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Guarani 90 anos: conheça trajetória do clube que transformou o lazer e o esporte em Brusque

Fundação foi organizada por um grupo de jovens da época

Na manhã de domingo, 14 de outubro de 1934, há exatos 90 anos, foi oficializada a fundação do Clube Guarani, em Brusque.

Desde sua fundação, o Clube passou por diversas fases, reformas e expansões. Muito mais que um espaço de lazer e comemorações, tornou-se um marco na vida de gerações. Conhecido atualmente como Clube Esportivo Guarani, o local é um dos mais completos espaços de lazer do município. É formado por um quadro associativo de mais de 4 mil pessoas e composto por uma área de lazer de 68 mil m².

Comunidade antes do Clube

Segundo a obra “Guarani – 80 anos de sonhos e conquistas”, de Danilo Moritz e Jorge Bianchini, a comunidade começou após a chegada das famílias de colonos vindo da Alemanha.

“Na época a maioria dos homens trabalhava nas empresas têxteis ou em atividades artesanais como a de alfaiate, barbeiro, carpinteiro, ferreiro, marceneiro, pedreiro, sapateiro”, lembra Danilo.

A partir de 1934 até o final da década de 1940 a comunidade do Guarani era formada por famílias predominantemente da classe operária.

Foto da década de 40 tirada em frente ao bar de Oscar Petrusky | Acervo do livro

Na década de 40, aos domingos, os escritores dizem que havia o compromisso de ir à missa na Igreja Matriz São Luiz Gonzaga.

Para os casais, além das festas de família, o principal divertimento era a Festa de São Luiz Gonzaga e os bailes. Era o momento de exibir os melhores trajes, encontrar os amigos, muita dança e cantoria.

No dia 14 de outubro de 1934, um domingo, muitas famílias tinham a necessidade de levantar muito cedo para ordenhar as vacas de leite e dar trato aos animais que lhes davam grande parte do sustento, galinhas, patos e porcos.

“Depois de ir à missa na Matriz de São Luiz Gonzaga, a mãe voltava para casa para preparar o almoço de domingo. Já os homens iam ao bar para o bate papo costumeiro, regado a cerveja e muita cachaça”, diz Jorge.

A tarde, segundo os escritor, era sempre cheia de opções de divertimentos. Os torneios de futebol, de bocha começavam às 14 horas e se estendiam até as 20 horas.

“E foi numa tarde daquela que, depois de uma reunião realizada na residência de José Bittelbrun, um grupo de jovens do bairro se dirigiu ao bar de Oscar para comemorar a oficialização do Clube Guarani e para tomar cerveja. A fundação do Clube ocorreu exatamente desta maneira. Canecos de cerveja foram batidos e a decisão estava tomada”, complementa.

Primeira sede do Clube | Acervo do livro

Morador da Rua Ernesto Bianchini, no bairro Guarani, Jorge relembra que, décadas atrás, o terreno onde hoje está sua casa era o campo de futebol onde os times do Guarani começaram a jogar.

“O campo ficou aqui até por volta de 1952. Meus tios foram fundadores do clube, e meu pai sempre foi muito dedicado. Naquela época, o Guarani era praticamente só futebol e bocha”, diz o escritor.

Campo do Guarani em 1953 | Acervo do livro

Questionado sobre quando passou a fazer parte do clube, Jorge conta que, aos 8 anos, já se lembra de estar envolvido. Porém, durante a adolescência, passou quatro anos morando em Blumenau. Quando retornou, o clube já havia se mudado para sua atual sede.

“A mudança de local ocorreu entre 1952 e 1956. Nessa época, o Guarani já era tricampeão do futebol amador de Brusque. No entanto, só assumi um cargo na diretoria aos 16 anos, quando me tornei secretário”, recorda.

Equipes de futebol do Clube Esportivo Guarani, campeão regional de amadores, e do Clube Esportivo Paysandu, de Brusque, em 1964 | Valdir Appel

Jorge era responsável por datilografar as fichas, e a partir desse momento, se envolveu cada vez mais. Ao longo dos anos, ocupou os cargos de secretário, tesoureiro, presidente e, atualmente, integra o Conselho Deliberativo.

