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Guabiruba registra surto de catapora

Município registrou 100 casos da doença nas duas últimas semanas

Febre, falta de apetite e manchas avermelhadas pelo corpo da pequena Julia, de 2 anos, chamaram a atenção do pai, Saulo Alexandre, 30 anos, há cerca de 20 dias. O mesmo ocorreu com sua filha mais velha, Rubia, de 5 anos, e não demorou muito para ele ver as manchas se transformarem em bolhas e feridas também no seu corpo.

Bastou uma consulta no posto de saúde para confirmar a suspeita: varicela, conhecida popularmente como catapora, uma doença que embora não seja grave, é altamente contagiosa, principalmente na primavera.

– Foi novidade quando eu peguei – afirma Alexandre, que reside no bairro Guabiruba Sul, sobre contrair a doença que afeta principalmente crianças.

Dos três, Rubia foi a única que precisou ser hospitalizada. O mesmo ocorreu com a filha da professora Maria Carolina Kormann Fischer, 32 anos.

– Minha filha de 4 anos pegou e não teve complicação, já a Eloisa, de 1 ano, tinha febre alta, mesmo sendo medicada. Levamos ela para o hospital e de imediato foi feito um exame de sangue, de urina e raio X. Ela teve uma infecção e precisou ficar isolada. Foi um susto – relata Luisa Petermann Westarb, professora da Escola de Educação Infantil de Guabiruba, onde aproximadamente 15 crianças foram contaminadas pelo vírus.

A situação das duas famílias reflete o surto ocorrido no município. Somente nas duas últimas semanas, 100 casos foram notificados na Vigilância Epidemiológica de Guabiruba, número muito além dos 16 casos registrados em todo ano de 2011.

– Dos 100 casos notificados, um foi mais grave, de uma criança de seis meses, pois evoluiu para varicela infectada – revela Patricia Serpa de Oliveira Pollheim, enfermeira e responsável pela Vigilância no município.

Segundo ela, 70 crianças entre 1 e 5 anos, que mantiveram contato com pessoas infectadas, foram vacinadas e novas doses serão aplicadas em três instituições de ensino: Escola de Educação infantil Tia Olinda, Escola Reunida Municipal Cesário Regis e Escola Municipal de Educação Básica Osvaldo Ludovico Fuckner, todas do bairro Lageado Baixo.

– Conseguimos a liberação da vacina com a 15ª Regional de Blumenau somente para essas escolas. Tem várias mães nos procurando, mas não temos a vacina disponível para todas as crianças, apenas para as estudantes dessas três instituições de ensino – reforça.
 

Em Brusque

A Vigilância Epidemiológica de Brusque recebeu 14 notificações neste mês e foram registrados seis surtos em escolas em 2012, porém, a coordenadora, Grasiela Costa, garante que os dados não refletem a realidade.

– Muitas pessoas são atendidas e não recebemos a notificação, o que é exigido pelo Estado. Por isso, acreditamos que o número seja muito maior – ressalta ela, destacando a importância da notificação para o controle da doença, inclusive com a aplicação gratuita de vacinas.

 
Febre e lesões são os principais sintomas

A pediatra Lisiane Severo explica que normalmente a catapora evolui bem, sendo importante o repouso para a criança, evitando que fique próxima de outras.

– Neste ano atendi casos de crianças com doenças no estágio mais grave, mais acentuada, quando ocorre a complicação da varicela, mas normalmente a catapora evolui bem – esclarece.
 
Segundo ela, creches e escolas estão entre o foco da contaminação e a doença é transmitida quando começam a aparecer as lesões na pele.

– O médico deve ser procurado quando a febre não é controlada e em casos de gestantes, onde a doença pode passar para o feto, e aumentar a gravidade – alerta.

Em adultos a catapora pode ser mais prejudicial, conforme o infectologista Ricardo Freitas.

– No adulto ela é mais grave, até porque o sistema imunológico está bem formado e a reação do organismo contra a doença deveria ser mais importante. Em crianças, eventualmente, pode resultar em lesões pequenas, quase imperceptíveis, e doenças febris. No idoso, a varicela é mais grave que no adulto – compara.

O especialista evidencia que a doença tem uma evolução de aproximadamente duas semanas e que não há um tratamento específico para cura. Remédios para combater a febre e a coceira estão entre os medicamentos normalmente receitados. Freitas lembra ainda que se a pessoa contraiu a catapora uma fez, fica imune e se tomou a vacina a doença até pode surgir, mas de maneira mais amena.
 

A catapora

O que é: uma doença viral que não é grave, mas que precisa de repouso, isolamento e cuidados para não coçar as bolhas que surgirem no corpo evitando assim complicações (infecções) provocadas pelas feridas

Transmissão: de pessoa para pessoa, pelo contato direto ou por secreções respiratórias (disseminação aérea de partículas virais) e, raramente, através de contato com lesões

Incubação: entre 14 e 16 dias, podendo variar entre 10 a 20 dias após o contato com a pessoa contaminada

Período de Transmissão: varia de um a dois dias antes da erupção das manchas na pele e até 5 dias após o surgimento delas

Cuidados básicos:
* Cortar sempre as unhas e deixá-las limpas;
* Evitar contato com pessoas que tenham baixa capacidade de defesa;
* Usar roupas leves, para evitar calor e aliviar as coceiras;
* Usar luvas na hora de dormir, se a coceira incomodar muito;
* Não arrancar as crostas que se formam quando as vesículas regridem;
* Manter-se em repouso enquanto tiver febre;
* Consumir alimentos leves e muito líquido;
* Banho na criança alivia a coceira
 
Imunização: A vacina deve fazer parte do calendário público infantil a partir do segundo semestre de 2013. Atualmente, ela é oferecida de graça em surtos e outras situações específicas.

Em Brusque a vacina é encontrada na Maternidade e Hospital Evangélico de Brusque – HEM, por R$ 125 e no Hospital Azambuja por R$ 120.

Por Suelen Cerbaro