Gerente é preso junto com ladrão após furto de carne
Caso aconteceu em Brusque na última sexta-feira, 3, e repercutiu nas redes sociais
Um furto de carne em um supermercado de Brusque chamou a atenção nesta semana nas redes sociais, graças ao relato do delegado David Queiroz de Souza em sua página no Facebook. No texto “Não fiz concurso para Batman!”, ele conta um caso que chegou à delegacia de Brusque na última sexta-feira, 3, durante o seu plantão.
Um homem de 29 anos foi preso depois de furtar 14 pacotes de carne de um supermercado, avaliados em aproximadamente R$ 500. Em depoimento, o bandido revelou que era viciado em drogas e que havia levado apenas quatro pacotes de carne. Ao ser questionado pelo delegado, o gerente afirmou que havia colocado os outros pacotes dentro da mochila, no intuito de garantir que o ladrão permanecesse preso.
Diante disso, o delegado acabou prendendo tanto o ladrão, quanto o gerente do estabelecimento. Em sua publicação no Facebook, ele diz: “não senti nenhum prazer em dar voz de prisão àquele homem. Mas gostaria de deixar bem claro uma coisa: eu não fiz concurso para Batman! Não é função do delegado de polícia ser ‘justiceiro’ e tentar solucionar o problema da criminalidade com as próprias mãos”.
A repercussão de sua publicação foi tão grande, que o delegado foi convidado a publicar um artigo sobre o assunto no site Empório do Direito – de grande repercussão no meio jurídico. “O meu texto foi um desabafo, com o intuito de explicar que a minha função é seguir a lei e, apesar de eu me sentir profundamente constrangido em prender o gerente do supermercado, a minha vontade de fazer a coisa certa acabou falando mais alto”, afirma Souza, que recebeu o apoio de diversos colegas e teve o texto compartilhado por mais de três mil pessoas na rede social.
Em entrevista ao Município Dia a Dia, Souza, que é responsável pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami), afirma que entende a posição do funcionário, já que casos de furtos são corriqueiros na região e, segundo ele, “é natural que ele tenha esse ímpeto de fazer justiça com as próprias mãos”. No entanto, o delegado acredita que essa “não é a melhor forma de acabar com esse tipo de crime”.
O resultado de tudo foi que, o ladrão foi preso por furto e encaminhado à Unidade Prisional Avançada (UPA) de Brusque, e o gerente do supermercado acabou pagando fiança equivalente ao valor de dois salários mínimos e vai responder por fraude processual, e se for condenado, pode pegar de três meses a dois anos de reclusão.