Grupo se reúne há 12 anos em Guabiruba para assistir ao Super Bowl
Guaba Bowl surgiu de uma paixão de adolescentes fanáticos pelo esporte e virou tradição
Guaba Bowl surgiu de uma paixão de adolescentes fanáticos pelo esporte e virou tradição
A tarde deste domingo, 24, foi de festa e ansiedade para uma turma de 30 amigos, em Guabiruba. É que há 12 anos, o grupo se reúne para assistir às finais do Super Bowl da National Football League – campeonato de futebol americano. Neste ano, como a data cai no fim de semana de Carnaval, 7 de fevereiro, a reunião foi antecipada para a semifinal.
Intitulado Guaba Bowl, o grupo surgiu quando alguns ex-jogadores do time de Brusque decidiram se reunir na sala da casa de Júlio Schumacher, 27 anos, em Guabiruba, para assistir a uma final. Na época, participaram sete amigos que jogavam juntos e um admirador do esporte de Florianópolis, que foi convidado em um fórum nacional do esporte do Mirc – programa de conversação online.
Como não havia nenhum bar ou lanchonete que transmitia o campeonato, o grupo decidiu aprimorar a ideia e os encontros tornaram-se tradição. A cada ano o grupo ganha mais adeptos e reúne torcedores de diversas cidades da região, como Blumenau, Itajaí, Gaspar, Balneário Camboriú, Guabiruba e Brusque. A partir do segundo ano, a estrutura do local ficou melhor, com a locação de um telão para transmissão do jogo.
“A gente começa a festa logo no início da tarde e dura cerca de 12 horas. Faz o clássico churrasco com cerveja e piscina. Fizemos um campeonato de poker antes do jogo e depois paramos para assistir a semifinal”, diz Schumacher. Apesar de saber que existem mais admiradores do esporte na região, ele diz que limitam a quantidade de pessoas, pois faltaria espaço.
A partir do 5º ano, o grupo criou uma camiseta do Guaba Bowl, em que fazem a releitura do logotipo oficial do Super Bowl. Um dos criadores do grupo, André Petermann, o Buda, 29, lembra do mascote – a vaca, que surgiu quando os convidados que vinham de outras cidades brincavam ao chegar em Guabiruba e se depararem com as criações de gados. “Virou piada e aderimos como mascote, até mesmo pelo fato de representar a cidade”, diz.
Segundo Buda, a liga do Super Bowl tem 32 times e cada um dos participantes do Guaba Bowl torce para um clube diferente. “Cada um se respeita, não tem brigas, é mesmo um encontro saudável e diferente”.
Além de assistirem ao esporte que mais gostam, Buda e Schumacher afirmam que o encontro é uma maneira de manter as amizades fora do virtual. “Tem muitos aqui que só se veem uma vez ao ano, quando acontece esse encontro. E durante o ano a gente mantêm o contato pelas redes sociais”.
Liga Fantasy
Após alguns anos, o time de futebol americano de Brusque chegou ao fim, mas a paixão dos ex-jogadores permanecia a mesma. Por isso, 12 amigos criaram um time na Liga Fantasy, que é um estilo de jogo no qual se montam times fictícios formados por jogadores da vida real, como o brasileiro Cartola, de futebol de campo. O desempenho dos times é medido de acordo com a performance dos atletas previamente escolhidos.
“Essa é uma maneira da gente praticar o esporte de uma maneira diferente e um passatempo também”, explica Schumacher. Ele acredita que o futebol americano não tem futuro na região, pois é necessário muito empenho e um bom investimento. “A preparação para os jogos consome muito tempo. E com a correria diária, o emprego, acabamos deixando de lado”, diz.
Homenagem a Michel Paza
Neste ano, a festa do Guaba Bowl também foi marcada pela saudade e grande emoção, pela falta de Michel Paza. O participante do grupo morreu no dia 20 de janeiro do ano passado, dois dias após a final do Super Bowl, ao sofrer um acidente de trabalho.
Paza era um amante do esporte e além de jogar no time de Brusque, foi um dos dois brusquenses a fazer parte da primeira formação da Seleção Brasileira de Futebol Americano da história.
Em homenagem ao atleta, o grupo fez uma caricatura de Paza, que foi entregue ao irmão junto dos dois filhos dele. No logotipo deste ano, também foi incluído o #77, número da camisa do Brusque Admirals, utilizada em diversas disputas por Paza. “Ele era um grande amigo, estava sempre de bom humor e contagiava a todos com o carisma”, lembra Buda.