Farol da fé: o que move os fiéis na procissão iluminada em Brusque
Morro do Rosário palco de devoção durante a procissão
A noite deste sábado, 20, reuniu fiéis e devotos de Nossa Senhora durante a procissão iluminada em Brusque. O momento religioso ocorre anualmente, em agosto, durante a festa de Nossa Senhora de Azambuja e atrai pessoas de diferentes cidades.
A celebração inicia uma semana antes, com as novenas diárias, e no sábado, após a última missa do dia, é o momento dos fiéis percorrerem o Morro do Rosário que simboliza a Via-Crúcis.
Fé e tradição
A família Maiola e Jiustino é um grande exemplo de fé unida à tradição. Há mais de 40 anos grande parte da família se reúne para participar da procissão em Brusque. Ao todo, treze pessoas participaram do evento neste ano.
Conforme Geni Maiola, 63 anos, a tradição iniciou com a sua mãe e, desde então, segue reunindo toda a família. “Minha mãe começou a vir por conta de uma irmã minha que estava muito doente. Ela trouxe o vestido da primeira comunhão dela aqui e desde então a gente vem e estamos aqui até agora”, disse.
Ela conta que a irmã tinha sério problema nos rins e que o médico da época chegou a dizer que a menina iria morrer. Ao saber disso, a mãe iniciou a peregrinação pela saúde da filha, que vive até hoje, mas não frequenta mais a procissão devido a idade avançada.
A família nunca morou em Brusque e, apesar da distância, mantém a tradição em homenagem à matriarca e pela fé. Eles saem de diferentes cidades, como Rio dos Cedros, Indaial, Balneário Piçarras e Timbó, para participar da procissão.
Educação e fé
Dentre os diversos devotos que participam da procissão, o grupo de professores de Gaspar se destaca em meio ao grande número de mulheres idosas. Conforme Luiz Otávio Bastiane de 50 anos, professor de português, já são mais de 30 anos participando do evento.
“Eu moro há 37 anos em Gaspar e a primeira vez que eu ouvi falar dessa festa eu me senti tocado em vir visitar. Achava bonito, dava milhares de pessoas. Passei a vir no sábado e achei essa procissão linda. Fui chamando um colega, dois, três e aí sempre vem uma turma”, conta.
Neste ano vieram seis pessoas, sendo que duas não participaram da procissão devido a idade, mas eles contam que o número já foi maior. De acordo com Luiz, a participação é sempre espontânea e, além de subir o morro, o grupo também faz questão de assistir a missa.
Os professores de geografia, Alessandro e Clodoaldo Oliveira, participam da procissão junto do colega há cerca de 15 anos e contam que a tradição traz bons resultados. “Durante o trajeto sempre peço por saúde e proteção, e todos os anos tenho recebido”, revela Alessandro.
Rotina de devoção
O casal Adriana e Alex de Souza está junto há 14 anos e, desde então, frequentam semanalmente as missas do Santuário de Azambuja. Apesar da religião fazer parte da rotina da família, este é o primeiro ano que participam da procissão.
Adriana conta que regularmente sobe o morro em oração e que este ano sentiu que deveria participar do evento. “Eu queria muito vir esse ano. Foi uma coisa pessoal minha. Eu falava ‘eu quero ir, quero ir’ e valeu a pena”, conta.
Ela é natural de Major Gercino e diz que se sentiu acolhida pela comunidade quando se mudou para a cidade. Já Alex, que é natural de Brusque, frequenta a festa desde a infância e afirma que é “gratificante” participar.