Garçom Sorriso – Crédito: Sarita Gianesini |
Ele não sorri à toa. Carlos André sabe que sorriso é espelho.
Que cara amarrada consegue permanecer inalterada diante da alegria exposta na face do outro? A boca em curva que a(s)cende de canto a canto empurrando as pálpebras que se fecham um pouquinho.
Sorriso é expressão que reflete. Experimente prestar a atenção nas pessoas enquanto estiver andando por aí. Tente ver quem passaria invisível pelos seus olhos. E quando você encontrar o outro, ali, logo em frente do seu olhar, sorria. Difícil vai ser não ver o seu sorriso se abrir no outro.
Quanto vale um sorriso? Vale a pequena alegria de encontrar no outro um igual. E pode até ser que essa pequena felicidade sorridente seja tão efêmera quanto as palavras impressas neste papel. Mas às vezes é tão óbvio, que a gente que anda pelo mundo e se esquece de viver as simplicidades.
Carlos André é mestre nesse negócio enxergar as pessoas. E não é ver de qualquer jeito. Ele percebe e demonstra que percebeu o outro de um jeito único: sorrindo. Por isso é que desde a oitava série do Ensino Fundamental, ainda em Porto Alegre, é que a gurizada começou a chamá-lo de Sorriso. Carlos André é o Sorriso.
Pode ser encontrado no Bar Duda Belli de segunda-feira a sábado, das dez da manhã à uma da tarde. E, de novo, das seis da tarde até o bar fechar, lá pela uma da madrugada. Apesar dos horários bem definidos, não pense o leitor que foi fácil para a repórter abordar o protagonista do dia.
Não haveria nenhum estranhamento em ir a um bar ver a realidade de Sorriso fosse a repórter sujeito do gênero masculino. Porque ainda que o feminismo tenha sido absorvido e ultrapassado, certos bares tradicionais são redutos de homens. Pontos de encontros aonde os assuntos vão desde a conversa jogada fora pelo puro gosto do discurso, passando pelas discussões sobre futebol, até chegar às questões filosóficas, sociológicas e políticas.
A repórter passou algumas horas tentando uma definição para bar ou boteco, já que as fornecidas pelos dicionários lhe pareceram reducionistas. Foi até a infância, buscou as lembranças embaçadas dos três, quatro, cinco anos de idade. Tempo em que sábado de manhã era dia de acompanhar o pai no Bar e Cancha São Cristóvão. Laranjinha amarela fluorescente na mão, pés balançando sem alcançar o chão do alto do banquinho, olhava o pai e, às vezes até o nonno, jogando bocha até o sino da igreja dizer que era meio-dia.
Terminados ‘os bastidores da notícia’ e superados ‘os desafios da reportagem’, vamos à história de um certo Sorriso, que circula entre o balcão e as mesas do bar da rua Adriano Schaeffer.
** A história completa, com todos os detalhes, você lê na edição impressa do Jornal Município do dia 8 de fevereiro.