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Famílias no calcário

Trabalho na mineração emprega diversas famílias e é passado de geração em geração

No setor de mineração de Botuverá, em que pese haver centenas de trabalhadores direta e indiretamente empregados, chama a atenção a quantidade de pessoas da mesma família empenhadas no mesmo ofício.

Ao percorrer os setores da Calwer e da Mineração Rio do Ouro, é comum encontrar dezenas de pessoas que são primos, tios, sobrinhos, pais e filhos uns dos outros.

O trabalho na mineração, em Botuverá, é passado de geração em geração.

Prova disso é a auxiliar de escritório da Calwer, Paula Bruna Leoni, de 25 anos. Seu pai, José Miguel Leoni, 50 anos, foi o primeiro funcionário a registrar-se como empregado da empresa, fazendo serviços gerais, na década de 1980. Ele iniciou sua carreira junto à mineradora.

Trinta anos depois, Paula trilha o mesmo caminho. Depois de ter se mudado para cursar administração de empresas, foi indicada para uma vaga na Calwer e, desde então, lá permanece.

Embora o pai já tenha deixado o trabalho na mineradora, isso não significa que ela não tenha mais relações pessoais na empresa. O namorado, o sogro e parentes também trabalham no mesmo local.

Paula Bruna Leoni possui diversos parentes na empresa; na foto, os primos Paulo José Lamim e Murilo Antônio Bresciani. Seu pai, José Miguel Leoni, foi o funcionário número 1 da Calwer

“Eu trabalho junto com meu namorado, meu sogro, meu primo, com meu tio”, afirma Paula, que trabalha há quatro anos na empresa.

“A Calwer procura saber bastante sobre o funcionário antes de contratar. E o Nando, que é meu namorado, me indicou. Sem a influência dele e do meu pai, que já tinha trabalhado aqui, eu não ia conseguir a vaga tão fácil”, avalia Paula.

Caso semelhante acontece na Mineração Rio do Ouro. Álvaro Luiz Radavelli, 22 anos, trabalha há cerca de quatro anos no setor de Recursos Humanos da empresa. Sua inspiração para entrar na empresa foi o pai, seu Luizinho Radavelli, 50 anos, que há mais de uma década é motorista da empresa.

Seu Luizinho viu na mineradora a chance de permanecer mais tempo com a família. Antes do atual emprego, ele viajava o estado afora transportando cargas, e tinha pouco tempo para permanecer com os seus.

Agora, faz o transporte dos minérios da pedreira para o refinamento, tudo dentro de Botuverá, onde constantemente vê o filho.

“É uma empresa muito boa, muito tranquila de trabalhar”, afirma o motorista, que começou na empresa há 15 anos, referindo-se à Mineração Rio do Ouro. “Nasci e me criei aqui. Moro ainda hoje no mesmo lugar”.

O filho Álvaro começou em 2013, por indicação direta do pai.

“Ele que pediu emprego pra mim, comecei no faturamento e no mesmo ano fui para o RH. A empresa tem bastante casos de pessoas da mesma família que trabalham aqui.

Luizinho Radavelli, 50 anos, e o filho Álvaro, 22: duas gerações da mesma família trabalham na indústria de mineração

A situação é bastante comum no trabalho na mineração.

Eduardo Barni, da Mineração Rio do Ouro, afirma que há diversos casos de famílias inteiras que durante toda a vida tiraram seu sustento do trabalho na empresa, que ergueram suas casas com o sustento vindo do solo.

José Manoel Werner, da Calwer, afirma que a influência familiar é decisiva para despertar o interesse no trabalho na mineração.

“Principalmente no caso dos funcionários mais antigos, normalmente o filho já cresce pensando em vir trabalhar aqui. Nós temos vários casos”, relata.  

“Nós empregamos mais famílias do que pessoas individualmente. 70% dos funcionários têm alguma relação familiar com outro funcionário”, explica.

Galeria de imagens: famílias são maioria no setor de mineração