FOTOS – Conheça o trabalho feito por zoológico de Pomerode com animais silvestres resgatados
Com 90 anos de existência, o Zoológico de Pomerode tem papel importante no cuidado desses animais
Com 90 anos de existência, o Zoológico de Pomerode tem papel importante no cuidado desses animais
Com a diminuição dos habitats, aumento na dificuldade em conseguir alimentos e com o aumento do tráfico e posse ilegal de animais, muitos animais silvestres têm migrado para as cidades. Por conta disso, nos últimos anos, o resgate desses animais tem aumentado cada vez mais.
Segundo dados do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), dos últimos seis meses, Blumenau e região representam mais de 20% de todos os resgates de animais silvestres feitos em Santa Catarina. A localidade fica atrás apenas da Grande Florianópolis, que tem quase 50%. Esses dados representam os resgates de denúncias feitas ao IMA.
“O número de resgatados vem aumentando, principalmente animais silvestres machucados, já que por conta do crescimento das áreas urbanas, os animais acabam perdendo seu habitat natural. Muitas vezes, eles acabam colidindo com redes elétricas, janelas de vidro que não conseguem ver, colisão com veículos e até contato com cachorros de caça, por exemplo”, comenta Maurício Bruns, gerente executivo do Zoo Pomerode.
O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), os Projetos de Monitoramento de Praias, a Polícia Civil e a Polícia Militar Ambiental, tem feito esse trabalho de resgate. Mas afinal, para onde vão os animais depois que são retirados de cativeiros ou salvos de algum acidente?
Em Santa Catarina, todos os animais resgatados são encaminhados para os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), como a Cetas do Rio Vermelho, em Florianópolis. Contudo, às vezes, a densidade ocupacional desses locais é ultrapassada, então a organização precisa procurar instituições parceiras, como zoológicos.
Segundo Mauricio, zoológicos como o de Pomerode, são instrumentos e parcerias muito importantes para as Cetas, principalmente no papel de evitar a morte dos animais que foram resgatados, já que ao receberem os animais, dão tratamento especializado para cada um.
“Logo que os animais chegam aqui, enviamos eles para a nossa clínica veterinária, onde eles vão passar por uma bateria de exames e será feito a coleta de sangue também, para que seja possível ver as reais condições em que o bichinho se encontra. Além disso, eles também irão passar por um veterinário, que vai conseguir identificar se o animal tem mais algum machucado ou problema e dessa forma, é possível identificar e tratar o animal corretamente”, explica Maurício.
Além disso, depois que o animal é curado, há uma série de tratamentos que são seguidos antes de decidir o que será feito. Após passarem pela clínica veterinária e receberem alta, eles são encaminhados para uma espécie de quarentena, onde passarão cerca de sete dias sendo acompanhados e examinados.
Esse acompanhamento é muito importante, já que é preciso verificar se o animal não possui nenhum tipo de zoonose – doenças transmissíveis, que podem ser causada por bactérias, parasitas, fungos ou vírus. Só então, depois dessas verificações, que começam os trabalhos para readaptar os animais a conviverem com outros no Zoológico, ou para serem liberados para a natureza.
Os animais podem desenvolver novas doenças dependendo de onde estiveram. É preciso, portanto, que haja muito cuidado ao interferir no habitat das espécies.
“Uma vez nós recebemos um número grande de pinguins e queríamos devolver todos para a natureza, então entramos em contato com a Fundação Patagônia. Contudo, eles não quiseram receber os animais, pois esses 20 pinguins poderiam ter alguma doença, que seria transmitida para os mais de 1 milhão de pinguins que existiam na fundação”, relata Maurício.
Após esses tratamentos e cuidados, é decidido o que será feito com os animais. Segundo Maurício, há dois caminhos: se o animal estiver saudável e bem, será solto na natureza. Já se o animal estiver com alguma sequela, como amputação de algum membro, algum trauma muito grande ou se foi muito humanizado – e não sabe como viver na natureza, já que não desenvolveu instintos e pode morrer de fome por conta disso – acabam ficando no Zoológico.
Os animais que acabam ficando no Zoo passam por alguns processos antes de serem totalmente colocados com outros da spécie. Primeiramente, os animais passam por um período de adaptação. São colocados em um pequeno grupo, para ver como eles irão interagir entre si. Após essa observação, e se tudo ocorreu bem, o animal é finalmente colocado com o resto do grupo para convívio.
“Muitos animais acabam criando conflitos, então é preciso muito cuidado na hora de fazer essa adaptação e reintrodução. É um processo lento, precisamos ir passo a passo. Nunca podemos colocar um animal com os outros de uma hora para outra, não podemos forçar o convívio. É um processo complicado e é preciso muita responsabilidade”, esclarece Maurício.
Além disso, o Zoo também tem um trabalho interessante com a reprodução de animais. Segundo Maurício, os Zoológicos e as Cetas acabam se conectando para parear os animais. “Às vezes, o Zoo possui um macho de uma espécie, e as Cetas possuem uma fêmea dessa mesma especie, e acabamos nos conectando para parear esses dois animais. Isso serve par ajudar na não extinção de alguns animais e também para eles não ficarem sozinhos”.
Um dos maiores cuidados que o Zoológico de Pomerode tem é com a alimentação diária dos animais. Para cuidar disso, há um grupo de colaboradores dos zootecnistas, que estão no parque cuidando dos animais e de tudo que eles irão consumir dependendo de seu estado ou época do ano.
Maurício relata que é preciso tomar muito cuidado ao preparar a alimentação. A dieta específica de cada animal que fica no Zoo é levada em consideração. Se não houver cuidado, uma dieta ou alimentação errada pode acabar o matando.
“Os zootecnistas formulam as dietas baseadas nas ocasiões. Por exemplo, agora no inverno, as dietas são mais ricas em calorias. Já os períodos de reprodução, cada espécie vai receber uma alimentação diferente. Por isso, as dietas precisam ser trocadas e adaptadas entre cerca de três e quatro meses, no máximo”, conta Maurício.
Com 90 anos de existência, o Zoo Pomerode se consolidou como o maior de Santa Catarina. O local conta com cerca de 1 mil animais e com mais de 240 espécies. Além disso, também possui o título de primeiro zoológico particular do Brasil.
Fundado em 1932, o Zoo é uma fundação sem fins lucrativos. Todo valor arrecadado é revertido para o cuidado dos animais. Todo o trabalho feito é focado no bem-estar e conservação dos animais. A educação ambiental e desenvolvimento de pesquisas sobre os animais, é algo presente no local.
O Zoológico está aberto todos os dias da semana, das 8h as 18h. É possível acompanhar mais sobre o local através do Instagram.
Há um canal de denúncias para casos de comercialização irregular de animais silvestres. É possível também fazer o pedido de resgate de animais feridos e de filhotes desamparados.
Posse irregular de animais silvestres também pode ser denunciado. O contato é pelo WhatsApp de Resgate IMA, pelo número (48) 98808-3372.
Caso sejam avistados algum animal marinho/litorâneo que necessite de socorro deve-se ligar para: 0800 642 3341.
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