Gaeco cumpre mandado de busca e apreensão em empresa de Brusque
Policiais estiveram na sede da Múltiplos na manhã desta terça-feira, 26
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Itajaí realizou uma operação na manhã desta terça-feira, 26, na sede da empresa Múltiplos Serviços e Obras, no bairro Guarani, em Brusque. No local, os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão.
Segundo o promotor da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca, Daniel Westphal Taylor, a operação teve como objetivo “verificar se o proprietário [Everson Clemente] se afastou do comando da empresa, conforme documentação oficial”.
Em 18 de abril foi aberta uma ação penal contra o proprietário da Múltiplos, ainda em trâmite, para apurar a prática de diversos crimes de fraude à licitação e de associação criminosa.
No pedido de busca e apreensão formulado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) sustenta-se haver indícios de que Clemente tenha incluído um novo sócio no quadro societário da empresa Múltiplos e, apenas se afastado formalmente da administração.
Isto, conforme a denúncia, seria uma forma de burlar a medida cautelar que foi imposta na ação penal, que proibiu o empresário e qualquer pessoa jurídica por ele administrada ou representada de participar de procedimentos licitatórios e de celebrar novos contratos com qualquer ente público municipal ou estadual. Clemente figurou como sócio-administrador da empresa Múltiplos até junho de 2017.
Na ação penal, os procuradores de Clemente informaram, por meio de petição, que o contrato social da empresa Múltiplos havia sido alterado, de maneira que a empresa, que até então era constituída apenas por ele, teria passado a contar com um novo sócio, Jackson Santana. Este, então, passou a ser, supostamente, o único administrador da empresa e Clemente realizaria exclusivamente atividades de suporte logístico da empresa.
Entretanto, as investigações realizadas pelo Gaeco apontaram “fortes indícios de que a alteração não condiz com a realidade”. Inclusive, a alteração contratual teria servido apenas para burlar a decisão judicial.
As apurações feitas pela equipe policial mostraram ainda que Santana havia sido contratado em 2012 para exercer a função de auxiliar, com salário mensal de R$ 770. Cinco anos após, “em ascensão vertiginosa”, teria chegado ao topo da empresa, passando a ser sócio-administrador.
Apreensões
Durante a operação na empresa Múltiplos durante a manhã desta terça-feira, foram cumpridos mandados no intuito de apreender documentos, inclusive os que estavam armazenados em computador, relacionados com os fatos da investigação.
Também foram apreendidos celulares e feitas buscas no interior dos veículos vinculados à empresa, que estavam estacionados no pátio.
Diligências em prefeituras
Ao mesmo tempo em que a operação ocorria na empresa Múltiplos, outras equipes do Gaeco também fizeram busca e apreensão de documentos nas prefeituras de Rio do Sul, São João Batista, Brusque, Balneário Piçarras e Porto Belo.
Nestes locais, os agentes buscaram por documentos relacionados a processos licitatórios, contratos e aditivos com datas a partir de 10 de junho de 2017, que tinham relação com a Múltiplos e o proprietário Clemente.
Em Brusque, o secretário de Governo e Gestão Estratégica, William Molina, disse que a prefeitura se colocou à disposição dos agentes do Gaeco. “Foram pedidos documentos dos últimos anos. Mas, asseguro que nesta gestão não temos contrato com a empresa Múltiplos e é do nosso interesse que toda a situação seja esclarecida”.
Em São João Batista, a secretária de Administração, Rosane Sartori Rosa atendeu os integrantes do Gaeco e colaborou durante as diligências.
A empresa Múltiplos foi procurada para tratar do assunto, mas os responsáveis não foram localizados.