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Há 10 anos na presidência do Brusque, Danilo Rezini fala sobre passado, presente e futuro

Dirigente esteve à frente do quadricolor em 11 dos 14 títulos já conquistados

Em 22 de abril de 2013, após eleição realizada na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), Danilo Rezini assumiu a presidência do Brusque para um segundo mandato, depois de um hiato de 16 meses. São 10 anos ininterruptos à frente do quadricolor, num período em que o clube conquistou sete títulos, chegou à Série B do Campeonato Brasileiro e quebrou diversos recordes. Antes, foi presidente de 2008 a 2011, período marcado por quatro títulos e pelas contratações de jogadores como Viola e Aloísio Chulapa. Seu atual mandato vai até dezembro de 2025.

A experiência de Rezini no futebol é muito anterior ao Brusque, exercendo a função de diretor de futebol do Paysandu, antes da fundação do quadricolor. A partir da fundação do Brusque, o dirigente passou a ser sócio-fundador e um torcedor do novo clube, às vezes com cargos menores, às vezes com funções não-oficiais, às vezes como um torcedor à disposição para se envolver na organização e no cotidiano. “Sempre comprando rifa, participando dos bingos, ajudando com uma coisa ou outra”, comenta.

Assumir a presidência do Brusque foi algo quase por acaso. O empresário era presidente da Câmara de Vereadores e já era vice-presidente do clube, que então era presidido por Inácio Schwartz. Em 2008, o Marreco foi rebaixado no Campeonato Catarinense, e havia dúvida sobre a sequência.

“Estávamos tendo uma festa na minha chácara, todo mundo, o pessoal dizendo “pega, pega”, para eu assumir a diretoria do clube. Eu disse ‘vamos ver, acho que vou’, e no outro dia começaram a me cobrar. Eu tinha dado a palavra, e já gostava também [deste tipo de trabalho], na verdade. Fui buscar um grupo de pessoas que até hoje são diretores. Graças a Deus, uns caras fieis aos nossos princípios e objetivos.”

A primeira luta começou no final de abril e, nas palavras do próprio Danilo Rezini, era algo “só para doido”. O clube havia acabado de ser rebaixado e estava cheio de dívidas que iam da Justiça do Trabalho às contas de água e luz, além de penhoras.

“Havia dificuldades. Fazer rifa, bingo, pegar carro para fazer bingo. Pegávamos cheque dos diretores. Por exemplo, cada diretor dava um cheque de R$ 5 mil, pré-datado. Comprava aqueles R$ 5 mil em bingo. Então, tinha que vender o bingo para ser ressarcido pelo cheque que deu. Cansamos de fazer isso. Não foi uma, nem duas, nem três vezes (…) Foi uma luta constante”, relembra.

O início do trabalho deu muito certo, com o Brusque voltando a conquistar títulos depois de 11 anos. Venceu a segunda divisão estadual, a Copa Santa Catarina e a Recopa Sul-Brasileira, competição que reunia campeões das copas estaduais dos três estados do Sul e de São Paulo.

“A coisa cresceu, comecei a visitar empresas, os empresários começaram a acreditar no projeto. Mas o grande incentivo e o grande alicerce foi a Havan. Todos são importantes, mas ela sempre dava a maior fatia. A Havan tem uma participação especial e fundamental. Fomos subindo, as coisas foram acontecendo, mas demoradas, iam devagar. Não como estes últimos quatro, cinco anos, que foram uma coisa meio louca.”

A Havan também foi a principal responsável pelas contratações dos atacantes Viola, em 2010, e Aloísio Chulapa, em 2011. Foram primeiros momentos do quadricolor com algum destaque nacional neste século.

O retorno ao clube, em 22 de abril de 2013 | Foto: Sidney Silva/Arquivo O Município

Hiato e retorno

No final de 2011, Rezini tomou a decisão de deixar a presidência. “Eu já estava meio cansado, descontente. Muita pressão da família. Na época tinha que cuidar mais da minha empresa. Achei que estava na hora de dar uma parada.”

O proprietário da Havan, Luciano Hang, tentou convencê-lo do contrário, mas a decisão estava tomada, e o empresário Mauricy de Souza assumiu a presidência do clube.

“Eu saí, ele tirou o patrocínio do cara, os outros também tiraram”. O Brusque disputou o Campeonato Catarinense de 2012 com orçamento e estrutura reduzidíssimos, e a equipe foi rebaixada no último lugar.

