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Guabiruba enfrenta crise histórica na produção de milho

Município, que tem cerca de 500 produtores, foi prejudicado pelas chuvas do ano passado

Em 63 anos de vida – boa parte deles dedicados à agricultura -, seu Arno José Kohler nunca havia presenciado cenário semelhante ao deste ano na produção de milho de Guabiruba. Presidente da Associação para o Desenvolvimento Rural do município (Aderg), ele prevê que, em 2016, os agricultores irão colher menos da metade dos oito mil sacos do ano passado.

A crise, classificada como uma das maiores da história de Guabiruba no segmento, deve-se às chuvas do ano passado. Segundo Kohler, o mal tempo prejudicou a plantação e o desenvolvimento do produto. Os agricultores sofreram, sobretudo, com um temporal que atingiu o município em 14 de dezembro.

“Naquele dia deu uma trovoada e o milho, que já estava fraco por causa das constantes chuvas, acabou ficando pior ainda. Deu muito vento e muitas plantações acabaram indo para o chão. Além disso, na época da plantação, muitos não conseguiram plantar também por causa das chuvas. Eles sabiam que não adiantaria muito porque não iria brotar”, afirma o presidente da Aderg.

O período de plantação do milho, explica Kohler, ocorre entre agosto e meados de outubro. A colheita, por outro lado, já está em fase final. Geralmente, segundo o presidente da Aderg, segue até o fim de abril, entretanto, devido à escassez da produção, o período será encerrado mais cedo neste ano.


4 mil

é a projeção máxima de sacos de milho que devem ser colhidos este ano, segundo a Aderg. Número representa metade do produzido no ano passado


Produto de fora da cidade e mais caro

Atualmente, Guabiruba tem cerca de 500 produtores. De acordo com o presidente da Aderg, o milho permanece no próprio município após a colheita. Kohler explica que a maioria dos guabirubenses utiliza o produto para alimentar os animais. Com a crise na produção, os consumidores estão adquirindo milho de fora da cidade.
“Aqui o preço aumentou por causa da escassez. Quando a safra é normal o preço é R$ 0,60 o quilo. Agora está R$ 1. A tendência é ir comprar fora da cidade e até da região, porque toda a região foi atingida pelas chuvas. O pessoal levou um prejuízo federal, tem gente que colheu 150 sacos ano passado e hoje colhe 35”.

Assim como Kohler, o secretário de Agricultura de Guabiruba, Moacir Jose Boos, também lamenta o cenário atual da produção no município. Ele lembra que o restante do estado também passa pela mesma situação.

“Ano passado foi um ano muito difícil por causa da chuva. Está faltando milho para alimentar os animais da região. E isso é em todo o estado. Será necessário importar para poder ter o produto”, diz.


Impacto em aves e suínos

O acréscimo no preço do milho foi o principal responsável pelo aumento do custo de produção de aves e porcos em Santa Catarina. A Embrapa de Concórdia, no Oeste do estado, diz que em janeiro o custo das aves cresceu 6,2% e dos suínos, 7,9%. Em um ano, o aumento é de 22,9% em frangos e 21,9% em porcos.