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Festa dos Motoristas do Aymoré: cinco décadas de história

Cerca de 300 pessoas trabalham para o sucesso de um dos principais eventos de Guabiruba

A Festa da Capela São Cristóvão, do bairro Aymoré, é uma das mais tradicionais da região. Neste ano, o evento será especial para os devotos de São Cristóvão, pois completará 50 anos de realização ininterruptamente.

A Festa dos Motoristas, como é conhecida, é promovida pela capela do Aymoré, mas, na verdade, é de toda a comunidade. As festividades não só reúne os moradores que todos os bairros de Guabiruba, mas também atrai visitantes de outros municípios, principalmente motoristas.

Neste ano, a Festa dos Motoristas ocorre entre os dias 4 e 6 de agosto. Thomas Evandro Nuss, integrante da comissão organizadora, diz que o objetivo é fazer a festa ainda mais especial, devido ao cinquentenário.

Fausto Koehler, também integrante da organização, conta que todo o planejamento foi feito pensando em homenagear os últimos 50 anos. Por exemplo, o cardápio terá várias comidas típicas e caseiras servidas há décadas.

Essas comidas eram servidas nas primeiras edições da Festa dos Motoristas. Fausto conta que dezenas de pessoas que já participaram das festividades ao longo das cinco décadas participarão do evento, e o cardápio foi feito pensando neles.

As atrações musicais sempre foram o ponto forte da Festa dos Motoristas. Desde o seu surgimento, diversos cantores e grupos famosos nacionalmente participaram. Neste ano, Teodoro e Sampaio serão o ponto alto da festa.

Uma outra novidade para este ano é que a imagem de São Cristóvão, que será transportada no caminhão à frente da procissão, terá cerca de 2 metros de altura. A estátua é a mesma que está dentro da igreja. Nos anos anteriores, a imagem levada era uma menor.

Amizade
Além de Nuss e Koehler, outras 15 pessoas compõem a comissão de organização da festa da capela. No total, cerca de 300 homens e mulheres trabalham para deixar tudo funcionando ao longo dos três dias.

Eles contam que o trabalho para deixar tudo pronto é árduo, exige dedicação e renúncia a tempo com a família. Nuss diz que “se cria um laço de amizade entre as pessoas da comunidade”.

Koehler conta que há muitas discussões acaloradas nas reuniões. “Mas no domingo [último dia da festa], todo mundo se abraça e comemora”, relata. Koehler e Nuss são vizinhos, mas o laço de amizade realmente se fortaleceu depois que eles passaram a trabalhar voluntariamente na capela, há quatro anos.

Tradição de gerações
A Festa dos Motoristas está ligada diretamente ao desenvolvimento de Guabiruba. O criador da celebração em honra ao padroeiro dos motoristas foi Anselmo Boos, e durante as últimas décadas muitos guabirubenses participaram da festa.

Organizadores da festa neste ano, Thomas e Fausto com uma imagem de São Cristóvão | Foto: Marcos Borges

Thomas Nuss frequenta a festa desde os 9 anos de idade. “Naquela época, as crianças começavam juntando garrafas”, lembra. Fausto Kehler conta que, naquele tempo, as crianças serviam apenas refrigerante, pois ainda não podiam tomar bebida alcoólica.

Os dois contam com saudosismo que há 30 anos a bebida servida na Festa dos Motoristas era em garrafas de vidro (retornáveis) e a carne era na tábua. Hoje, não é mais permitido usar esses materiais.

Durante estes anos, os dois frequentaram a festa a ajudaram em várias funções. Hoje na organização, Nuss e Koehler dizem que é motivo de orgulho poder colaborar com a comunidade e levar adiante aquilo que os pais e avós fizeram na Capela São Cristóvão.

Três décadas de dedicação a São Cristóvão

Amilton Luiz Cardoso, o Miltinho, é a cara da procissão de São Cristóvão em Guabiruba. O empresário e caminhoneiro organiza o evento desde 1985. “Comecei a participar para agradecer, porque já estava há oito anos na estrada e não tinha sofrido nenhum acidente”, conta.

