja, local em que a vítima faleceu, e com a família do homem para ouvir as duas versões. A Diretoria de Vigilância em Saúde se manifestou sobre o assunto.
Versão da família
O filho da vítima contesta a versão da causa da morte divulgada pelo hospital. Ele reforça que a causa do óbito foi por traumatismo cranioencefálico. “Meu pai sofreu um acidente de trabalho no dia 27 de dezembro. Ele teve traumatismo cranioencefálico, perfurou os pulmões e teve todas as costelas do lado esquerdo quebradas”, diz.
O homem saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) entre os dias 2 ou 3 de fevereiro, e ficou no quarto até esta quinta-feira, 10, quando faleceu. O filho afirma que eram permitidos dois acompanhantes e visitas.
Porém, no dia 7, o Hospital Azambuja teria informado ao filho mais novo do homem, que o paciente não poderia receber visitas pois havia testado positivo para Covid-19. “Nós questionamos isso, pois estávamos visitando ele desde o dia 4, a família toda, o grupo de oração, a mãe de 84 anos. Ele claramente não estava isolado”, complementa o filho.
Reunião com o hospital
Ainda de acordo com ele, houve uma reunião entre a família e o hospital. Para os familiares do homem, o hospital teria dado uma versão do que teria acontecido na unidade.
“Eles disseram que receberam dois pacientes na UTI que estavam com Covid-19 e fizeram testes em todo mundo. Para nós, disseram que o pai havia testado negativo primeiramente, mas depois positivo. Porém, antes de ele sair da UTI, no dia 2 ou 3, fizemos outro teste e deu negativo, por isso ele foi para o quarto”, afirma.
A vítima teria feito um teste no dia 8, em que teria testado negativo. “Eu tenho teste que fiz por conta no dia 8, quando meu pai testou negativo. Disseram que meu pai tinha Covid-19, sendo que estávamos visitando ele direto. Enquanto estivemos lá, não presenciamos fazer teste nenhum. As informações não batem”, alega.
“Se ele teve Covid-19 ou não, eu não sei dizer. Mas tenho a declaração de morte dele, que diz que ele faleceu por causa de um traumatismo cranioencefálico. Ele morreu nos nossos braços. Se fosse Covid-19, ele não teria visitas. É preocupante, para nossa surpresa ele apareceu como óbito por Covid-19”, complementa.
Velório
De acordo com a família do homem, o velório foi liberado pelo Hospital Azambuja. “Liberaram velório e cerimônia. Além disso, me ligaram dizendo que vão retificar a declaração de morte. De acordo com eles, será incluída uma bactéria que ele teria contraído na UTI e também a Covid-19”.
A família ainda afirma que o Instituto Médico Legal (IML) informou que a causa da morte foi traumatismo cranioencefálico. “Estamos bem revoltados, pois se fosse Covid-19 a causa da morte, nós não poderíamos nem ter visitado ele. Isto teria colocado diversas pessoas em risco”, finaliza.
Nota da secretaria
A Secretaria da Saúde de Brusque divulgou, em nota, nesta quinta-feira, 10, dados sobre a morte de um homem que bate exatamente com as características da vítima. Confira o trecho:
O óbito de número 337 trata-se de um homem de 53 anos, morador do bairro Souza Cruz. Ele manifestou os primeiros sintomas da doença em 2 de fevereiro. Foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no dia 3 de fevereiro. O paciente não possuía comorbidades.
Respostas
Conforme a Diretoria de Vigilância em Saúde de Brusque, o óbito de número 337 contraiu o vírus no hospital, após internação por acidente de trabalho. De acordo com a determinação do estado, ele entra nas estatísticas de morte do município por Covid-19.
Questionado sobre o que poderia ter acontecido, o Hospital Azambuja não quis comentar o caso. O comunicado foi enviado à reportagem por nota. Confira:
O Hospital Azambuja não irá se pronunciar sobre casos de pacientes, por sigilo médico. A instituição reforça que segue as orientações da Vigilância Sanitária.
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