Há empregos no setor de tecnologia
Jorge Cenci, sócio da Senior Sistemas
Na década de 60, poucas pessoas no planeta sabiam o que era ou tinham visto um computador, mas em Blumenau, empresários de indústrias tradicionais de toda região do Vale do Itajaí se reuniram para montar uma empresa diferenciada, para prestar serviços de processamento de dados para suas organizações, utilizando um computador de grande porte, menos potente que um smartphone atual, e muito mais caro que milhares desses celulares.
Essa ideia inovadora era um dos embriões de uma nova indústria que é chamada atualmente de Novas Tecnologias da Informação, da Comunicação e das Relações (Ntrics). Desde então, esta indústria, principalmente de software, vem crescendo e os brasileiros tem se mostrado competentes para se manter ativos num meio tão competitivo e inovador. Santa Catarina passou a ser conhecida por sua competência tecnológica, com empresas importantes em diversas cidades do Estado.
Segundo dados da Brasscom e IDC, estima-se que no Brasil, entre 2018 e 2021, R$ 249,5 bilhões serão investidos em tecnologia. Os segmentos que mais vão ter crescimento na área são de serviços, inteligência artificial e internet. Juntas as empresas desses setores já empregam, só em Santa Catarina, cerca de 50 mil colaboradores e somam um faturamento estimado de R$ 12 bilhões, correspondendo a 5% do PIB.
Tantos investimentos no segmento de TI, com certeza, resultarão em mais empregos para os brasileiros. Ao mesmo tempo em que esta é uma ótima notícia, visto que o País já comporta 13,7 milhões de desempregados, segundo o IBGE, também preocupa os empresários. Um dos grandes gargalos, já na atualidade, é a falta de mão de obra qualificada. Quando se fala em mão de obra, não estamos falando apenas de novos profissionais, mas também dos existentes, que precisam ser constantemente reciclados para lidarem com as novas demandas.
O Brasil precisa de políticas públicas e claras para o segmento de tecnologia. Essa área já demonstrou que pode gerar milhares de empregos nos próximos anos e todos de qualidade e com salários médios muito bons se comparados com outros setores. Os países do primeiro mundo já estão criando condições propícias para o desenvolvimento de mão de obra qualificada para esse setor. E o Brasil?
A Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex), no Caderno Temático “Mercado de Trabalho e Formação de Mão de Obra em TI”, prevê um déficit de cerca de 400 mil profissionais em 2022. Por isso, esse é o momento de órgãos públicos, instituições de ensino e empresários do setor se unirem em prol de projeto com o objetivo de formar mão de obra qualificada.