No ano de 1978, morreram os papas Paulo VI e João Paulo I, a ditadura no Brasil perdia força com a extinção do AI-5, a seleção brasileira era eliminada da Copa do Mundo após a a Argentina ter goleado o Peru por 6 a 0 de maneira suspeita e, em Brusque, Gilberto Luiz Bodenmüller iniciava um estágio na Zen, que seria o começo de uma carreira de 40 anos na mesma empresa.
Era 16 de abril de 1978 quando Bodenmüller foi selecionado para fazer um estágio trabalhando com desenvolvimentos de produtos na Zen, após ter se formado como técnico mecânico na escola técnica em Florianópolis. Com a efetivação, o brusquense ficou encarregado de prestar suporte à fábrica da empresa.
Depois de um ano na função, ele voltou ao desenvolvimento de produtos, e atuou até o início dos anos 2000 dentro da engenharia da empresa. Passou ainda pelas funções de supervisor de desenvolvimento de produto, gerente de engenharia e analista.
“Eu não gostava muito de estudar, mas meus pais sempre fizeram questão. Aos 14 anos, fiz um curso de torneiro mecânico no Senai de Blumenau, e depois fui para a Escola Técnica Federal em Florianópolis. E no fim do estágio, não sabia se eu seria efetivado. Mas foram o seu Nelson e o seu Hilário [proprietários da empresa] que me contrataram. Até me emociono”, conta.
Apesar da longa carreira, faz pouco mais de três anos que o engenheiro e administrador está em seu cargo atual, na controladoria da Zen, analisando custos e projetos. “Ao longo de todo este período, eu nunca cheguei a ser operacional, mas sempre estive na engenharia. Hoje, na controladoria, ainda trabalho com produtos, com análise. Esta experiência foi fundamental para chegar até aqui”, explica.
Bodenmüller conta que a partir de um momento, a Zen cresceu muito no mercado, passando a fornecer para empresas que são referências, como a Bosch, e a produção precisou aumentar. Ao mesmo tempo, era necessário crescer com controle e responsabilidade, e a atenção com os custos passou a ser ainda mais importante. Assim, por ter experiência com a fábrica e por já ter tido uma visão ampla do funcionamento da empresa, ele acabou deixando a engenharia para assumir trabalhos de supervisão e análise geral.
“Nunca fui muito de respeitar os horários, sempre acabo ficando um pouco mais. Não tenho muito essa de vir trabalhar às 7h e sair ao meio-dia. Eu começo e vou fazendo, até quando puder ou quiser parar. Gostava do que fazia, gosto do que faço e é isso que me permite estar na Zen hoje, dando minha parte e tendo meu reconhecimento”, explica Bodenmüller, que completa 60 anos em 20 de setembro.
O veterano também explica que, nestas quase quatro décadas, é difícil se entediar na rotina. “Sou detalhista, e isto às vezes atrapalha nas entregas. São as mesmas atividades, mas não são repetitivas, vêm sempre evoluções, novos produtos, novos desafios. Claro que há uma rotina, coisas que se repetem, mas isso tem em qualquer lugar.”
Bodenmüller cresceu com a empresa, começando a trabalhar quando a Zen ainda tinha 18 anos. Participou da primeira exportação para a Europa, em 1986, viu as evoluções dos componentes e sistemas para veículos automotores produzidos, e também não parou com sua própria formação. Se graduou em administração em 1998 na Unifebe, e ainda fez pós-graduação em gestão estratégica de custos e MBA em gestão financeira.
Mesmo com tantos anos de trabalho na mesma empresa, Bodenmüller pretende continuar na ativa, e desistiu da aposentadoria. “Há algum tempo eu cheguei a pensar em parar com 60. Vou fazer 60 em setembro, mas não me sinto com 60, então acho que posso produzir muito mais. Penso em ir mais em frente, não tenho nenhuma pretensão de parar”, encerra.
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