Folhinhas, calendários e dia do cozinheiro
Com a internet, muita coisa está sumindo, sendo substituída por outras com a mesma função. É o caso das agendas impressas. Algumas empresas ainda mantêm a tradição de brindar os clientes e fieis compradores do seu produto, com uma agenda do ano próximo.
Mas, a prática está arrefecendo. Antes, se até o Natal, um amigo, o sindicato ou a associação de classe não nos presenteasse com uma agenda, corríamos à livraria para comprá-la e nos preparar para enfrentar o novo ano, com a consulta diária ao calendário, a leitura dos seus ditados moralistas e o uso de suas páginas em branco para pautar os compromissos de cada dia.
Sinto que o tempo da agenda impressa, tempo dos provérbios nem sempre lidos, pouco lembrados, muito menos praticados, está passando rápido. Tempo em que o primeiro olhar lançado no novo calendário voava célere para identificar os dias feriados que caíam na sexta ou na segunda feira.
Também já não vemos tantas folhinhas penduradas nas paredes dos nossos lares a marcar, a cada dia, o ritmo do tempo das nossas vidas. Estou me referindo àqueles calendários impressos em cartolina, mostrando todos os meses do ano e todos os dias de semana.
Essas folhinhas ainda resistem e são presentes do comerciante do bairro para os seus fregueses de caderno. Além da propaganda da casa comercial, estampam paisagens bucólicas da natureza, vistas panorâmicas de cidades turísticas e, até, belas jovens em traje de Eva. Mas, esses calendários da irreverência, não adentram as portas dos nossos lares. Só podem ser vistos quando vamos a uma borracharia consertar um pneu.
Presente de todos os anos de uma amiga da família, tenho em minha casa a tradicional folhinha do Sagrado Coração de Jesus, da Editora Vozes, com a conhecida estampa religiosa e um bloco-calendário. Suas folhinhas indicam cada dia da semana e do mês do ano e trazem mensagens e informações sobre religião, educação, filosofia, saúde, culinária, provérbios e inocentes piadas. Então, a cada manhã, o ritual do desfolhamento de uma folhinha, marcando o começar de mais um dia. Vejo a existência humana como a árvore que morre, pouco a pouco, ao perder suas folhas caindo sobre a terra-mãe.
Hoje, consultei a folhinha. Fiquei sabendo que é o Dia do Cozinheiro, profissional que enfrenta o calor do fogão para nos fazer o alimento de cada dia. A ele os meus cumprimentos. Como sou do tempo da família numerosa, reunida para o alimento repartido e distribuído para muitas bocas, gostaria de homenagear, também, aquela que chamamos carinhosamente de rainha do lar. Especialmente, quando essa heroína da multifacetada faina doméstica, ainda, encontra tempo para ser a divina cozinheira da família.