Fevereiro Roxo: como manter a qualidade de vida do paciente com Alzheimer
Mês é de conscientização sobre a doença que ainda não tem cura conhecida pela medicina
O Fevereiro Roxo é o mês de conscientização sobre algumas doenças que ainda não têm cura conhecida pela medicina. Entre essas patologias está o Alzheimer.
Com o aumento da longevidade, os casos de Alzheimer são cada vez mais frequentes, já que a incidência de demência é maior com o avançar da idade. O Alzheimer é a forma mais comum de demência.
O neurologista José Sion Cantos explica que a cada década vivida, a chance de desenvolver a doença é maior. “De 60 a 70 anos, a incidência é de 10% a 15%. Dos 70 aos 80 anos, a incidência é de 20% a 25%, já entre 80 e 90 anos, beira a 40%”.
O médico destaca a importância de um diagnóstico precoce do Alzheimer para que o paciente consiga viver com mais qualidade de vida e atrasar o avanço da doença, que é degenerativa e de progressão irreversível.
“A metade dos pacientes já está com demência e não sabe, ocasionando um atraso grande no diagnóstico”.
De acordo com o neurologista, é comum com o passar dos anos que as pessoas de idade tenham lapsos de memória, mas esses episódios não chegam a alterar a rotina. Ela continua a desenvolver suas atividades normalmente, sem grandes impactos.
“Quando esses lapsos são mais intensos, começam a complicar o dia a dia, dar transtornos, é preciso ligar a luz de alerta. Nem todo quadro demencial é Alzheimer. 70% dos casos corresponde ao Alzheimer, outros 30% são associados a outras doenças e desses, 10% não são degenerativos, ou seja, são curáveis. Por isso, é importante o diagnóstico correto e precoce”.
Hábitos que desaceleram a evolução da doença
O neurologista explica que após o diagnóstico de Alzheimer, os hábitos do paciente fazem toda a diferença para que ele atravesse o processo da melhor forma possível. Ter um modo de vida saudável é fundamental para que a doença avance lentamente.
“O principal fator que vai determinar como a doença vai evoluir é a qualidade de vida. Se o paciente não tinha uma boa qualidade de vida antes do diagnóstico, pode modificar a rotina e adotar hábitos mais saudáveis para uma degeneração mais lenta”. Confira dicas:
Atividade física
De acordo com o médico, praticar atividade física é fundamental tanto para prevenir ou retardar o aparecimento da doença, quanto para diminuir a velocidade da degeneração.
“Se não praticava exercício antes, o paciente pode começar de forma leve e, aos poucos, aumentando a intensidade. Atividade física intensa traz mais benefícios para as funções cerebrais. Tudo deve ser feito com orientação de um profissional para evitar lesões”.
Alimentação
A alimentação é outro ponto importante para conviver com a doença. O médico orienta que os pacientes façam refeições em menor quantidade, mas mais vezes durante o dia. “Toda sobrecarga alimentar, que acontece quando a gente come demais de uma vez só, gera estresse oxidativo que acelera a doença”.
O neurologista destaca que um dos alimentos que traz benefícios para o cérebro é a cúrcuma, também conhecida como açafrão da terra.
Hidratação
Ainda de acordo com o médico, a hidratação também é fundamental para o paciente com Alzheimer. “Pacientes com mais idade tem facilidade para se desidratar e o funcionamento cerebral é diminuído pela desidratação”.
Evitar preocupação
Quando recebe o diagnóstico de Alzheimer, é natural que o paciente fique fragilizado. Por isso, é recomendável que a família deixe o idoso isolado de outros problemas familiares, evitando mais preocupação e um agravamento do quadro. Entretanto, é preciso cuidar para não isolar o paciente da convivência em família, já que o apoio é fundamental para atravessar o momento de forma mais leve.
Atividades diversificadas
O médico orienta que os pacientes pratiquem atividades diversificadas, para estimular várias áreas do cérebro e, assim, reduzir o avanço da doença. Entre as recomendações está a prática de palavra cruzada, leitura, jogos de dama, xadrez, sudoku, baralho, e também atividades que estimulem a interação social. “É recomendável que o paciente aprenda novas habilidades após o diagnóstico”.
Evolução varia em cada paciente
O neurologista explica que nem todo paciente com Alzheimer tem o mesmo tipo de evolução da doença. Alguns evoluem de forma lenta, com desempenho aceitável na fase 1 da doença durante um longo período.
Já outros são acometidos de forma mais acelerada, chegando à fase 2 – quando há problemas de comunicação e interação social -; à fase 3 – quando perde-se o controle da urina e à fase 4 – quando o paciente fica impedido de realizar qualquer tipo de atividade, tendo a parte motora comprometida.
“O paciente tem sobrevida de 10 a 15 anos após o diagnóstico. Se ele já tinha outra doença concomitante, como diabete, ou problema cardíaco, o Alzheimer pode contribuir para piorar essas doenças”.
O médico lamenta o pequeno número de instituições que dão suporte aos pacientes com Alzheimer e também a falta de cuidadores especializados na doença, gerando um impacto social e até mesmo econômico, já que muitas vezes, um familiar precisa parar de trabalhar para se dedicar integralmente ao paciente.