Danilo Rezini responde também às especulações da época, de que a debandada de patrocinadores quando Mauricy de Souza assumiu teria sido uma iniciativa sua. “Não vou tirar do meu tempo para ir nas empresas para tirar patrocínio. Eu quero mais é que o clube vá para frente. Aí também, acabou se enrolando, não tinha verba. O Cazão [Maurino Cazagrande] estava com ele, dos nossos, quem ficou foi o Cazão. O clube ficou sem dinheiro, começou a ficar com dívidas, o time caiu para a segunda divisão.”

Sem perspectivas, o então presidente optou por deixar o cargo à disposição. Luciano Hang voltou a fazer contato com Danilo Rezini, desta vez pedindo por um retorno. Outros antigos patrocinadores se manifestaram da mesma forma. As articulações começaram a ser feitas até que, em 22 de abril de 2013, Rezini foi eleito novamente presidente do Brusque.

O quadricolor estava novamente na segunda divisão estadual. Subiu, mas a diretoria sofreu um baque inesperado com um rebaixamento já em 2014. Foi necessária uma nova reconstrução para, desta vez, vencer a Série B do Catarinense de 2015 e, desde então, nunca mais voltar.

No Catarinense 2023, Brusque foi vice-campeão; foi a terceira final nas últimas quatro temporadas | Foto: Lucas Gabriel Cardoso/Brusque FC

Presente e futuro

Rezini ainda lamenta o rebaixamento do Brusque à Série C do Campeonato Brasileiro, mas exalta o atual momento do clube. “Estamos colhendo os resultados do que plantamos.”

Com três finais de Catarinense em quatro anos e o objetivo de voltar à Série B do Brasileiro, o presidente não poupa elogios ao departamento de futebol do clube na contratação de jogadores.

O diretor de futebol André Rezini, aliado ao vice-presidente, Carlos Beuting, são os principais responsáveis na aquisição de reforços. “Com pouco, estamos fazendo muito. Os dois juntos. Tem dado certo. Veja o time que montamos.” A folha salarial do elenco do Campeonato Catarinense é menor que a metade daquela com o elenco que terminou a Série B do Brasileiro em 2022.

“Queremos manter este time, tentar subir para a Série B, obviamente. Se tiver que fazer algumas contratações pontuais, vamos fazer. E uma prioridade, hoje, é o estádio. Vamos trabalhar para o estádio”, explica, citando a ausência de uma casa própria do Brusque como a principal tristeza em relação ao momento do quadricolor.

Para o presidente do Brusque, o ideal é que o estádio seja construído no Centro Esportivo do Sesi, na rodovia Antônio Heil. Contudo, o imóvel segue sem previsão para o leilão, que seria realizado em 2 de fevereiro de 2022, mas foi cancelado. Na época, Luciano Hang participaria da disputa para construir o estádio.

“Vamos começar a bater na porta dos empresários, fazer orçamento de um estádio com o mínimo possível”, comenta.

Presidente do Brusque há 10 anos ininterruptos, Rezini avalia que a longevidade no cargo não é apenas pelos resultados obtidos, mas pela ausência de sucessores.

“O Brusque sempre esteve aberto. Pessoas bacanas que querem entrar na diretoria, participar, vamos receber de braços abertos. Quanto à presidência, vai ter eleição do Brusque, sempre comunicamos no jornal, na rádio. Se quiser, faz uma chapa, mas não aparece ninguém. Aí dá impressão de que nós é que queremos ficar.”

“Juro por Deus. Amanhã, se nesse momento bom, vier alguém dizer ‘vamos assumir o Brusque, vamos tocar’, então vambora.”

Rezini não descarta, também, que o futuro do Brusque esteja em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF).

“Investidor que vem para botar dinheiro… Tem que se pensar, mas tem que botar dinheiro. Se no Brusque, vermos lá na frente que não conseguiremos mais tocar, vamos ter que partir para o SAF. Mas o seguinte: primeira garantia nossa seria um estádio. Construir um estádio, para 10 mil pessoas, é nossa garantia para passar o clube. O estádio estará lá, será propriedade, patrimônio do clube, mesmo que seja da SAF, mas um patrimônio do clube. É uma possibilidade de, no futuro, talvez, entrarmos numa SAF”, pondera.

“Já teve gente de São Paulo, dois de São Paulo, com escritórios no Brasil, representando investidores estrangeiros, já estiveram aqui, conversaram com a gente, mas não entramos de cabeça. Pedimos para nosso departamento jurídico, com o doutor Luiz Fernando [Luís Fernando Pamplona Novaes], para se aprofundar na questão da SAF.”


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