Força da amizade: brusquense aponta como o apoio de amigas impacta no tratamento contra o câncer
Na terceira reportagem do especial A Vida Continua, Fernanda considera que o diagnóstico foi um divisor de águas na vida social
Na terceira reportagem do especial A Vida Continua, Fernanda considera que o diagnóstico foi um divisor de águas na vida social
O apoio dado pela família da brusquense Fernanda Pereira Berns, que luta contra o câncer de mama, é potencializado com amigas próximas. A moradora do Águas Claras conta com uma rede de pessoas próximas, que incluem as amigas Neide Silva Damasco e Vilma Jorge Voss, conhecida como Kika.
“O ciclo de amizades depois que descobri o diagnóstico. Conheci pessoas maravilhosas, que eu não esperava, que hoje fazem parte da minha vida. Dentre outras amigas que continuaram essa caminhada comigo”, inicia Fernanda.
Neide é uma amiga de longa data. Ela relata que ambas se conheceram no trabalho, há 13 anos. “Desde o primeiro dia, temos uma amizade muito sólida. Já aconteceram várias coisas, mas a nossa amizade nunca esmoreceu”, conta.
Fernanda destaca que o câncer fortaleceu a relação das duas, que já era forte. “Sempre foi uma amizade verdadeira e sincera”, diz. “Foi um baque. A gente não fica uma na casa da outra, mas nos damos apoio. Quando uma precisa chorar, uma liga para outra”, complementa Neide.
Uma vez por mês, Neide e Fernanda se reencontram com o grupo de amigas. Para elas, o encontro é regado de diversão, risadas e descontração.
Contudo, com o diagnóstico, outras pessoas se aproximaram da brusquense. Entre elas, está a Kika. “Uma doida”, introduz Fernanda.
São a ligações diárias de Kika, normalmente pela manhã, que Fernanda se anima para encarar o dia a dia. “A Kika é uma pessoa muito alegre, ela é meio doidinha, com um jeitinho dela”, continua.
As duas colecionam histórias, desde Kika se vestindo de palhaça para animar a Fernanda, folia dentro de um supermercado e a adoção de uma das cachorras da brusquense: a famosa Bandida. Kika explica que a pet levou o nome por roer todos os chinelos.
“A Fernanda me colocou como madrinha da cachorra e toda vez que venho aqui trago um par de chinelo. Toda vez que ligo pra Fernanda eu chamo ela ‘e aí, como tá a Bandida’, para saber se ela aprontou alguma coisa”, conta Kika. “Ela é uma peste. Quando eu penso que vou cair, ela está ali para me levantar”, completa Fernanda.
Para a brusquense, cada amiga ajuda de uma forma diferente, o que é importante no tratamento. Hoje, ela valoriza as que estão no lado dela, pois também perdeu amizades após o diagnóstico.
Cada apoio conta muito no cotidiano. São desde ligações, presenças físicas, mensagens ou encontros mensais. Isso inclui as palavras, escuta e acolhimento de Neide e as atitudes de Kika, como as saídas na qual Vilma amarra o cabelo e sai junto de lenço com Fernanda. “Para ela não ter receio e apoiar ela”, explica a miga.
“Nessa fase, a gente vê os verdadeiros amigos”, diz Kika. “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. É um casamento. Acompanhar, chorar, da risada, vibrar com cada vitória”, complementa Neide.
Ao falar da amiga, Neide se emociona. “Fico emocionada pela força dela, eu sabia que ela era forte, não sabia que fosse tanto. Ela é uma guerreira”, conta. “Ela é a minha irmã do coração, que eu incomodo todo dia”, continua Kika.
“Para mim é importante o apoio delas, saber que elas lembram de mim e que sou importante para elas. Ao descobrir o câncer, passa mil coisas pela cabeça. Tu achas que vais ser largada, abandonada, que as pessoas vão se afastar de ti. Eu tinha esse preconceito comigo mesma, sabe? Pelo contrário, elas me abraçaram, cada uma com o seu abraço”, finaliza Fernanda.
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