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Futebol do Brusque é pobre, mas sinceridade de Filipe Gouveia é louvável

Treinador ainda não consegue fazer o time jogar o que o torcedor quer; contudo, consegue falar o que o torcedor sente

Entre as poucas coisas positivas no Brusque neste início de 2025 está a chegada do técnico Filipe Gouveia, com sua implacável sinceridade nas entrevistas coletivas. O treinador português chegou em cima da hora para comandar o quadricolor no Catarinense e, também por isto, tem muitas dificuldades em fazer seu time vencer e jogar um futebol consistente. Mas mesmo deixando a desejar em resultados, ele se destaca positivamente com esforço à beira do campo e clareza, sinceridade e precisão fora dele.

Se a atuação do Brusque é terrível, Filipe Gouveia fala. Se ele precisa jogar com Rodolfo Potiguar contra sua vontade, respeitando o contexto do curtíssimo elenco, ele fala. Se ele sente que há falta de vontade no time, ele fala que só quer jogadores que queiram estar no clube. E do outro lado, mesmo se falhas individuais de jogadores decidirem uma derrota, o português reivindica a responsabilidade pelo mau resultado.

Outros treinadores jamais fariam isso. Teriam justificado o nojento primeiro tempo contra o Joinville com alguma desculpa, alguma história. Fingiriam estar tudo bem. Mas o atual técnico do Brusque já mostrou que falar as coisas como são é hábito, e o contrário será exceção. Ele não subestima a inteligência das pessoas, não faz o torcedor de bobo. Suas coletivas de imprensa têm trazido um ar de renovação.

E à beira do campo, Filipe Gouveia não se omite. É participativo, presente, sem medo de mudar um time que não está funcionando. Em dois jogos consecutivos, fez três alterações no intervalo, colocando atletas que ainda não estão prontos para 90 minutos, mas que contribuíram muito nas etapas complementares.

Um dos problemas é que, apesar do entendimento do jogo e dos esforços feitos, os resultados são ruins. O jogo contra a Chapecoense foi uma aberração à parte, mas fato é que o Brusque só não está na zona de rebaixamento por saldo de gols e recebe o 11º colocado, Caravaggio, nesta quarta-feira, 29. A luta do Brusque no Catarinense 2025 é, primeiramente, contra o rebaixamento, e vencer é obrigação. Não importa se o elenco é curto, se o ataque é sofrível, ou se a defesa, sólida, já se mostrou sujeita a um colapso bizarro.

Outra questão a ser considerada é como o elenco do Brusque tem lidado e vai lidar com um treinador que faz crítica e autocrítica abertamente. Se vai tratar o perfil do novo treinador de modo construtivo, ótimo. Se vai tratar com muito melindre e resistência, poderão surgir conflitos de culturas e estilos.

Ainda assim, Filipe Gouveia tira o Brusque da mesmice e faz pensar o que seria do quadricolor, em condições normais, sob seu comando.

A reunião decisiva

O Brusque definirá nesta quinta-feira, 30, seu futuro sobre se tornar uma SAF e uma eventual venda. Embora seja tudo muito nebuloso e incerto no momento, buscar esta venda é praticamente inescapável, quase um ultimato para a continuidade do clube. Porque não há quem dê sequência e quem mantenha o clube fora de uma transição como esta.

As situações, postas como estão: uma diretoria cansada e de saída; um clube bastante endividado; zero grupos interessados em assumir o clube associativo via eleição. Qual outro caminho existe? Para que o quadricolor persista no nível em que chegou, está quase impossível sem SAF. Em modo normal, poderia haver opções, mas, infelizmente, não parece haver.

Uma transição precisará ser tratada com transparência ativa e com direção a um projeto que, no mínimo, mantenha com segurança o Brusque no patamar atingido a partir de 2019. É tudo incerto, tudo parecendo inseguro, mas tudo parecendo inevitável.

A jaula de vidro

A imprensa visitante (e parte significativa da local) que cobre os jogos do Brusque no Augusto Bauer assou na jaula de vidro nestas primeiras rodadas. Trata-se de uma suposta cabine de imprensa sem circulação de ar. Sem ventilador. Sem ar condicionado. Com a parede de vidro ficando embaçada com o passar do jogo, dificultando a visão. Sob calor próximo ou superior a 30°C no lado de fora, à tarde ou à noite, com um bafo e sensação térmica ainda maiores dentro.

Isto para não citar que não há cadeiras na quantidade correta e na altura correta para uma bancada bamba e improvisada. E o banheiro trancado. 

Vai mudar alguma coisa para o próximo jogo? Talvez, mas provavelmente não.


Assista agora mesmo!

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