Gincana Unijovem marcou uma geração em São João Batista
Competição envolvia todo o município para a realização de tarefas como caça ao tesouro e os tradicionais desfiles
Competição envolvia todo o município para a realização de tarefas como caça ao tesouro e os tradicionais desfiles
Nos anos 80 e 90, São João Batista montou uma rede social própria, antes mesmo do surgimento da tecnologia de celulares conectados à internet. Era por meio da gincana Unijovem (União da Juventude), que toda a população se reunia e interagia. Foi em 21 de agosto de 1985 que iniciou a gincana, promovida, inicialmente, pela Sociedade Esportiva 19 de Julho e Pastoral da Juventude Batistense.
Na primeira edição seis equipes participaram: Oásis, Liberdade, T.H.R.O., Cristal, Ginsat, Visual e Intrometidos, sendo este último o campeão. No ano seguinte não ocorreu a competição, mas de 13 a 15 de novembro de 1987, foi realizada a segunda Unijovem.
A partir da terceira edição, em 1988, a Sociedade Banda Musical de São João Batista assumiu o comando da gincana. O presidente da comissão daquele ano e do ano seguinte, Leôncio Paulo Cipryani, lembra das tarefas que passavam para as equipes participantes e que davam bastante trabalho.
“Precisavam descobrir o ano que nasceu Jesus Cristo, quem inaugurou o sino maior dos três que batem na torre da igreja matriz. Tinha também tarefas para trazerem a maior raiz de mandioca e uma equipe encontrou uma de quatro metros. A maior cana de açúcar teve 14,5 metros”, conta.
Em 1990 não foi realizada a gincana, retornando em 1991, tendo como presidente da comissão organizadora Nelson Zunino Neto. Neste ano, as equipes participantes eram: Comercial & Sortidos, República do Sul, Enigma e Unidos do Beco.
O bancário Edson César da Silva Ramos, 41 anos, o Edinho, integrou a equipe Enigma e lembra que elas eram formadas por 20 membros, que podiam ser pessoas de qualquer bairro. Cada equipe tinha um líder e um padrinho. “Era uma gincana que envolvia toda a cidade, porque tinham provas que mexiam desde a criança até o mais idoso”, lembra.
A competição trazia provas de diversas áreas, como culturais e esportivas. “Tinham as provas de conhecimento geral, culturais, de danças. Uma das provas que era a mais envolvente, era a caça ao tesouro. Lembro que a gente virava a madrugada em busca das pistas”, conta.
Além das tarefas programadas, Edinho ressalta que haviam as provas relâmpagos, onde o líder era chamado às pressas pela comissão organizadora.
Provas por pontuação
Cada tarefa passada pela organização possuía uma pontuação. As provas que tinham maior peso eram a caça ao tesouro, desfile das equipes e a escolha do Gatão e Gatona da gincana.
Para os desfiles, Edinho conta que a comissão passava o tema e as equipes desenvolviam as alegorias. “Era estilo desfile de escola de samba. A gente tinha pouco tempo, porque a gincana durava em torno de duas semanas. Mas toda a equipe se unia, a torcida acompanhava e ajudava a confeccionar todo o material”, comenta.
A escolha do Gatão e Gatona ocorria já no fim da gincana, durante o baile. Era a última e decisiva prova para as equipes.
O músico Humberto de Alencar Maurici, o Betão, de 55 anos, que também fez parte da equipe Enigma, lembra que o baile de encerramento da gincana Unijovem era com a sua banda Circuito Integrado. “Era o auge da gincana e era o momento que a Banda Musical também faturava, porque toda a cidade ia prestigiar”, diz.
Episódio da maionese
Um dos fatos mais marcantes na história da gincana Unijovem foi o episódio da maionese. Durante a comemoração da conquista do título, em 1996, a equipe organizou uma grande festa para os membros e equipes.
Para a festa, regada à muita bebida e comida, foi servida uma “deliciosa” maionese. O problema, é que o prato foi mal armazenado e teve salmonela.
“Todo mundo que comeu a maionese teve uma grande intoxicação alimentar e foi parar no hospital. Os hospitais de São João Batista e Nova Trento ficaram lotados. Era gente nos corredores, por todo lugar, porque faltaram quartos”, lembra Edinho. Na época, a equipe vencedora virou chacota entre os adversários.
Troféu triunfo
O advogado Nelson Zunino Neto destaca, em uma publicação em seu Facebook, que em 1991 foi instituído o Troféu Triunfo, que seria conquistado pela equipe que primeiro alcançasse três títulos na gincana Unijovem.
A obra de arte de dois metros de altura foi esculpida pelo artista Roberto Canto, e conquistada pela equipe Enigma, que foi campeã nos anos de 91, 94 e 96. O troféu até hoje está guardado na casa de Edinho.
Entre os anos de 1992 a 1996, as escolas estaduais de São João Batista passaram a realizar as gincanas internas com os alunos também. Algumas das equipes formadas nas escolas ingressaram também na Unijovem.
Porém, aos poucos a competição foi perdendo a força por falta de interesse e incentivo no município e deixou de ser realizada.
“Foram momentos muito bons e bem vividos. Unia toda a cidade, trazia desde o mais jovem ao mais velho por meio das provas de integração. Penso que poderia voltar a acontecer, só não sei como seria a aceitação da juventude atual”, avalia Betão.
Zunino Neto revela que para marcar os 35 anos do início da gincana Unijovem, estuda a possibilidade de realizar uma nova edição no município.