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A fome de alguém é sempre um apelo

A constatação da presença da fome é sempre um desafio e um apelo a desinstalação. É sempre um questionamento. Não é possível ficar tranquilo diante da fome. É preciso fazer algo. Portanto, agir. Para quem se diz cristão (ã), faz recordar que a fé tem uma dimensão comunitária, social. Que exige do crente uma solução […]

A constatação da presença da fome é sempre um desafio e um apelo a desinstalação. É sempre um questionamento. Não é possível ficar tranquilo diante da fome. É preciso fazer algo. Portanto, agir. Para quem se diz cristão (ã), faz recordar que a fé tem uma dimensão comunitária, social. Que exige do crente uma solução eficaz, a fim de saciar a fome do faminto. Foi justamente esta a lição que Jesus ensinou aos discípulos que queriam se eximir da responsabilidade, antes da multiplicação dos pães: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). Lema da CF23.
Portanto, não basta ter consciência da situação sociocultural do drama da fome. A fome de alguém me interroga e me questiona. Foi bem isso que Jesus fez os seus discípulos perceber com a advertência: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Claro que ela continua válida até hoje. Essa advertência que é um apelo pode ser considerada em nível pessoal, em nível comunitário e em nível social. O Texto-Base da CF23 nos dá uma série de sugestões práticas exequíveis em nossos ambientes. Vejamos algumas bem pessoais.

• “Partilhar do muito ou do pouco que se tem com aqueles que mais necessitam;
• Praticar a partilha na família, na escola, no trabalho etc.;
• Jejuar em atitude solidária com aqueles que pela miséria são obrigados ao jejum;
• Converter o resultado do seu jejum e da sua penitência quaresmal também em alimento para quem precisa; questionar o próprio estilo de vida e de alimentação;
• Ser solidário (a) com os que passam fome aguda – jamais renunciar à solidariedade;
• Colaborar nas campanhas de arrecadação de alimentos de entidades sérias e transparentes.
• Abolir o desperdício de alimentos, estabelecendo práticas de reaproveitamento saudável;
• Participar dos conselhos de direitos (humanos, da criança e do adolescente, da juventude, da pessoa idosa, de saúde…);
• Praticar o voluntariado;
• Envolver-se nos trabalhos e nas ações que já existem na comunidade, como a Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), o Serviço da Caridade, as Pastorais Sociais, a Caritas etc;
• Preparar uma refeição saudável e nutritiva no domingo de Páscoa e convidar uma família carente;
• Participar mais ativamente das discussões sociais de políticas públicas;
• Envolver-se na política com espírito cristão, não lavando as mãos como fez Pilatos nem difundindo a ideia errônea de que política não presta nem é lugar de cristão;
• Apoiar e participar de alguma pastoral social em sua paróquia”. (Cfr. Nº 166).

Como se percebe por essas sugestões há espaço, em nossa realidade sociocultural, para todos. Crentes ou não crentes, para realizar algo em prol dos que passam. Lembro (como escrevi na semana passada, aqui, nesse mesmo espaço jornalístico) que a fome de vários rostos. Então, veja você caro leitor e estimada leitora qual desses rostos você quer e pode auxiliar na satisfação de sua fome. Sem dúvida, será uma bela e salutar contribuição a construção do bem comum e na melhora da qualidade de vida.