Em continuidade às publicações que buscam retratar um pouco da história das colônias alemãs fundadas em Santa Catarina, a coluna de hoje (a última da série que antecede as festas de outubro), tem como tema a Colônia Itajahy (atual Brusque).
A ordem imperial e a colonização de Brusque
Em 1860, no mesmo ano em que o mais importante empreendimento da colonização do Itajaí-Açú – a Colônia Blumenau – passava às mãos do Governo Imperial, ordenava este ao Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. Araújo Brusque, que desse início à colonização do Itajaí Mirim. Assim, à 4 de agosto de 1860, à margem esquerda do rio Itajaí Mirim, era fundada a Colônia Itajahy. Seu primeiro diretor foi o Barão Von Schnneburg, antigo oficial da cavalaria do exército austríaco, que aportou no local com 54 colonos.
Como chegaram os imigrantes
Narram as crônicas que os imigrantes levaram seis dias para subir o rio, da sua barra (Itajaí), até o ponto do seu desembarque em “Vicente Só”. Estes imigrantes haviam saído de Desterro (atual Florianópolis), a bordo da “Belmonte”, canhoneira da marinha de Guerra do Brasil, que fundeou justamente na Barra do Rio, onde estava situado um armazém próprio para pouso provisório dos colonos e de onde os imigrantes deveriam seguir em canoas para o local destinado ao estabelecimento da colônia.
O que já existia em Brusque
Quando o grupo chegou, encontrou a área ocupada e teve que disputar espaço com os Xokleng. Além dos “bugres”, a colônia já vinha sendo explorada por outros imigrantes, dentre eles Pedro José Werner e o lendário “Vicente Só. Em 1860, existiam na região três engenhos de serra, pertencendo, um, a Pedro Werner, outro ao comerciante Sallentien e o terceiro, instalado em Pedras Grandes, era de Paulo Kellner. Assim como os colonos recém-chegados, os três eram alemães. Também Reinhold Gaertner, sobrinho do Dr. Blumenau, era proprietário de imóvel na região de Brusque.
O primeiro abrigo
Ao chegar, os imigrantes e o Barão Von Schnneburg abrigaram-se no rancho de Pedro Werner pois nenhuma providência havia sido tomada pelo Poder Público para instalar os colonos. Exceto pela designação do local, nada mais havia sido providenciado. Como consequência, durante nove meses os imigrantes ficaram instalados precariamente num rancho de palha até que pudessem ocupar definitivamente os lotes que lhes foram designados. Mesmo então, não conseguiram dedicar-se integralmente aos trabalhos agrícolas, pois nos primeiros anos tiveram que se dedicar à construção de estradas.
O progresso do núcleo colonizador
O progresso do núcleo foi surpreendente pois a notícia da salubridade do lugar e a fertilidade de suas terras rapidamente se espalhou, atraindo grande número de colonos ao novo estabelecimento, principalmente badenses que emigravam para fugir da fome decorrente do empobrecimento massivo em Baden. Pelos censos, em 1861 a população era de 657 pessoas. Em 1863, já atingia 938 habitantes, dos quais 659 eram católicos e 279 luteranos. A população desses primeiros anos era quase toda teuta (alemã). Ao final do século XIX o território achava-se povoado e cultivado por alemães, italianos, poloneses e, claro, por aqueles que aqui já estavam. A colônia se tornou um grande centro produtor de gêneros agrícolas e artefatos industriais.
A antiga colônia Itajahy deu certo. Prosperou, cresceu e foi dividida. Desta divisão, duas cidades têm predominância da colonização alemã: Brusque (antiga sede da Colônia) e Guabiruba.
As outras cidades que foram desmembradas foram colonizadas por imigrantes italianos.
Fontes:Oswaldo R Cabral (1958); Max Tavares. D’Amaral (1950).