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Feliz 2019!

O tempo não tem começo nem fim. Marujos que somos dessa gigantesca arca chamada Terra, nossa navegação cósmica em torno o sol, nosso astro-rei, é viagem eternamente interminável. Não está sujeita a nenhuma parada. Mas, vivemos sob o império de regras, leis e convenções. Uma destas, coloca começo e fim no tempo para nos dizer […]

O tempo não tem começo nem fim. Marujos que somos dessa gigantesca arca chamada Terra, nossa navegação cósmica em torno o sol, nosso astro-rei, é viagem eternamente interminável. Não está sujeita a nenhuma parada. Mas, vivemos sob o império de regras, leis e convenções. Uma destas, coloca começo e fim no tempo para nos dizer que o ano civil, oficial, tem 365 dias, de primeiro de janeiro a 31 de dezembro. Já o ano astronômico ou solar tem mais algumas horas, minutos e segundos, preciosismo que é assunto para cientista.

É interessante, mal começamos uma nova caminhada anual e ficamos a contar os dias, semanas e meses, de olho em dezembro e no último segundo do ano. Então, num instante mágico, tudo recomeça com o conhecido grito de “Feliz Ano Novo”, chavão repetido no mundo inteiro, porque Primeiro do Ano é feriado universal. É festa geral de gente turbinada pelo deletério efeito do álcool sorvido nos copos e taça de vinhos, cervejas, espumantes, uísque e muita caipirinha. Afinal, estamos neste país tropical de gente festiva por natureza, como dizem os otimistas psicólogos da autoajuda.

Assim, seguindo a convenção que fixou a duração de período de tempo, vivenciei muitos finais e começos de ano. Meus 77 anos já feitos me permitiram a façanha de ser testemunha ocular, de sentir a emoção de ver dezenas de dezembros chegando ao fim. Foram tantos, que não consigo lembrar do que aconteceu na grande maioria dos finais de ano de minha vida. Infelizmente, é assim mesmo. Envelhecemos e a memória não consegue nos fazer uma retrospectiva, como gostaríamos, dos fatos que vivenciamos ao longo das nossas vidas.

Da infância e adolescência, restaram, apenas, lembranças difusas, mais centradas nos encontros natalinos, nas missas do galo, então, compromisso obrigatório das famílias católicas como é minha. Depois, parece-me que se esperava uma semana para o almoço festivo, com direito a galinha ou até peru, aves caçadas no quintal da casa, no primeiro dia do ano, que estava a começar.

Pelos meus 18 anos, já na capital do Estado, a noite do final de ano era motivo de reunião de amigos, num bar central da cidade, a mesa repleta de garrafas de vinho frisante da Serra Gaúcha, agora, na moda com o nome de espumante. A tribo ali se reunia numa espécie de esquenta, preparando-se para o tradicional baile de fim de ano, com mesa de pista previamente comprada. Era preciso encher a cuca, buscar coragem e euforia no copo da euforizante bebida borbulhante para enfrentar o desafio de tirar, sob o olhar carrancudo do pai protetor, sua filha, jovem donzela, para dançar.

Já estava na Faculdade de Direito quando passei meu primeiro final de ano longe da família. Tinha ido fazer um curso no Rio de Janeiro. Na noite do dia 31, fui convidado para uma janta no apartamento de um primo de minha mãe, marítimo, que viajava pelo mundo todo. Num armário, um estoque de bebidas de diversos países. Foi minha desgraça. A saudade da família era grande e só foi sufocada com algumas doses de uísque, gim e, até tequila, que vi pela primeira vez e uma única vez tomei. No dia seguinte, a ressaca de matar me ensinou que beber, moderadamente, pode ser bom e, não beber, nada, é ainda melhor.

Meus últimos finais de ano, tenho passado em Balneário Camboriú, esperando a virada para assistir ao espetáculo pirotécnico. Ontem, não foi diferente. Aos meus queridos leitores, desejo um ano de 2019 cheio de paz.