Guabirubense, Fran Stédile volta a Brusque para ajudar a Abel Moda Vôlei no Catarinense

Ponteira tem vasta experiência no exterior e está "emprestada" por clube turco

Guabirubense, Fran Stédile volta a Brusque para ajudar a Abel Moda Vôlei no Catarinense

Ponteira tem vasta experiência no exterior e está "emprestada" por clube turco

Em um elenco repleto de jovens jogadoras, a Abel Moda Vôlei tem em Fran Stédile uma ponteira com rara experiência no Campeonato Catarinense. Aos 31 anos, a guabirubense acumula passagens por diversos times do Brasil e da Europa e retorna a Brusque, onde tudo começou, para um “empréstimo” de cerca de dois meses. Ela integra a equipe brusquense na primeira parte do estadual, e depois volta à Turquia para seguir defendendo o Karşıyaka.

Fran já entrou em quadra pela Abel Moda e faz, em Brusque, uma espécie de preparação de luxo para a pré-temporada na Turquia. A ideia é manter o ritmo e a forma, enquanto integra o elenco brusquense no Catarinense como em um “empréstimo”. No Karşıyaka, a ponteira disputa a segunda divisão turca.

“A temporada lá começa em outubro. A estrutura é muito boa. Nossos torcedores são muito ativos, não temos nenhum jogo com menos de 2 mil torcedores no ginásio, são bastante fanáticos”, comenta.

Ela classifica o acordo como benéfico tanto para ela quanto para as duas equipes envolvidas: “Eles sabem que a equipe aqui é boa, meu técnico sabe quem é o Maurício [Thomas, técnico da Abel Moda]. Para eles é bom, para eu me manter em forma. É questão de tomar cuidado com as lesões.”

Fran Stédile Abel Moda Vôlei
Fran na estreia da Abel Moda no Catarinense | Foto: Daniel Mafra/Abel Moda Vôlei

Início

A primeira equipe na qual Fran jogou o voleibol a sério, iniciando sua trajetória, foi o Bandeirante. Após passar por uma peneira, começou a atuar nas categorias de base do que passaria a ser a Brasil Telecom, equipe que disputou a Superliga feminina de 2007 a 2009, representando Brusque. Com uma bolsa de estudos no Colégio Cônsul Carlos Renaux, foi possível dividir a atenção entre os times do clube e da escola. Seu início no vôlei foi como oposta.

A mudança do projeto da base da Brasil Telecom para Blumenau fez com que Fran também se mudasse para a cidade. De lá, a guabirubense partiu rumo à Martin Luther/Avates, em Estrela (RS).

Depois de uma rápida passagem por Criciúma, Fran foi tentar a sorte em São Paulo, agendando testes. Passou por São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto, Piracicaba e Araraquara. A temporada 2013-14 foi sua primeira na Superliga, competindo pelo Maranhão.

 

Dificuldades

Sair da base para os times profissionais não foi fácil. “Eu não tenho ninguém no esporte na família, então não tinha essa retaguarda, essa instrução, a direção sobre como funcionava. Era muito difícil. Vinha de Santa Catarina, com um mercado não tão grande, e tinha que dar um jeito de chegar em São Paulo ou Minas. Não existia a mesma facilidade, o mesmo acesso com vídeos que se tem hoje. Hoje é muito mais fácil saber quem é quem, se comunicar, ligar. Saí de São Paulo para tentar peneiras, eu sabia que minha família estava se apertando financeiramente para eu poder ir.”

No Maranhão, com menos de 23 anos, Fran quase pôs um ponto final à sua carreira, e ficou dois anos sem entrar em quadra.

A guabirubense finalizou os estudos e, quando a melhor amiga, que jogava no Maranhão, acertou uma transferência para o Pinheiros-SP, a situação começou a mudar. Prestes a ficar sozinha no Nordeste, Fran decidiu que precisava voltar a jogar e foi acolhida pelo Valinhos-SP, onde iniciou sua transição de oposta para ponteira.

Fran Stédile Karsiyaka
O Karşıyaka é o clube atual da ponteira | Foto: Karşıyaka SK/Divulgação

Pelo mundo

No Valinhos, Fran conquistou o acesso à Superliga e voltou a disputar a elite do vôlei nacional. Depois teve a oportunidade de jogar em Santa Catarina, pelo Rio do Sul. Mas havia pagamentos atrasados, e surgiu sua primeira oportunidade internacional: no Bandung BJB Tandamata, na Indonésia. Foi lá que a ponteira encontrou mais estabilidade financeira e decidiu que tentaria seguir sua carreira no exterior.

Em 2017-18, defendendo o Oriveden Ponnistus, da Finlândia, Fran chegou às oitavas de final da Challenge Cup, competição europeia equivalente ao que seria a UEFA Conference League no futebol. A ponteira foi a quinta melhor passadora da primeira fase campeonato nacional e vivia grande momento. Mas, quando era a melhor pontuadora, teve uma grave lesão que a tirou de quase toda a fase de mata-mata.

A guabirubense também passou pelo AON Pannaxiakos, da Grécia, e voltou ao Brasil para disputar o Campeonato Paulista pelo Osasco. De 2019 até 2022, se estabeleceu no AEL Limassol, do Chipre, país insular no leste do Mediterrâneo, e conquistou diversos títulos nacionais.

“Em todos estes lugares, mesmo em ligas não tão fortes, estávamos sempre brigando por títulos, então existe essa pressão”, comenta, afirmando que as atletas estrangeiras são as que respondem mais pelos resultados e as que recebem as principais cobranças.

Desde 2022, Fran está no Karşıyaka, clube da cidade de Izmir, no extremo-oeste da Turquia. O terremoto de fevereiro, que atingiram o sul e o centro do país, não afetaram diretamente a vida da ponteira, porque Izmir fica distante do epicentro, a cerca de 1,2 mil quilômetros de Hatay, uma das províncias mais atingidas.

Foto: Karşıyaka SK/Divulgação

“Fiz uma rifa solidária para ajudar, junto com a Ana Beatriz Corrêa [central com passagens pela Seleção Brasileira]. Tivemos um terremoto de cinco graus pela manhã, mas não chegou a afetar a gente diretamente, mas indiretamente, sim, de várias formas. um mês sem competição oficial, luto de um mês no país. Foi um momento muito triste que a gente passou.”

A ideia é brigar pelo acesso à primeira divisão na temporada 2023-24. O Karşıyaka é o primeiro clube esportivo de Izmir, fundado em 1912, e também possui departamentos de futebol, basquete, tênis, esgrima e vela.

Fran saiu cedo de casa para buscar uma carreira no vôlei e já passou por diversos lugares do Brasil e do mundo. As férias são formadas por diversas opções, mas é quase impossível visitar todos os lugares que se gostaria. “Quando estou de férias, venho visitar. Meu pai ainda mora aqui, minha mãe mora em Taubaté, minha irmã mora em Barra Velha. (…) É uma escolha. Quando você sai de casa, você sabe que seu coração habita dois lugares. O meu coração habita metade do mundo já”, explica.


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