Há mais de três décadas em Brusque, radiologista Antonio Carlos Beduschi construiu história de confiança com os pacientes
Aos 80 anos, médico não pensa em parar de atender enquanto tiver condições
Doutor Beduschi é o quinto médico de Brusque há mais tempo com o registro ativo no Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Apesar de ele ter se instalado em Brusque apenas na década de 1990, sua família tem uma ligação de longa data com a cidade.
Os avós dele vieram da região de Mantova, na Itália, e se instalaram na localidade de Barracão, no limite entre Brusque e Gaspar. Beduschi nasceu na cidade de Presidente Getúlio, no Vale do Itajaí, mas vários de seus parentes seguem morando na área onde seus antepassados europeus criaram raízes.
Familiares também inspiraram Beduschi a seguir na profissão. Ele conta que escolheu a medicina por conta de seu irmão e outras pessoas da família e que, depois, alguns dos mais novos acabaram seguindo o mesmo caminho.
“Eu já tinha um irmão mais velho que era médico e tinha os primos que também eram. Um é anestesita, o outro ginecologista… Infelizmente meu filho não quis seguir na profissão, mas a minha sobrinha, sim”.
Trajetória na medicina
Beduschi se formou em Medicina em 1971 e, inicialmente, sua ideia era ser cirurgião. Seu irmão e seu primo trabalhavam em Curitiba, cidade onde ele fez o seu Ensino Médio, na época o segundo grau, e ele voltou para a capital do Paraná para o estágio de cirurgia no Hospital Santa Cruz. A experiência, porém, acabou não dando certo.
“Não me dei bem lá com o pessoal, porque eles não queriam ensinar, só queriam que você trabalhasse. Tinha dois meses de residência, mas resolvi ir embora”, lembra.
Quando ele retornou para Santa Catarina, porém, não tinha muitas opções de residência e um amigo seu da cidade de Rio do Oeste, no Vale do Itajaí, precisava de um médico. Ele aceitou a proposta e se tornou o único profissional da pequena cidade, uma experiência marcante logo no início da carreira.
“Como era o único médico da cidade, não tinha tempo para nada. Toda hora estavam chamando. Eu não dormia, não comia direito, nada disso”, relata.
Depois dessa experiência, foi que Beduschi escolheu seguir na área de radiologia. Ele tinha amigos que trabalhavam com cirurgias no Hospital de Ipanema, do Rio de Janeiro, e foi realizar a sua residência na Cidade Maravilhosa.
“Depois, não saí mais dessa área. Na época que eu fiz a residência, só tinha raio X, não tinha tomografia, ressonância, não tinha ultrassom, não tinha nada disso. Tinha era uma radiografia pequena que eu fazia para admissão e admissão, e não tinha mais nada”, recorda.
Chegada a Brusque
Depois da residência, Beduschi foi trabalhar em Vacaria, cidade no Nordeste do Rio Grande do Sul. “Era pobre e precisava de dinheiro, lá tinha muito serviço”, conta.
Já no início da década de 1990, surgiu a oportunidade de trabalhar em Brusque com Antônio Carlos Sandrini, seu colega de faculdade. Juntos, eles abriram um consultório, que funcionou por um bom tempo.
Nesses 32 anos, ele só passou um curto período em Florianópolis, mas, apesar de gostar muito da capital, não se adaptou. Em Brusque, ele trabalhou no Hospital Evangélico, no Azambuja e em seus consultórios, primeiro em parceria com Sandrini em uma sala no Azambuja e, há uns bons anos, no Centro da cidade.
Evolução da medicina
Beduschi foi se especializando em densitometria óssea e ultrassonografia geral ao longo dos anos e realiza exames de abdmoniais, obstétricos, musculares, pélvicos… “A lista é longa. Tinha um tempo que até de olho a gente fazia”, conta, bem humorado.
Quando começou a trabalhar em Vacaria, Beduschi adquiriu um ultrassom, fez um estágio para aprender e foi se especializando em congressos e jornadas. Até hoje, ele segue se atualizando, mas agora através de eventos on-line, principalmente. Desde seu início na profissão, há mais de meio século, a tecnologia avançou muito e, para acompanhar, a atualização é constante.
“Os aparelhos iam melhorando e a gente ia trocando. Eu e o Sandrini sempre compramos o melhor que tinha, top de linha. Tinha um tempo que, quando a gente comprava aqui, já tinha um novo nos Estados Unidos. Agora já não é mais assim. O mesmo que está aqui está nos EUA e na Europa. A tecnologia está mais espalhada”.
Histórias na cidade
Mesmo aos 80 anos, Beduschi segue uma rotina de atendimentos intensa. Ele trabalha de segunda à quarta nos períodos da manhã e da tarde e não pensa em parar enquanto tiver saúde para tal.
Ao longo dos mais de 30 anos atendendo em Brusque, ele construiu uma relação de confiança com várias famílias não só brusquenses, mas de várias cidades da região.
“Eu estou fazendo ultrassom de mulheres grávidas que eu fiz na mãe quando estavam na barriga. Tem gente que está aqui há mais de 30 anos comigo”, destaca. “O que eu mais gosto na profissão é lidar e interagir com os pacientes, tentar entender os problemas para acalmar. Todos vêm com medo, mas logo depois a gente explica e consegue acalmar”.
Beduschi mora com a esposa há alguns metros de seu consultório e, assim como seus pacientes criaram uma ligação forte com ele, também ele fincou suas raízes em Brusque. “Desde quando vim para cá, em 1991, moro na mesma quadra. É uma cidade muito boa. Você tem todas as vantagens de uma cidade grande e não tem os problemas da cidade grande. Não troco Brusque por lugar nenhum”.
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