“Gosto de viver perigosamente”: árbitro conta histórias sobre organização de torneios em Botuverá
Ivo Jorge Popper começou a apitar há mais de 40 anos
Dedicação real ao esporte amador envolve abrir mão de outras atividades, principalmente familiares como o tradicional almoço de família no domingo, dia clássico dos jogos de várzea.
Maior ainda é o empenho de quem não joga, mas é responsável por organizar e apitar partidas de futebol amador. Influenciado por amigos, Ivo Jorge Popper, atualmente com 67 anos, começou nessa caminhada aos 25. Segundo o próprio, por gostar de viver perigosamente.
“Eu gostava disso, meus amigos me incentivavam. Nunca fui atleta, mas gostava de apitar. Quando saí da Buettner, abracei essa carreira. Eu fazia por gosto. Agora, aos 67 anos, as pernas não ajudam muito, mas torneios com jogos de 5, 10 minutos ainda dá para aguentar”.
Popper é de Brusque, mas conta que sempre teve amizade com pessoas envolvidas no futebol em Botuverá e em toda a região. Ele foi árbitro registrado pela Liga Desportiva Brusquense (LDB), apitou jogos do torneio Moleque Bom de Bola e também trabalhou em partidas profissionais como quarto árbitro e delegado. Além disso, até hoje, ele faz o trabalho de divulgação das notícias do futebol da cidade na imprensa.
Em Botuverá, ele fez muitas amizades. Popper foi presidente da LDB e participou da organização do torneio de futebol do Grêmio por cerca de 25 anos, e também do Areia Baixa em algumas oportunidades. Além disso, foi responsável por apitar várias partidas, incluindo muitas finais de torneios e ainda dos campeonatos municipais.
As reclamações dos atletas com Popper, em campo, eram normais, mas o clima era de mútuo respeito. Além disso, com a experiência que tinha, ele lidava bem com situações excepcionais.
“A gente tem que ser um pouco de psicólogo, mas apitar as finais lá em cima é uma delícia. Sem policiamento, mas o pessoal respeitava. As pessoas em toda a cidade me conhecem pelo bom trabalho. Sempre tivemos uma boa relação, a gente fez bastante amizade, eu ia visitar durante a semana, participava das festas e eventos da igreja também”, lembra.
Hoje, Popper não está mais ligado à LDB, mas a relação continua. Ao lado do amigo Ricardo Cunha, ele continua envolvido na organização de torneios de forma voluntária. Por causa da pandemia, vários torneios não puderam acontecer, mas a esperança é que eles voltem o mais breve possível.
Histórias da várzea
Durante todos esses anos de carreira, Popper tem várias histórias inusitadas e peculiares para contar do futebol de Botuverá. Ele lembra que, para cortar custos, uma alternativa foi realizar as partidas sem bandeirinhas e com dois árbitros. Neste caso, o impedimento, regra essencial para a dinâmica do esporte, é colocado para escanteio.
“Cada juiz ficava em uma metade do campo. O impedimento era só em lances de bola parada e ainda fazemos isso em alguns torneios atualmente. E deu tudo certo”.
Apesar do clima amigável na maioria das disputas, um problema dos torneios realizados pelos clubes teve que ser levado à Câmara de Vereadores para ser resolvido. Para evitar reclamações de favorecimento aos times mandantes no torneio e também problemas de organização, a solução foi instaurar uma partida especial.
“O time da casa participava dos torneios, e era um pouco chato, causava algumas brigas. O que a gente fez foi reunir todo mundo lá na câmara e fazer um acerto, na época o João Brogni era vereador e estava envolvido no esporte também. O que decidiram foi fazer uma “partida” de honra com os mandantes no sábado à tarde, no domingo não participavam, ficavam cuidando da bebida, churrasco, das bolas, garantia do árbitro, segurança. E continua isso até hoje”, conta.
Clima amistoso
O sentimento de Popper, assim como o de muitas pessoas quando falam sobre as pessoas envolvidas no esporte botuveraense, é de admiração. Ele destaca que o Grêmio, que é o time que teve mais contato, é um exemplo para ele, pelo envolvimento de todo o bairro com o clube, mas que, no geral, as pessoas são muito comprometidas e receptivas.
“As pessoas se envolvem bastante. Eu já passei o Dia das Mães lá, apitava e depois almoçava na sede do clube, na casa das pessoas. O trabalho era muito gratificante, tenho saudades do pessoal, já que não pudemos fazer esse ano. Mas, em breve, as coisas vão se organizar”.
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