Ao ser questionado sobre a forte ligação do Guarani com o futebol, ele explica que o clube é um dos fundadores da Liga de Futebol Brusquense. “A liga era formada por Renaux, Paysandú, Guarani, Tiradentes, Tijucas e São João Batista. Era tudo amador, não profissional”.

Virada de chave

Atual presidente do clube, Osmar Boos frequenta o Guarani desde 1991. Desde então, nunca mais saiu da diretoria. Ao longo dos anos, ocupou praticamente todos os cargos na diretoria do Clube e também no Conselho Deliberativo.

Questionado sobre a grande virada de chave do Clube, o presidente destaca a importância dos anos 2000. Segundo ele, foi nesse período que os jovens do clube trouxeram novas ideias.

“Cada semana surgia algo novo. Também acompanhamos a evolução tecnológica, abandonando práticas como o uso excessivo de papel. Outro ponto crucial foi a doação das terras em 1989. Naquela época, uma família possuía um grande terreno que hoje pertence ao clube. Eles se ofereceram para vender, mas não tínhamos recursos”.

Clube visto de cima | Divulgação

O presidente relata que a diretoria decidiu conversar com Ciro Roza, até então empresário, que atuava no setor têxtil em Brusque e ainda não havia se candidatado a prefeito.

“Ele nos ajudou financeiramente a adquirir o terreno, que incluía um lago. Essa aquisição foi um enorme acréscimo para o clube, que sem ela não seria metade do que é hoje. Anos depois, quando tentamos devolver o valor a ele, mas Ciro simplesmente rasgou a promissória e disse que nada mais era devido. A partir daí, construímos muitas áreas com o trabalho voluntário dos membros”.

Osmar no museu do Clube | Otávio Timm/O Município

Já para Jorge, a transformação do Clube realmente começou em 1989, ano da inauguração do parque aquático. Segundo ele, também foi nesse ano que o Guarani conquistou pela última vez o torneio amador, antes do futebol ser encerrado no Clube.

“Mas não posso esquecer de Danilo Moritz. Foi ele quem apresentou um projeto revolucionário ao Conselho, percebendo que o clube não poderia se restringir apenas à cancha de bocha e ao campo de futebol”.

O ex-presidente acrescenta que outro passo importante foi a incorporação das quadras de tênis no clube. Com a organização de torneios, uma ‘nova turma’ de sócios surgiu.

Quadras de beach tennis | Divulgação

Presente e futuro

Quando questionado sobre as melhorias recentes do Clube, Osmar menciona o enrocamento do rio, que estava enfrentando problemas de erosão.

Além disso, foi construída uma quadra de basquete externa e instalados quiosques para o lazer dos associados, especialmente das crianças e seus dependentes. “Nosso espaço é muito bonito; temos floresta, lago, e isso é fundamental para nós, como diretores do clube”, ressalta o presidente.

A sauna do clube também foi recentemente reformada, e a piscina passou por manutenção, além de melhorias na área externa, com novos canteiros e flores. “Atualmente, o clube está bem estruturado. Temos projetos para ampliar a academia e continuar oferecendo mais conforto aos associados”.

Sobre a situação financeira, o presidente afirma que o clube é autossuficiente. Todas as cotas sociais estão vendidas, e atualmente há uma grande fila de espera para se tornar sócio do Guarani.

Área das piscinas do Clube | Divulgação

Quando questionado sobre o que pensa ao olhar para a longa trajetória do Clube, Jorge afirma que um dos segredos da longevidade foi que o Clube foi erguido por pessoas do bairro, famílias que compreendiam a importância de preservar o espaço.

“Hoje, os associados se sentem donos do clube. Acredito que a união é o principal fator. Isso aconteceu desde a fundação. Fiz parte do passado, há pessoas fazendo parte do presente e o futuro é das crianças”, conclui o escritor.

Jorge coleciona camisas do Guarani | Otávio Timm/O Município

Membros fundadores

Evaldo Petrusky – Presidente

Lourenço Bianchini – Vice Presidente

José Bittelbrun – 1º Secretário

Ambrósio Longuinos Fischer – 2º Secretário

Udo Petrusky – 1º Tesoureiro

Fernando Flores – 2º Tesoureiro


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Kai-Fáh: Luciano Hang foi dono de bar em Brusque, onde conheceu sua esposa: