Família que perdeu casa após enxurrada em Brusque pede ajuda para recomeçar
Foi publicada uma vaquinha online para que as pessoas possam ajudar com valores pequenos; cestas básicas são aceitas
A familia de Simoni Morandi perdeu a casa onde morava, na rua Daniel Barni, bairro Souza Cruz, com a tempestade que causou diversos transtornos à população em 10 de janeiro. Ficou até segunda-feira, 13, abrigada no pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof. Na terça-feira, 14, de manhã, por solicitação da Prefeitura de Brusque, ela e os filhos tiveram que sair para alugar alguma casa ou para se abrigarem no albergue municipal, que acolhe moradores de rua. Hoje, estão provisoriamente na casa de um casal que vive próximo à casa condenada de Simoni e são amigas da família.
No dia da perda da casa, a mãe e o filho, Arthur Morandi da Silva, saíram às pressas para um local elevado, buscando proteção. Arthur chegou a se ferir com a queda de um muro. A casa foi considerada pela Defesa Civil como condenada.
“Estamos ainda lavando a casa, tirando a lama. Ficamos aqui durante o dia e somos acolhidos por esta família durante a noite. Não podemos voltar para a casa, que era alugada. Somos eu e meus dois filhos. Temos um cachorro de grande porte, que está num sítio de um amigo. Sente saudade, mas está feliz e mais seguro do que nós”, explica Simoni.
Ela lamenta que, com exceções da ajuda da família que a abriga provisoriamente e da de seu amigo que levou o cachorro para um sítio até que as vidas voltem aos trilhos, pouco foi oferecido. “A associação de moradores da rua não ofereceu o local para podermos deixar algumas coisas. Foi uma certa falta de companheirismo, tanto das pessoas quanto da prefeitura.”
No pavilhão, Simoni afirma que foi servida comida azeda e água amarelada, o que ela interpretou como um sinal para que as famílias começassem a tomar providências. A sugestão de mudança para o albergue não foi acatada pela família por preferência pessoal. Os entulhos da casa começaram a ser retirados em 14 de janeiro.
“Para uma cidade vulnerável a estes desastres naturais, Brusque está totalmente despreparada para encarar estes problemas”, opina. “Só quem passa por uma situação dessa sabe. Você corre de um lado para o outro, não tem ajuda. Ninguém vem atrás para saber se precisamos de uma cesta básica, e como a gente não tem endereço físico, não entregam. Não temos ninguém aqui em Brusque, não temos família, sou mãe separada com um filho de 25 anos e uma filha de 24.”
O saldo do desastre foi a perda de comida, documentos, roupas, geladeira, fogão, sofá, pia, guarda-roupa e outros móveis e eletrodomésticos, além de carro e moto. A família procura casa para alugar nas proximidades dos bairros Centro, Maluche e Souza Cruz.
“A gente está muito abalada emocionalmente e não teve ajuda de quase ninguém. Somos trabalhadores. As pessoas que perderam tudo eram pedreiros, uma mãe de família vendendo bolo para tentar sustentar os filhos. Era uma luta para a gente sobreviver no dia a dia. E daí a enxurrada veio e a gente perdeu tudo. O chão, a nossa história de vida foi-se com a água”, desabafa Simoni.
Para que possa existir um recomeço mais sólido, o filho de Simoni, Arthur Morandi da Silva, criou uma vaquinha chamada “Ajude o Arthur”, que pode ser acessada pelo link vaka.me/861754. Até a publicação desta matéria, havia contribuições totalizando R$ 2.715 da meta estipulada, R$ 10 mil. É possível entrar em contato com a própria Simoni por meio do telefone (47) 99616-3426.
A reportagem de O Município tomou conhecimento de uma outra família que passa por situação semelhante à de Simoni e seus dois filhos, mas não conseguiu contato até a publicação desta matéria. A reportagem também tentou contato com a Secretaria de Assistência Social e Habitação de Brusque para responder as reclamações de Simoni Morandi sobre o atendimento prestado, mas não teve sucesso.