Caminhoneiro desde 1976, em 1985 ele percebeu que a Capela São Cristóvão gastava muito para fazer a plataforma sobre o caminhão que leva a imagem. “Em 1986, já comecei a montar a estrutura, a gente reunia os caminhoneiros e comprava flores”, lembra.

Desde então, a popularidade da festa cresceu e, automaticamente, o número de interessados em conduzir São Cristóvão à frente da procissão. Miltinho organizou uma lista com os nomes de quem queria levar a imagem, para democratizar.

Atualmente, já existe fila de espera levar São Cristóvão até 2023. Miltinho conta que a preferência é por motoristas profissionais, já que o santo é o padroeiro de quem trabalha na boleia. Ele também cobra que a família participe da preparação do caminhão, e quem leva compra as flores.

Neste ano, o próprio Miltinho levará a imagem de São Cristóvão, por ser um ano festivo e especial devido ao aniversário de 50 anos. “Faço com grande gosto porque São Cristóvão dá proteção”, afirma o organizador.

O caminhão no qual a imagem é levada anualmente é de Miltinho, que o comprou para “programas culturais”.

Miltinho Cardoso organiza a procissão da festa há mais de 30 anos | Foto: Marcos Borges

Conheça alguns fatos marcantes

1966 a ideia da Festa dos Motoristas nasceu neste ano, quando Anselmo Boos viajou ao Oeste do estado com o pároco de Guabiruba, padre Pedro Mathias Engel, para visitar familiares do sacerdote. Eles viram, no caminho, uma imagem de São Cristóvão e foi daí que Boos teve a ideia de sugerir a criação da festa.

1967 é realizada a primeira festa, com um cartaz e mais preparação. Nos primeiros anos, a festa é frequentada basicamente pela comunidade local. A primeira procissão ocorre em 30 de julho de 1967 – o mesmo trajeto de hoje, da Igreja Matriz até a capela – e no mesmo dia é realizada uma missa campal. A primeira atração musical da festa foi o conjunto de Egon Debatin (gaiteiro), Geraldo Gums (percussionista) e Luiz Maffezzolli, o Lola (cantor).

1970 até 1970 a Capela do Aymoré ficava exatamente na encruzilhada entre as ruas Carlos Boos, Sternthal e Gruenerwinckel. Mas neste ano a Festa dos Motoristas já começava a crescer e, com isso, foi comprado, por 115 mil cruzeiros, um terreno de 54,3 mil metros quadrados, e um outro de 1,5 metros quadrados. O padre Ivo José Ritter assumiu como pároco em Guabiruba e foi criada oficial a capela.

1980 Desde o seu início, a Festa dos Motoristas do Aymoré é conhecida pela boa música e atrações de peso. Em 1980, por exemplo, Milionário e José Rico participaram das festividades. A receita, segundo o memorial da festa, foi de 2,8 milhões de cruzeiros. No ano seguinte, outro grupo conhecido: Trio Parada Dura, e em 1982, Tonico e Tinoco, que eram sensação no país, apresentaram-se.

A década de 80 foi de ouro para a festa, pois em 1983 Teixeirinha e Mery Therezinha cantaram. O show foi um sucesso e a festa como um todo gerou uma renda líquida de 14 milhões de cruzeiros.

Em 84, foi a vez de Duduca e Dalvan, e em 85, Sergio Reis. Em 87, as Irmãs Galvão se apresentaram como atração principal. Já em 89, a dupla Miramar e Miraí apresentou.

1990 durante esta década e Festa dos Motoristas ganha projeção e cada vez mais pessoas participam. A festa manteve a tradição de ter um grupo ou músico mais famoso para encerrar as festividades.

Atualmente Nos últimos anos, a Festa dos Motoristas ganhou caráter regional e, hoje, atrai gente de várias cidades. Em 2017, a principal atração musical será Teodoro e Sampaio.