Foto de capa de álbum da banda Charlie Brown Jr foi tirada em casa de Brusque
Chorão era amigo da família que residia no local
A banda Charlie Brown Jr produziu um álbum promocional em 1999 intitulado “Aquele Luxo” e a foto da capa foi tirada em uma casa no bairro Souza Cruz, em Brusque.
A residência é do brusquense Aloísio Buss, que à época morava no local. Buss e a esposa, Marlise, as filhas, Caroline e Gabriela, e o filho, Anderson, mantinham uma amizade com Chorão, o vocalista, desde 1997.
Em 1999, toda a banda foi visitar a família, junto com a produtora e fotógrafos. Eles permaneceram durante todo o dia, conversando e tirando fotos.
Um ano depois, Buss recebeu uma surpresa. Ele estava acampando e alguns amigos foram buscá-lo, a pedido do Chorão, para que ele participasse de um show em Porto Belo. Naquele dia, a banda lançou o CD promocional. Para surpresa de Buss, a foto da capa era uma tirada na frente de sua casa.
Naquela época, a casa ainda estava rebocada. Alguns anos depois foi restaurada e ficou em tijolo aparente.
O início
Buss ouviu a banda pela primeira vez no rádio. Enquanto ele trabalhava, tocou a música do primeiro álbum “O coro vai comê!”. Ele recorda que ao ouvir já imaginou que a banda faria sucesso porque considerou o som muito agradável, mas nunca imaginou que fosse ser amigo do vocalista.
Uma visita em 1997 resultou na amizade de mais de dez anos. O primeiro contato foi quando a banda veio a Brusque para se apresentar pela primeira vez na cidade.
Chorão apareceu inesperadamente na rua Alberto Knop, número 459, no bairro Souza Cruz, junto com um amigo da família.
Quando Buss abriu a porta, encontrou o amigo que disse ter uma visita pra ele. Um segurança entrou, olhou a casa, saiu e depois quem entrou foi o Chorão. “Foi muito marcante a primeira vez que ele esteve aqui em casa”, diz Buss.
O brusquense conta que antes do cantor chegar, diversos amigos estavam na casa e foram embora para ir ao show. Naquela ocasião, Buss, Marlise e Caroline não iriam ao show por falta de dinheiro.
Chorão entrou, conversou com eles e questionou por que a família não ia ao show. Depois que explicaram, o músico entregou ingressos para que eles pudessem ir, e, durante a apresentação, chamou a família no palco. “Foi o início da amizade”, recorda Buss.
Depois disso, toda vez que a banda se apresentava pela região, Chorão visitava a residência da família ou então os levava aos shows. Segundo Buss, teve uma vez que o cantor até pagou uma topique para que eles pudessem ir.
No dia em que a banda lançou o CD promocional, Buss entregou um quadro para Chorão, que fez inspirado em uma foto tirada em uma das visitas do cantor.
A amizade
A amizade com o Chorão começou por acaso e era espontânea, eles conversavam sobre as músicas, sobre composições, sobre outras bandas e outros assuntos culturais. “Ele não tinha preconceito nenhum. Ele era uma pessoa simples e acessível, era amigo de quem achava legal”.
Em todas as vezes que eles se viram, Buss diz que Chorão sempre estava enérgico, muito agitado, mas o mesmo tempo era uma pessoa sensível, muito generosa, “que fazia de tudo para sustentar a amizade”.
Quando questionado sobre algum momento mais marcante, o brusquense afirma que é difícil dizer. “Cada vez que visitava era uma nova história”.
Teve uma vez que ele e os amigos foram até Timbó em um show, mas durante o trajeto tiveram um acidente e se atrasaram. Quando chegaram, a apresentação já havia começado. Buss recorda que Chorão viu os amigos entrando e parou o show para cumprimentá-los.
Inspiração
As conversas com a família eram inspiração para o cantor. Buss diz que durante uma conversa a filha dele, Caroline, disse uma frase que foi utilizada posteriormente por Chorão em uma das composições.
Conforme recorda, a frase seria “Só o que é bom dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível”, que está inserida na letra da música “Vícios e virtudes”, de 2003.
Recordações
Como lembrança da amizade com Chorão, Buss guarda alguns objetos. Ele diz que tem alguns pertences do cantor, que esquecia em sua casa durante as visitas. Um dos itens é um boné, que era utilizado pelo vocalista.
Além disso, o brusquense guarda alguns CD’s, que estão autografados carinhosamente por Chorão.
Buss também tem várias fotos de momentos com o cantor, sejam eles em sua casa ou então nos camarins dos shows. “Era um privilégio estar com ele”.
A perda
Buss não recorda com exatidão a última vez que viu Chorão, mas lembra que foi um ano antes da morte do cantor, que faleceu em 6 março de 2013. “Foi um dia muito triste pra gente”. Ele conta que recebeu ligações durante todo o dia, de amigos prestando condolências.
Recordando o que viveu, o amigo de Chorão diz que o sentimento é de valorizar a amizade e o trabalho do cantor. “Foi uma pessoa espetacular. Inesquecível”.