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Gesto de cidadania

Em menos de cinco meses, haverá eleições e todos os eleitores (as) estarão sendo convocados para um gesto de cidadania: votar, isto é, escolher alguém para uma função pública específica. Estaremos delegando poderes a alguém, para nos conduzir, administrativa e politicamente, por quatro anos. Significa que cada cidadão (ã) com seu voto está se responsabilizando, […]

Em menos de cinco meses, haverá eleições e todos os eleitores (as) estarão sendo convocados para um gesto de cidadania: votar, isto é, escolher alguém para uma função pública específica. Estaremos delegando poderes a alguém, para nos conduzir, administrativa e politicamente, por quatro anos. Significa que cada cidadão (ã) com seu voto está se responsabilizando, por quatro anos pelo destino de nosso país. Na verdade, não só por quatro anos, mas, por um rumo, às vezes sem prazo definido, do caminho da Nação. Como já ocorreu, recentemente, em nosso país, cujas consequências estamos sentindo fortemente até hoje.

Apesar dessa proximidade das eleições, não se observa muito interesse da maioria da população pelas eleições. Reina certa apatia eleitoral. Mais ainda, acentuada descrença no valor das eleições e do voto. Certamente, são muitas as possíveis causas dessa apatia e descrença. Penso que, ao menos duas, estão presentes: primeira, o próprio descrédito na política e nos políticos em geral; segunda, embora não se negue o valor do voto, todavia, não se crê que o voto possa realizar mudanças nos rumos da vida de um país.

A grande maioria dos eleitores dá impressão, parece-me, que vê o voto como instrumento incapaz de operar mudanças socioculturais. Provavelmente, é esse raciocínio que muitos manifestam ao se abster de votar, outros ao anular seu voto e outros ainda ao votar em branco. Todos eles não percebem que estão, na verdade, votando nos piores candidatos, porque esses normalmente têm seus votos já garantidos ou comprados a preço de ouro, muitas vezes, até com o nosso dinheiro pago com os impostos exorbitantes.

Nas últimas décadas, a demagogia e as distorções na administração pública, além da corrupção institucionalizada, praticadas pelo governo central disseminaram um mal estar geral e um descrédito na política e nos políticos. Foi fácil com esse ambiente reinante difundir a ideia de que todo sistema político nacional estaria podre, carcomido irremediavelmente. Pois, a corrupção se instalou em todos os poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, contaminando todos os recantos da administração do país. Tudo está irremediavelmente podre, estão aí, o mensalão, o petrolão e outros “ãos” que, certamente, existem, mas ainda não foram revelados.

Alguém pode retrucar que foi justamente pelo voto livre e democrático que se instalaram no poder os que causaram todo esse descrédito e desconfiança no poder do voto. É verdade, sim. Sem dúvida, é um risco. Todavia, todos os eleitores (as) tiveram a liberdade de se informar a respeito dos Partidos Políticos e dos candidatos que propunham para serem sufragados. Certamente, faltou o discernimento e os critérios para a escolha. Vai-se votar muito ainda pela emoção, pela simpatia ou antipatia, pelos favores recebidos, pela ideologia cega, pela retribuição de favores para si ou familiares, etc.

Para que o voto seja, de fato, um gesto de cidadania, não, apenas, ir votar e depositar seu voto na urna. Tem que ser livre, consciente e responsável. Para isso, há necessidade de um estudo sério do programa de governo que o Partido Político apresenta, da vida pregressa do Candidato que propõem, com os possíveis aliados, sua capacidade, habilidade e competências na administrar, na honestidade e eficiência, a “Coisa Pública”. São algumas ponderações a fazer, para a escolha, além de outras, sem dúvida.