Fumaça da usina de asfalto de Brusque causa transtornos a moradores do Cedrinho
Falta de filtro é a causa do problema que se arrasta há dois meses, mas prefeitura garante solução em breve
A falta de filtros na chaminé da Usina Municipal de Asfalto de Brusque tem causado transtornos aos moradores das proximidades. Localizada no Cedrinho, a usina produz uma fumaça branca e tóxica que já causou inclusive problemas de saúde aos moradores do entorno. Segundo relatos, há cerca de dois meses a emissão se intensificou.
Para agravar a situação, a usina é próxima ao Lar dos Idosos Lions Clube de Brusque. O ambiente criado para acolher pessoas da terceira idade também vem sendo diretamente afetado pela poluição. Portas e janelas permanecem fechadas nos períodos em que há produção na usina.
“Já no dia 27 devemos ter os primeiros trabalhos da empresa vencedora da licitação, e a usina ficará fechada até 2 de maio justamente para os procedimentos”, Ricardo José de Souza, secretário de Obras de Brusque
Segundo o secretário de Obras de Brusque, Ricardo José de Souza, o problema já deveria ter sido resolvido, mas a burocracia prolongou a emissão da fumaça. “No fim do ano passado buscamos uma empresa por meio de edital para que realizasse a manutenção da usina e realizasse a troca de filtros. Uma empresa venceu a licitação, mas a concorrente entrou com recurso, e isso emperrou tudo”.
Contudo, ele explica que a expectativa da prefeitura é de que haja uma solução até o fim do mês. “Já no dia 27 devemos ter os primeiros trabalhos da empresa vencedora da licitação, e a usina ficará fechada até 2 de maio justamente para os procedimentos”, completa.
Problemas de saúde
Marli de Jesus Maciel Bueno realizou na última semana um raio-x dos pulmões. Ordens médicas, afinal, a vizinha da usina vem sentindo dores. Apesar de ainda não ter o resultado, sabe que a poluição vem lhe causando mal. “Eu fiquei mais de 23 dias com rouquidão, sem conseguir falar direito. Essa fumaça causa catarro, problemas de respiração. Tem que sair de casa usando um pano pra proteger a garganta”. Ela também está tomando um remédio para tosse.
O transtorno também é com a limpeza das casas. A fumaça traz consigo sujeira e fuligem, e os vidros e móveis precisam de limpeza constante, como explica Marli. Além da fumaça, o pó de brita também se acumula pelas casas no entorno da usina.
Segundo a portaria 1339 do Ministério da Saúde, que lista doenças originadas no processo de trabalho, os componentes da fumaça exalada no processo de produção do asfalto geram risco para a formação de câncer de pulmão e dos brônquios, os epiteliomas (câncer de pele), e o câncer de bexiga, além de uma série de outras doenças.
Preocupação no Lar dos Idosos
“Se eles não têm esse filtro, então que parem a usina. Sou dessa opinião. Não pode ser possível que as pessoas que estão ao lado sejam prejudicadas”, Nilton Rozini, filho de uma moradora do Lar dos Idosos
Com a mãe no Lar dos Idosos, que fica próximo à usina, Nilton Rozini demonstrou preocupação. Há algumas semanas ele presenciou o local sendo fechado para que a fumaça não afetasse os moradores. “A minha mãe tem 92 anos, não posso deixar ela sozinha em casa. É triste, essas pessoas não merecem este tratamento”, diz.
Na opinião de Nilton, a prefeitura precisa dar uma resposta imediata aos moradores da região e ao Lar dos Idosos. “Se eles não têm esse filtro, então que parem a usina. Sou dessa opinião. Não pode ser possível que as pessoas que estão ao lado sejam prejudicadas”.