Funcionários elencam principais necessidades das UBS de Brusque
Fórum Sindical apresentará relatório à prefeitura e ao MP-SC após vistoria em quatro unidades de saúde
Membros do Fórum Sindical dos Trabalhadores de Brusque e região realizaram na segunda-feira, 27, visitas a Unidades Básicas de Saúde de Brusque. A iniciativa já foi realizada anteriormente, em 2017, quando representantes de entidades sindicais foram até os postos para conhecer e identificar os problemas de cada um deles. Os locais visitados foram os bairros Limeira, Santa Terezinha, Bateas e Steffen.
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Na visitas realizadas no ano passado, as principais demandas e reclamações das unidades eram em relação à falta de profissionais – médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde -, medicamentos e materiais de higiene, bem como de expediente. O relatório final foi entregue pelo Fórum à Prefeitura de Brusque e também ao Ministério Público de Santa Catarina. A mesma metodologia foi empregada nas visitas deste ano, e o relatório será debatido com a prefeitura em reunião nesta quarta-feira, 29.
A iniciativa é do próprio Fórum e, em 2018, além de identificar os problemas de cada uma das unidades visitadas, os representantes sindicais buscaram um retorno quanto às demandas apresentadas no ano passado.
O secretário-geral do Sindmestre, Jean Carlo Dalmolin, afirma que as visitas têm, além da intenção de fiscalizar, o objetivo de auxiliar na melhoria dos serviços públicos. “Hoje, os sindicatos de Brusque possuem atendimento médico e odontológico que suprem as necessidades de boa parte da população. Estamos fazendo essas visitas com base na reclamação de muitos associados. A população é quem paga os impostos, nada mais justo do que ter um atendimento adequado nas UBS.”
Estiveram presentes na visita representantes do Sindicato dos Mestres e Contra-Mestres da Indústria Textil (Sindmestre), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brusque e região (Sintricomb), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia e Tinturaria de Brusque (Sintrafite), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque e Região (Sindivest) e Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Brusque (Sinseb).
UBS Limeira
No bairro Limeira, a unidade de saúde recebe moradores da Limeira Alta, Limeira Baixa e também do residencial Sesquicentenário. São três equipes responsáveis por atender as três regiões. Em relação ao ano passado, a equipe afirma que o quadro da falta de medicamentos melhorou – hoje, um problema recorrente é a falta de material de expediente. Segundo funcionários, no fim do mês, chega a faltar folha sulfite.
Quanto ao número de profissionais, a unidade precisaria de mais agentes comunitários para suprir as necessidades, visto que compreende todo o bairro. De acordo com uma das enfermeiras, o posto de saúde da Limeira Alta deveria ter suas atividades iniciadas, para desafogar a UBS. “Os moradores daquela região vêm para cá e isso deixa a nossa equipe sobrecarregada”, afirma.
De acordo com Vanessa da Silva Reimer, moradora do Sesquicentenário e usuária da UBS Limeira, às vezes ainda há falta de médicos e um problema sério é a demora para conseguir marcar exames. Ela está há três meses esperando para realizar um exame, e afirma que, se tivesse condições, procuraria atendimento particular. “Mas a gente depende do SUS. Remédio, nunca tem. São quatro, cinco meses de espera para conseguir fazer um exame de urina. Fiquei seis meses pra marcar dentista pro meu filho, nunca tinha um profissional, e quando tinha, faltava cadeira, faltava material.”
Moradores da Limeira Alta contam que o posto de saúde do local, que ainda não possui atendimento, já foi atingido por alagamentos e alvo de vandalismo. Embora a estrutura esteja pronta, o espaço ainda não possui mobília. Por falta de uma unidade próxima, os residentes da região precisam se deslocar até a UBS da Limeira para conseguir atendimento.
