Greve impacta produção de alimentos e abastecimento de supermercados em todo o Brasil

Motivada pelo aumento do preço do óleo diesel, paralisação afeta desde o escoamento de produção até os vôos em aeroportos

Greve impacta produção de alimentos e abastecimento de supermercados em todo o Brasil

Motivada pelo aumento do preço do óleo diesel, paralisação afeta desde o escoamento de produção até os vôos em aeroportos

Pelo quarto dia consecutivo, caminhoneiros fazem paralisação em 25 estados e no Distrito Federal. A greve dos motoristas é a maior dos últimos 20 anos, e ocorre em protesto ao aumento do preço do óleo diesel, que subiu devido às novas políticas de precificação estabelecidas pela Petrobras, que entraram em vigor em julho do ano passado.

Veja o que sabemos sobre a greve dos caminhoneiros em Brusque e região

Em dezembro de 2017, a gasolina ultrapassou os R$ 4 em postos de combustível de todo o país, e vêm registrando altas consecutivas. Com a alta do dólar e do petróleo, os preços de combustíveis tiveram aumento de preço intensificado nos últimos dias, motivando a greve dos caminhoneiros.

Essa variação de preço é reflexo da Petrobras, que alterou as políticas de preço do petróleo em 2017, acompanhando as oscilações internacionais. Anteriormente, os valores dependiam de decisões governamentais. Agora, os valores praticados pelas refinarias são resultado da variação da moeda americana e da cotação do barril de petróleo.

Em Santa Catarina, pelo menos 76 pontos de rodovias do estado tinham manifestações. Em meio aos atos, não é apenas o setor de transportes que é afetado com a paralisação: os reflexos são sentidos na indústria e também no abastecimento de alimentos.

Operações suspensas
A produção de carne suína, bovina e de aves é um dos setores impactados pela greve. De acordo com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), mais de 70 frigoríficos suspenderam as atividades. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), cerca de 130 frigoríficos de carnes bovina, suína e de aves também interromperam a produção.

As associações estimam que, até sexta-feira, 25, esse número pode ultrapassar as 200 unidades, caso não haja normalização, representando paralisação de aproximadamente 90% da produção nacional de carnes.

A BRF anunciou na última quarta-feira, 23, a interrupção dos trabalhos devido à dificuldade de escoamento dos produtos, além da falta de recebimento de matéria prima e de animais para o abate. Na quarta-feira, 24, a empresa contabilizava 13 unidades paralisadas.

Além das carnes, outros alimentos também são atingidos pela greve, como o leite: no Paraná, foram descartados cerca de 6 mil litros pela dificuldade de escoar o produto. Produtores rurais também vêm descartando leite desde a última terça-feira, 22, pela mesma razão, e também pelo fato de ser um produto perecível que precisa ser consumido em um curto período de tempo.

Postos de gasolina enfrentam falta de combustível em todo o país | Foto: Agência Brasil

Desabastecimento
A dificuldade de escoamento dos produtos por parte dos fabricantes impacta no abastecimento dos supermercados. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) registrou, até a última quarta-feira, 23, casos de desabastecimento nos estados de Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Tocantins e São Paulo.

No Rio de Janeiro, supermercados já racionam itens. A segunda maior Central de Abastecimento (Ceasa) da América Latina, localizada na Zona Norte do município, aponta que 95% dos legumes estão em falta, e a Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa-RJ (Acegri) estima que, se não houves normalização no abastecimento, não haverá produtos para serem vendido na sexta-feira, 25.

O desabastecimento não fica apenas nos supermercados e atinge também os postos de gasolina. Muitos encontram-se sem combustível desde quarta-feira, 23. Na região Oeste de Santa Catarina, municípios como São Lourenço do Oeste e São Miguel do Oeste já registraram falta total. Postos de Blumenau, Tubarão, Criciúma e Florianópolis apontam desabastecimento parcial e ainda possuem longas filas.

Manifestações em Itajaí
Em apoio à greve dos caminhoneiros, pescadores do município de Itajaí também aderiram ao protesto. De acordo com o Sindicato dos Armadores e da Indústria da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), é necessária a pesca de, em média, três quilos de peixe para pagar um litro de diesel.

Na manhã desta quinta-feira, por volta das 9 horas, cerca de 70 embarcações entraram nos Molhes da Barra de Itajaí em ato pacífico. O Sindipi afirma que o fluxo de barcos na região não foi afetado.

Pescadores apoiam manifestações dos caminhoneiros em Itajaí | Foto: Reprodução

Aeroportos
Em razão da greve, aeroportos de todo o Brasil enfrentam falta de combustível para operar. Voos estão sendo cancelados e Infraero afirmou que diversos aeroportos teriam combustível “somente para quarta-feira”, 23, e outros, para no máximo até sexta-feira.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou em nota que, apesar da escassez de combustível nos aeroportos, todos os voos que estão em operação seguem abastecidos.

A Floripa Airport, que gerencia o aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, afirma que há querosene de aviação apenas para as operações dos próximos dias. As atividades seguem normalizadas nesta quinta-feira. Os aeroportos dos municípios de Chapecó, Lages e Jaguaruna estão com a situação normalizada.

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