Geração de empregos em Brusque sofre queda acentuada
Dados do Caged mostram que geração de empregos na cidade é a menor dos últimos três anos
O primeiro trimestre deste ano registrou a maior queda na geração de empregos no município em comparação ao mesmo período dos três anos anteriores (ver no destaque). De 2014 a 2015, a queda foi de 39%: enquanto os primeiros três meses do ano passado criaram 2.092 novos postos de trabalho, 2015 registrou 1.269.
Os dados – divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – são semelhantes aos do estado. Somados, todos os municípios de Santa Catarina também registraram a maior baixa no primeiro trimestre deste ano em relação aos anos anteriores. Em 2014, o estado criou 52.622 novos postos de trabalho e, em 2015, 30.693. Ou seja, queda de 41%.
Para especialistas, os números são reflexos da instabilidade econômica do país, que gera insegurança no mercado de trabalho. Economista e professor da Univali, José Coninck aponta, como principal influência no atual quadro da geração de empregos, a incerteza dos empresários e dos consumidores em relação ao futuro.
“Há um conjunto de políticas macroeconômicas restritivas. A política monetária e a política fiscal estão rodeadas de aperto no país. Diante desse quadro, o futuro é incerto. E com essa perspectiva de incertezas, o empresário não amplia a produção e o consumidor, que até então era um elemento dinâmico da economia brasileira, passou a ficar mais cauteloso. Inclusive porque ele está mais endividado. Tudo isso reflete na geração de emprego”, explica.
Diante do cenário negativo, Coninck diz que, para o trabalhador, a estratégia é manter-se no emprego atual para não correr o risco de ficar fora do mercado. Ainda de acordo com o economista, a baixa na geração de empregos deve continuar no ano que vem em razão da expectativa do mercado de que o ajuste macroeconômico dure dois anos.
Mais candidatos do que vagas
A baixa do primeiro trimestre deste ano em relação aos três anos anteriores é confirmada não apenas pelos dados do Caged, mas também pela carência de vagas de empregos nas agências do município e no Sistema Nacional de Emprego (Sine).
Atualmente, de acordo com o novo coordenador, Ademir Hodecker, o Sine de Brusque disponibiliza, semanalmente, cerca de 18 vagas de emprego. Em contrapartida, o número de candidatos dispara: ocorrem cerca de 100 atendimentos por dia.
“Não posso responder pelos três primeiros meses porque não estava aqui. Mas a economia está em recessão e isso ocorre no país todo. Está difícil conseguir encaminhar as pessoas pela falta de disponibilidade de vagas”, diz.
Na agência de empregos Zhafen, o quadro é o mesmo: poucas vagas para muitos candidatos. A proprietária Marcia Maurici Steffen diz que, nos dois primeiros meses de 2015, o cenário estava melhor do que no ano passado, entretanto, em março o número de vagas decaiu novamente.
“Deu uma queda horrível. Se antes eu tinha 10 folhas com vagas disponíveis, agora tem a metade. O que caiu mais foram as vagas de produção nas fábricas, praticamente não tem. Não sei de quem é a culpa, mas está bem difícil”, lamenta.
O proprietário da Céu RH, Graziano Grigório, afirma que a agência também teve queda “significativa” no número de vagas disponíveis. Para ele, a elevação de juros, o aumento de tributos e a inflação em patamar elevado podem ser os causadores da queda na geração de empregos no município.