Padre Flávio Morelli celebra 88 anos de vida e 60 de sacerdócio
Sacerdote é conhecido pelos bordões "que bom que você veio" e "como vai essa floricultura?"
Sacerdote é conhecido pelos bordões "que bom que você veio" e "como vai essa floricultura?"
Conhecido pelo seu bom humor, o padre Flávio Morelli, de 88 anos, da paróquia São Luis Gonzaga, tem sempre um sorriso no rosto e uma palavra acolhedora para dizer a qualquer pessoa que dele se aproxima.
O padre, que nasceu e viveu em Botuverá até iniciar sua trajetória no seminário, completou 60 anos de vida sacerdotal no dia 29 de junho. Nestas décadas de serviços prestado à comunidade, passou por diversos locais – foram 22 transferências -, muitos desafios e histórias.
Filho de Luiz e Tereza Morelli, o sacerdote é o quinto filho de uma família de 15 irmãos – dez mulheres e cinco homens. Na infância ele ajudava os pais no trabalho de transportar madeira e cal em carrocinhas. Aos 13 anos, em 1943, ele e seu irmão João foram fazer o que era chamado de estágio no seminário de Pinheiral, que pertencia a Nova Trento.
“O sacerdócio enobreceu, enalteceu, sublimou e divinizou a minha vida”
Um ano depois, o irmão reprovou e o padre Flávio seguiu a caminhada. De lá foi para o seminário de Corupá, onde por sete anos fez o ginásio científico. Em 30 de outubro de 1950 aconteceu o ato de recepção das batinas. Na sequência ele veio para Brusque e por mais de três anos passou pelas etapas de Postulantado, Noviciado e Filosofia. Neste período também fez os votos de obediência, castidade e pobreza.
Em 1954 ele foi estudar Teologia em Taubaté (SP), por onde ficou mais quatro anos. Após essa longa trajetória, de mais de 14 anos, em 1957 padre Flávio era ordenado sacerdote em Taubaté. A ordenação somente não foi antes pois em 1956 ele foi vítima de um disparo de arma de fogo acidental, que lhe atingiu um olho e impossibilitou o estudo durante seis meses.
Avalanches de transferências
Finalmente padre, iniciava uma longa jornada de experiências religiosas. Ao todo foram mais de 22 transferências, o que ele chama de “avalanches”. Morelli atuou como diretor de internatos, auxiliar paroquial, além de ter sido pároco. Passou por Formiga e Varginha (MG), Tubarão, Terra Boa (PR), Jabaquara e São José dos Campos (SP), Joinville, São Bento do Sul, entre outras cidades do país.
Sua primeira passagem pela região foi em 1967. Por quatro anos ele foi auxiliar paroquial e depois pároco da paróquia São Luis Gonzaga, em Brusque. No município teve um dos momentos mais difíceis da sua história, já que em 1971 decretou o fim do cemitério que tinha atrás da igreja matriz e ia até próximo ao convento Sagrado Coração de Jesus. Na época, foi muito criticado e o assunto “deu muito pano para a manga”.
De 1975 a 1976 ele foi atuar na paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Guabiruba. De 1998 a 1999 ficou novamente em Brusque na Casa Padre Dehon, onde se recuperou de uma cirurgia. De 2007 a 2009 trabalhou na paróquia São José, em Botuverá. Em 2010 voltou para Guabiruba e desde 2011 está em Brusque, onde pretende ficar.
Por tempo de trabalho, padre Flávio se aposentou em 1985 e em 2004 teve sua aposentadoria eclesiástica – por ter mais de 75 anos. Porém, seu amor à vida que escolheu seguir jamais lhe deixou parar de trabalhar em prol da comunidade. Hoje, ele reza, em média, uma missa por semana na matriz e nas comunidades da paróquia, principalmente na de Santa Terezinha e Dom Joaquim.
Encontro social
Para o padre, que tem uma metodologia diferenciada em suas missas, o mais importante é que as pessoas tenham um “encontro social” na igreja. É comum em suas abordagens dizer aos fiéis “que bom que você veio” e “como vai essa floricultura?” e solicitar que se cumprimentem e agradeçam a presença do outro na celebração.
“Não vamos à igreja somente para rezar, cantar, ouvir a palavra de Deus e participar do rito da Comunhão, vamos também para o encontro social”.
Morelli afirma que sua missão se dá muito pela “pedagogia do Pai”, de que é preciso salvar as pessoas por meio das pessoas. Ele destaca que Cristo não escolheu doutores, mas sim os simples pescadores e que por isso as pessoas precisam de poucas coisas para serem felizes. Segundo ele, “eu, Deus e o outro é a receita para ser feliz”.
Para o padre, “da mesma maneira que Jesus não nasceu, viveu e morreu de braços cruzados, as pessoas devem estar à disposição dos outros para estarem perto de Deus”. Em seus 88 anos de vida e 60 de sacerdócio, o padre apenas agradece pela oportunidade de ter saúde e estar bem para fazer o que mais ama.
“Se eu não tivesse vida, não seria padre. O sacerdócio enobreceu, enalteceu, sublimou e divinizou a minha vida”, diz o padre.
Missa em ação de graças
Neste domingo, 23, às 10h30, será realizada a celebração em ação de graças pelos 60 anos de sacerdócio do padre e pelos seus 88 anos de vida, na paróquia São Luis Gonzaga, no Centro. Após a missa será servido um almoço no salão paroquial.