Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Guabiruba e a fé do seu povo: Cruzeiros e Oratórios – parte I

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Guabiruba e a fé do seu povo: Cruzeiros e Oratórios – parte I

Rosemari Glatz

A vida de um povo é permeada por aspectos religiosos, inclusive em nossas memórias. A religiosidade também está relacionada a cultura de um lugar, e permite que se faça uma leitura – ainda que superficial, da história de uma comunidade. Por isso, a coluna de hoje e da próxima semana são dedicadas aos cruzeiros e oratórios de Guabiruba, cidade colonizada por imigrantes de Baden, Alemanha, e identificados por sua forte relação com a religião católica.

Cruzes que marcam os caminhos da comunidade
As cruzes nos entroncamentos das estradas são resquícios de um velho costume europeu, trazido pelos imigrantes e perpetuado entre nós como herança de nossos antepassados. Cruzes estão entre as formas mais antigas de “ex-votos” – expressão que vem do latim e significa: presente dado pelo fiel ao seu santo de devoção em consagração, renovação ou agradecimento de uma promessa.

Na falta de outro local para reuniões religiosas, é em torno das cruzes – normalmente situadas em locais estratégicos-, que se procedem as rezas e, à proporção que a comunidade cresce, ela – a cruz – adquire novas características. Passa a ser maior, coberta, recebe um abrigo de alvenaria com telheiro e, aos poucos, se transforma em oratório. Em Guabiruba, os oratórios mais significativos para a comunidade são o Oratório Santa Cruz, o Oratório Santo Antônio, o Oratório São José, o Oratório São João e o Oratório que fica na bifurcação entre os bairros Aymoré e Pomerânia. Na coluna de hoje, abordaremos apenas os dois primeiros.

Oratório Santa Cruz –  Rua São Pedro (Peterstrasse)
Este oratório teve seu início com a chegada dos primeiros colonizadores. Distingue-se nesse oratório o primitivo crucifixo, que ainda existe, uma obra primorosa de algum santeiro popular desconhecido. Foi erguido estrategicamente no fim da estrada geral do bairro, inicialmente denominada pelos imigrantes como “Karlsdorf”, atual Rua São Pedro, no entroncamento de acesso para as localidades de Alsácia e Lorena.

Em 1927, foi construído um novo oratório, anexado à escola, extremamente pequeno, mas de bela arquitetura. Era ponto de parada para os seminaristas do Convento de Brusque quando faziam seus passeios anuais, que ali paravam para celebrar missa e descansar, para depois prosseguirem a caminhada até o morro do Spitzkopf. No final dos anos de 1960, o oratório antigo foi demolido e um novo foi construído, agora separado da escola. Esse oratório foi demolido em 2011 e no mesmo local depois foi construído o oratório atual.

Oratório Santo Antônio – Lageado Alto
É um exemplo típico de oratório onde se realizam pequenas romarias. O primeiro oratório foi construído pelos colonos Trentinos – muito católicos e devotos-, em cumprimento a uma promessa feita a Santo Antônio de Pádua. Eles haviam prometido que, se a peste que estava aniquilando o gado se extinguisse, iriam edificar um oratório em honra ao padroeiro invocado. A peste se extinguiu e assim surgiu o primeiro “capitelo”, de chão batido e coberto de folhas.

Com o passar dos anos, o oratório foi sendo substituído: em 1929, um de alvenaria substituiu o primeiro de madeira. Em 1978, a capelinha de 1929 foi derrubada e, em 1979 o terceiro oratório foi inaugurado e depois demolido em 2008, para dar lugar à nova obra. Em 13 de junho de 2008, há exatos 100 anos da inauguração do primeiro oratório, foi inaugurado o atual oratório, agora uma capelinha toda construída em granito cinza, que simboliza a transcendência na vida de todo mortal (Fonte: Pe. Eder Cláudio Celva. História da Igreja Católica em Guabiruba: Cinquentenário da Paróquia, 2013).

Acompanhe, na próxima semana, a parte II do artigo: Guabiruba e a fé do seu povo: Cruzeiros e Oratórios

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