Festa de São Cristóvão leva mais de 1 mil veículos às ruas de Brusque neste domingo, 24
Motoristas de todos os lugares da cidade e da região participaram da procissão e benção dos veículos
Motoristas de todos os lugares da cidade e da região participaram da procissão e benção dos veículos
As ruas de Brusque foram tomadas por carros, caminhões, bicicletas, motocicletas e jeeps na manhã deste domingo, 24, durante a Festa de São Cristóvão – uma das mais tradicionais do município. Motoristas de todos os lugares da cidade e da região participaram da procissão e benção dos veículos durante a 68ª edição do evento, da paróquia Santa Catarina, no Dom Joaquim.
Em frente à Havan, local que iniciou a procissão, a aglomeração de motoristas já era grande. Durante o percurso, o número de fiéis só aumentou. A organização da festa estima que mais de 1,3 veículos tenham recebido a benção dos veículos e que durante os três dias 10 mil pessoas tenham passado pela festividade. Somente na sexta-feira, 22, noite em que são servidos polenta com galinha e cachorro-quente – tradicionais na festa – foram vendidos 800 pratos e 1,3 mil lanches, respectivamente.
O pároco da paróquia, padre Timóteo José Steinbach, diz que é um momento de confraternização religiosa e festiva das famílias da comunidade. Ele afirma que são quase 70 anos de uma tradição que se mantém viva no coração dos fiéis. “É uma tradição importante dos motoristas que a cada ano vem pedir que Deus os abençoe na estrada. Também reúne as famílias, que juntas sentam-se à mesa para comer os pratos tradicionais e também conversar”.
O padre explica que São Cristóvão dedicou sua vida à oração e as obras de caridade – é o protetor dos motoristas e dos viajantes. “Cristóvão significa aquele que carrega Cristo. Tinha muita bondade e pelas obras de caridade estava servindo ao próprio Deus”. O santo viveu provavelmente na Síria e sofreu o martírio no século III – seu culto remonta ao século V.
O diácono da paróquia, Sebastião Jacó Felipe, benze os veículos em procissão há mais de dez anos. Ele conta que a festa demonstra o sinal de devoção que os motoristas têm com o santo e que se tornou tradicional devido à característica da comunidade do Dom Joaquim. “Começou com uma festa pequena. Na época a economia do bairro era essencialmente proveniente do trabalho dos motoristas, que tiravam a sobrevivência da família por meio dos seus caminhões”.
Mais perto de São Cristóvão
Emocionados, o casal Antônio Bonfim e Jane Kopake Bonfim com o filho Erick, levaram neste ano a imagem de São Cristóvão pela primeira vez. Eles moram no Águas Claras e pertencem à comunidade São Judas Tadeu. Bonfim é caminhoneiro há 26 anos e trabalha há dois como motorista na Zé Melo Materiais de Construção. A convite do seu patrão, Fabiano Kammers, teve a honra, como ele define, de trazer o santo. “Participamos muito da igreja. E com certeza é coisa de Deus termos essa oportunidade. Não tem explicação. Só trazendo para entender a emoção”. Jane diz que sentiu que o santo estava mais perto da família. “É motivo de muito orgulho”.
José Heil, um dos organizadores da procissão, que também já foi caminhoneiro, afirma que em 40 anos nunca deixou de ajudar e prestigiar o evento. Ele conta que até hoje não se acidentou e o envolvimento com a igreja é a retribuição por essa benção. “Venho na festa desde guri com meus pais. É um sinal de fé”.
A família de Aldo José Tabarelli quer dar continuidade a tradição instituída pelo pai – Luiz Tabarelli, já falecido e que foi um dos fundadores da Festa de São Cristóvão. Filhos e netos de Luiz são caminhoneiros e Aldo acredita que o fato de nunca terem se envolvido em acidente se deve à proteção divina. Ele, que há mais de 40 anos também ajuda na festividade, diz que poder dar seguimento aos ensinamentos do pai é algo que lhe emociona e é uma maneira de torná-lo presente. “Faz um ano que o pai faleceu. Mas não tinha uma festa que ele não vinha em cima do caminhão com o santo. Até os 89 anos ele fez isso”, recorda.
Respeito pela vida
Cerca de 25 pessoas do grupo Brusque 2 Rodas participaram da procissão. O presidente Valdir Ricardo Boettger afirma que atualmente a sociedade ainda vê os motociclistas como “baderneiros”, porém, eles buscam aos poucos mudar este pensamento. “Além de agradecer ao santo pelos livramentos de acidentes todos os dias, queremos mostrar para a cidade que temos consciência e muito respeito pela vida”.
O operador de máquina, Delino José Ventura, participa da festividade há 16 anos. Ele salienta que tem certeza que a benção de São Cristóvão foi decisiva para que nunca se envolvesse em acidentes. “Já tenho carteira de motorista há 20 anos e sei que é o santo que abençoa a minha vida. Ele está sempre do meu lado”.