UBS Santa Terezinha
Para a coordenação, as condições da UBS melhoraram desde a última visita do Fórum. “Medicamento é o que mais melhorou, tem pouca coisa que falta na farmácia”, comenta a coordenadora Ana Paula Buchele. Ela também diz que o recebimento de materiais de expediente e de higiene se aprimorou do ano passado para cá, embora ainda não seja o suficiente para as demandas da unidade.
A UBS do bairro atende tanto a população do Santa Terezinha quanto do loteamento Emma 2, o que deixa as duas equipes de atendimento sobrecarregadas. “A UBS do loteamento, apesar de estar pronta, ainda não funciona”, diz a coordenadora.
Uma das principais reivindicações apontadas na unidade é quanto à necessidade de uma equipe volante, que pudesse substituir profissionais que estão em falta. Quando um funcionário se afasta, seja por férias, doença ou qualquer razão, a equipe fica defasada e ainda mais sobrecarregada. Na UBS, Ana Paula afirma que faltam agentes de saúde.
Para marcar consultas, o tempo de espera gira em torno de 20 a 30 dias. Para realizar exames de rotina, a espera é maior: há pessoas aguardando desde maio. Como o agendamento é organizado por fila única, casos de maior urgência conseguem horários antes – porém, devido ao atendimento expandido para o Emma 2, há mais demanda por serviços na UBS.
UBS Bateas
Também visitada pela equipe do Fórum no ano passado, a equipe da unidade de saúde do bairro Bateas relatou melhorias no abastecimento de medicamentos e também uma equipe bastante completa, que precisaria apenas de mais um agente de saúde. As agentes atuantes no bairro, para suprir essa falta, se dividiram para conseguir cobrir toda a área.
A equipe relatou questões pontuais, como a máquina de lavar da unidade, que está estragada há mais de um mês e ainda sem previsão de substituição, e também a questão do alvará, documento necessário para realizar a dedetização do espaço, que está vencido. “Uma unidade de saúde não poderia ficar sem isso”, comenta uma das enfermeiras.
Quanto aos materiais de expediente e de limpeza, muito é obtido através de vaquinhas realizadas pelos funcionários e doações. Para manter limpa a sala onde é realizado o exame preventivo, profissionais de enfermagem ajudam na limpeza e fornecem os materiais sanitários. “O que tem aqui não é suficiente, geralmente sai do nosso bolso.”
Para tentar ampliar o alcance da campanha de vacinação, a UBS fez, por conta própria, convites que foram enviados às escolas para serem distribuídos entre os alunos. Tudo foi feito com investimento dos funcionários.
UBS Steffen
Além dos moradores do bairro, muitas pessoas de outras regiões da cidade procuram o posto de saúde do Steffen para atendimentos e exames. Buscando diminuir a demanda na unidade, a coordenação passou a orientar aos moradores de outros bairros para que procurassem as unidades de saúde locais.
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Usuários relatam que, para marcar uma consulta com um pediatra, a espera chega a ser de mais de um mês, e que quem atende as crianças acaba sendo o clínico geral. Quando a procura é por atendimento odontológico, é ainda mais difícil: só uma vez por semana, com apenas três fichas de atendimento.
Uma das reivindicações da unidade é por servidores responsáveis pela limpeza. Quando o local foi atingido por alagamentos, quem limpou foi a equipe, e quem “tapa o buraco” são os profissionais da enfermagem. Uma funcionária comenta que, recentemente, havia ratos no posto de saúde, que está com o alvará sanitário vencido desde 2016.
A unidade não registra grandes problemas com falta de material de higiene e expediente, embora nem sempre receba a quantidade necessária. De acordo com uma funcionária, materiais como luvas são recebidos em poucos tamanhos, o que dificulta a utilização, e equipamentos como o sonar (aparelho para auscultar fetos) são de “péssima qualidade”.
Com cerca de 12 a 15 urgências diárias, tanto no período da manhã quanto da tarde, a equipe da UBS fica sobrecarregada, o que poderia ser amenizado com a contratação de mais técnicos de enfermagem. Quanto ao atendimento odontológico, a UBS ficou cerca de um ano parada, por falta de aparelhagem.