Gratuidade da passagem em situações previstas em lei pesa no valor da tarifa de ônibus em Brusque
Crise financeira atinge o setor de transporte coletivo, que tenta sobreviver
Crise financeira atinge o setor de transporte coletivo, que tenta sobreviver
Anualmente, no primeiro trimestre, a tarifa do transporte coletivo de Brusque é reajustada. Hoje, ela está em R$ 3,40 no cartão e R$ 3,50 para quem paga em dinheiro. Para se chegar a este valor, o Consórcio Nosso Brusque leva em conta uma série de custos, dentre os quais a quantidade de pessoas que têm direito à gratuidade no transporte.
De acordo como o Nosso Brusque, que reúne as empresas Santa Terezinha e Santa Luzia, as quais fazem o transporte na cidade, atualmente existem 500 pessoas com a carteira de acesso grátis ao transporte coletivo. São portadores de necessidades especiais e outras casos previstos em lei.
Embora sirva como base para o consórcio fazer os cálculos, o número não retrata a realidade do setor em Brusque, admite o diretor Artur Klann. Os idosos têm direito à gratuidade nos ônibus e não precisam das carteiras.
“Não temos como obrigar [a ter carteirinha] porque a lei estipula que apresentando a carteirinha eles já têm direito à gratuidade. Existem muitos idosos que não têm carteirinha, mas, mesmo assim, entram de graça”, afirma o diretor.
Segundo Klann, a quantidade de passageiros que andam de graça não é medida com exatidão e não costumava pesar no orçamento da concessionária de transporte coletivo. Com a crise financeira no país, contudo, o cenário mudou. “Em tempos de crise, qualquer valor faz a diferença”.
“Esse usuário entra na planilha de custo da tarifa”, diz ele. “Mas não é a gente que estipula isso, ela é feita conforme um valor já estabelecido. Essa quantidade de pessoas isentas também entram nesse cálculo”, complementa.
A tarifa é reajustada com base numa planilha de custos que é entregue à Prefeitura de Brusque. Após avaliação, o poder público autoriza o aumento. Segundo Klann, o valor é fruto de um meio termo entre as partes.
Transporte em dificuldades
Em vários municípios do país, o transporte coletivo passa por uma crise desde antes mesmo da atual crise nacional político-econômica. Um caso emblemático na região é Blumenau, onde o Consórcio Siga teve o contrato encerrado e a Viação Piracicabana assumiu emergencialmente.
Em fevereiro, Hermes Klann, diretor do Nosso Brusque, disse ao Município Dia a Dia, em entrevista, que o setor passa por uma crise. Segundo ele, a causa é a política da tarifa praticada. Ele afirmou que é preciso revê-la e, no futuro, o poder público poderá ter de subsidiar a passagem, para ajudar no sistema.
Hermes também falou que a gratuidade de 50% dos estudantes, por exemplo, repercute no valor da tarifa cheia que é paga pelo trabalhador, bem como a isenção total do pagamento.