Ester da Roza Alves de Miranda, 42 anos, estava grávida de cinco meses quando recebeu a notícia de que o sobrinho, filho de seu irmão, havia nascido prematuro, com apenas 26 semanas, e lutava pela vida.
Carlos Eduardo pesava apenas 850 gramas, ficou internado na UTI durante dois meses e por várias vezes fora desenganado pelos médicos. A história de Ester e Cadu começou ainda no hospital, quando a mãe biológica do menino pediu para ela cuidar do sobrinho até conseguir colocar a vida nos eixos.
E assim Ester fez. Grávida e mãe de outras duas crianças pequenas, ela acompanhou toda a luta de Cadu pela vida. Quando o menino teve alta, ela e o marido o levaram para casa. “A mãe dele não estava podendo criar. Pensei, quando tiver perto do meu nascer, eu entrego ele pra ela. Mas ela não quis. Ela disse que se a gente não quisesse, ela mandaria ele para adoção”.
Ester e o marido decidiram, então, ficar com o sobrinho e criá-lo como filho. “Eu criei ele e o meu outro filho como gêmeos. Eles têm alguns meses de diferença só. Ninguém diz que o Cadu não é meu filho”.
A família morava no Paraná. Quando os meninos tinham um ano se mudaram para Brusque. Hoje, eles moram no bairro Guabiruba Sul, em Guabiruba.
Ester conta que no começo ela e o marido ficaram muito inseguros, pois tinham medo que a mãe biológica de Cadu quisesse ele de volta. “Tínhamos muito medo de ela voltar, bater na nossa porta e arrancar meu filho. Foi um tempo de muita insegurança”.
A família pediu a guarda do menino. Foram sete anos esperando até conseguir o documento definitivo na Justiça.
A mãe biológica de Cadu não fez mais contato com a família. Ester lembra que o filho sempre soube da história e tem profunda gratidão pelo gesto feito por ela e pelo marido.
Cadu, que hoje tem 16 anos, é bastante carinhoso e faz de tudo para agradar a mãe. “Ele faz por mim o que filho biológico meu não faz. É um amor que não tem como explicar. Não deixa passar nada, é um carinho muito grande”.
Os três filhos biológicos de Ester nunca viram diferença em Cadu. Para eles, o menino sempre foi o irmão. “Todos aceitaram bem. Minha filha mais velha tem muita paixão por ele. Quer ver ela brava, é falar alguma coisa do Cadu. Ninguém diz que não são irmãos. Não tenho o que reclamar, faria tudo de novo”.
A mãe do coração é só elogios para o filho que desde as primeiras horas de vida teve que superar muitos desafios. “Ele é o nosso orgulho. Já passou por muita coisa, várias vezes eu ouvi os médicos dizerem que ele não amanheceria vivo e ele está aqui. É o nosso presente. Eu penso que o destino já estava traçado e era ficar comigo”.
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