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Formada nas categorias de base de Nova Trento, Rosamaria se consolida como uma das grandes estrelas do voleibol nacional

Atleta do Pinheiros é a segunda maior pontuadora da Superliga

O ano de 2015 promete ser especial para uma neotrentina que vem ganhando cada dia mais destaque no cenário nacional. A temporada para ela começou com o título da Copa do Brasil de Vôlei e pode acabar com a sonhada conquista do mundial sub-23, que será disputado no meio do ano. O papel de protagonismo cabe a catarinense, da pequena cidade vizinha a Brusque, Rosamaria Montibeller, carinhosamente conhecida no mundo do vôlei e aclamada pelos fãs como Rosamaria, ou simplesmente Rosa para os mais íntimos.

A atleta que defende atualmente o Esporte Clube Pinheiros estreou como titular na Superliga há praticamente dois anos e, desde então, deixou de ser uma aposta para ganhar cada vez mais projeção e ser vista como uma das pupilas do ex-treinador e atual técnico da seleção brasileira de voleibol, José Roberto Guimarães. Foi ele um dos primeiros a lançar Rosamaria no cenário nacional na extinta equipe do Vôlei Amil/Campinas.

Desde lá, a jovem tímida, de olhos verdes, 1,85 metros e cuja beleza chama atenção, não deixou de crescer. Logo na primeira partida que iniciou como titular, em 28 de janeiro de 2013, diante do São Bernardo, teve a missão de substituir ninguém menos do que a experiente cubana Daymi Ramirez.  E a ponteira não decepcionou. Rosamaria não só cumpriu bem a missão de Daymi em quadra como foi a maior pontuadora . No fim do duelo, ainda foi escolhida como a melhor jogadora da partida. Seu time, o Campinas, venceu o confronto por 3 a 1.

Projeção

A partir disso, os holofotes recaíram sobre a neotrentina, que já tinha papel de destaque desde cedo defendendo as categorias de base da seleção brasileira. Pouco antes de ser anunciada como último reforço do Pinheiros para a temporada de 2013, em 2 de janeiro daquele ano, a catarinense havia conquistado o Campeonato Sul-Americano e o vice da Copa Pan-Americana Sub-23 na temporada 2012. Com apenas 18 anos já era capitã do grupo. “Estar dentro de quadra é uma responsabilidade muito grande e desde cedo assumi este papel. É algo que gosto muito”, diz a atleta.

Na verdade, tudo foi precoce na carreira de Rosamaria. Os títulos, as convocações vieram muito cedo, embora ao natural, para a atleta que chegou aos 9 anos para iniciar os treinamentos no projeto de formação Nova Trento/Tim. “A Rosa, quando tinha 9 anos, tinha medo de entrar no ginásio, mas logo mostrou seu potencial e uma evolução muito grande”, diz a primeira treinadora de Rosamaria, Vandeca Tomasoni.

Foi ela que começou a lapidar a jovem atleta ainda em seus primeiros passos no voleibol. Aos 12 anos, comenta que Rosamaria já chamava atenção pelo biótipo e qualidade técnica, além de apresentar ‘muita disciplina e se mostrar uma garota focada’. “Desde cedo ela já apresentava um amadurecimento muito grande. A partir disso foi evoluindo em todas as categorias. Ganhou todas as competições que disputou enquanto esteve na equipe, até os 17 anos”, comenta Vandeca, que é só elogios à pupila. “A Rosa é uma pessoa maravilhosa, que merece tudo que alcançou até o momento. Uma atleta que nos orgulha muito e que acredito que ainda trará muitas alegrias para Nova Trento”.

Experiência de gente grande

Os dois anos longe da família fizeram de Rosamaria uma ‘outra mulher’. A menina acanhada, de sorriso fácil que chegou para dividir espaço cedo com grandes estrelas do esporte ainda se habitua com o protagonismo. O carinho dos fãs e assédio da imprensa é rotineiro nos jogos do Pinheiros. Fato semelhante ao que já ocorria quando a atleta defendia o Campinas, mesmo não sendo uma das titulares da equipe.

Rosa ficou no time comandado por José Roberto Guimarães até o início do ano passado. Com a declinada do principal patrocinador o projeto encerrou e, por uma das ironias do destino, foi então que a jogadora ganhou mais projeção. “A vinda para o Pinheiros foi super importante. No Amil eu cresci bastante, mas é aqui no Pinheiros que estou tendo oportunidades”, revela.

De fato, a escolha pelo Pinheiros não podia ser mais acertada. Em um time de menor investimento, Rosa teve mais espaço, e se sobressaiu. Foi destaque, virou referência no time. Hoje é a segunda maior pontuadora da liga e ajudou a equipe a conquistar recentemente a Copa do Brasil em uma final inédita com o Sesi (SP). Foi a primeira vez desde a temporada 2000/2001 que uma grande disputa nacional foi decidida sem a presença de Rio ou Osasco.

“Fazia tempo que o Pinheiros buscava um título e acredito que a equipe merecia muito essa conquista. Sempre foi uma equipe difícil de jogar contra, que inclusive conseguia vitórias sobre os ‘ditos grandes’, apesar de sempre bater na trave. Mas é um grupo que já trabalhava há anos em busca disso. Foi a recompensa do trabalho”, comenta.

Atual quinto colocado da Superliga, o Pinheiros de Rosamaria volta às quadras somente no dia 20, quanto enfrenta o Dentil/Praia Clube (MG). A sete jogos do fim do returno, as equipes estão empatadas com 36 pontos, mas os adversários levam vantagem nos critérios de desempate em busca de uma das quatro vagas nas fases finais da competição. “É um confronto direto. Um jogo super importante e fundamental para nossa classificação. Por isso, precisamos fazer o papel de casa”, comenta a jovem neotrentina.

Enquanto o dia da partida não chega, Rosamaria divide entre os treinamentos em São Paulo e a visita a familiares, algo que segundo ela, costuma fazer com frequência. O último contato foi na terça-feira (3), quando ela voltou para a capital paulista após um período de quatro dias na cidade natal. “Sempre venho para cá quando posso. Minha família é muito presente também. Meus pais sempre vão me visitar e vão nos jogos. Minha mãe [Dona Adelir] já me acompanhou no exterior, então a gente se adapta bem com isso”, comenta.

Focada na Superliga e na equipe do Pinheiros, Rosamaria aproveita cada minuto do bom momento que vive, mas não deixa de vislumbrar outros planos. Quer começar uma faculdade. Pretende ‘manter a cabeça ativa’. Enquanto se decide entre design de interiores e arquitetura, ainda sonha com um objetivo maior: chegar a seleção brasileira principal.

“O objetivo é buscar futuramente uma oportunidade no time adulto que é algo que a gente sempre espera, apesar de saber que o caminho é mais longo. Por isso procuro não me cobrar muito e deixar as coisas acontecerem naturalmente, mas o pensamento final é esse”, revela.
Se depender da torcida da ex-técnica Vandeca, a oportunidade virá antes do que a atleta imagina. “Ela é uma atleta que sonha o tempo todo com a seleção. E acho que não vai demorar muito”, confia.